Capítulo 3

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> Contém gatilhos. (Violência explícita, abuso e menção a abuso sexual, pensamento suicida)

> Esse capítulo e o próximo serão de longe os mais pesados de ambas as fics, então tenham cuidado.

> Logo tudo será completamente resolvido, a felicidade está mais perto do que vocês esperam.

Boa leitura, moranguinhos!❣️🍓

◽️⚜️◽️

Ele olhou ao redor ao entrar no quarto, havia poeira cobrindo os móveis e os lençóis. Ele sequer se surpreendia, seus tios nunca limpavam o seu quarto. Ele tirou os tênis, o chão igualmente empoeirado o deixou agoniado, mas Harry o ignorou. Ele estava exausto, suas costas doíam e seus olhos pesavam. Havia sido um final de ano absurdo e tudo o que ele queria era deitar e dormir, se tivesse a sorte não haveriam pesadelos e então ele poderia fingir que tudo estava bem. Que ele não era quem ele era.

Harry estremeceu ao sentar na cama, cada músculo do seu corpo doía pelo esforço. Ele supôs que assistir uma de suas últimas figuras pseudo-paternas morrer e ser torturado e quase possuído não era a epítome de final de ano tranquilo. Não, aquele era um puta final de ano de merda. Harry deixou o corpo cair para trás sobre a cama empoeirada, nuvens de poeira subiram agitadas pelo seu corpo. Harry espirrou, acenando a mão e banindo toda a poeira que cobria o quarto. Ele se sentiu mais cansado ao final.

— Harry, querido, venha jantar!— a voz de seu tio soou no andar de baixo, exageradamente açucarada.

Seus tios estavam sendo bizarramente agradáveis desde que o haviam buscado na entrada da plataforma, nem mesmo Duda havia implicado. No fundo ele sabia o motivo daquilo e sabia que não havia como escapar do que aconteceria. Haviam sido dois anos perto do tranquilo, sem espancamentos e abusos. Haviam sido dois verões perto de suportáveis e agora Sirius estava morto e não havia nada que os impediam de voltar com toda a sua violência. Harry sabia que não seria poupado, nem naquele dia, nem no restante do verão.

Ele estremeceu quando Valter chamara outra vez, o açúcar não sendo o suficiente para esconder a impaciência. Harry levantou-se rapidamente, alisando as roupas amarrotas sobre seu corpo e saindo do quarto. Ele provavelmente não se lembraria de ter voltado no dia seguinte. Ele provavelmente não lembraria de muita coisa além de ser espancado e usado. Era difícil esquecer algo quando seu corpo estava coberto de marcas. Lembranças, Valter dizia. Lembranças de como ele foi um ótimo sobrinho.

— Ah, venha... Sente-se aqui.— Valter disse ao apontar para a cadeira ao seu lado, a voz açucarada puxando a bile por sua garganta. Harry engoliu em seco, assentindo.— Ficamos sabendo sobre a morte de seu padrinho, como era mesmo o nome da abe... Dele?

— Sirius.— Harry respondeu, cerrando os punhos sobre as coxas e mantendo os olhos fixos nos pratos após se sentar onde Valter havia instruído. Não importava o que fizesse, se tivesse sorte ele seria espancado a inconsciência antes de ser usado.

— Ah, sim... Sirius... Uma pena, mesmo...— disse Valter, sorrindo quando Petúnia colocara o pernil assado sobre o centro da mesa e sentara ao lado do marido.— Para você, é claro.— completo, o açúcar sumindo da voz. Harry tensionou os ombros, se é que fosse possível deixá-los mais tenso.

— Coma, Harry.— Petúnia ordenara quando ele não respondera. Ele assentiu, não fazia diferença alguma. Nunca fez.

Eles não disseram mais nada durante o jantar, mas Harry sentia vontade de vomitar tudo o que estava sendo obrigado a empurrar para o estômago a cada vez que sentia a mão nojenta de Vernon tocar em seu braço ou coxas. Ele tentou ignorar, ele fingiu que nada estava acontecendo porque Petúnia não sabia de nada e se Petúnia soubesse então ele perderia a única coisa que ainda era sua. Ele não queria abrir mão da sua morte. Ele não iria abrir mão da sua morte. Não para Vernon, não para Voldemort.

CONQUER MEOnde histórias criam vida. Descubra agora