Capítulo 4

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> Levei mais tempo do que eu havia planejado para conseguir escrever a primeira memória desse capítulo e você perceberão o motivo por conta própria. Escrever sobre esse assunto é algo que me desgasta muito, então levei dias para conseguir escrever esta memória.

> Gatilho (abuso sexual, pedofilia, violência)

> Exceto este capítulo, teremos apenas mais um que machucará.

> A segunda memória ocorre no capítulo 10 de Dominate Me pela visão do Tom.

> Conteúdo adulto.

Boa leitura, moranguinhos!🍓❣️

▫️⚜️▫️

Ele levou as mãos aos ouvidos, fechando os olhos e tentando ignorar os gritos de sua tia do lado de fora do armário debaixo da escada. Os gritos não eram para ele, ele sabia disso, mas isso não o confortava de modo algum. Em algum momento, alguma raiva seria extravasada e ele seria o escape. Ele sabia disso porque já havia estado ali outras vezes. Harry se encolheu quando seu tio erguera a voz, ele parecia estar muito perto do armário. Sua tia também gritava, jogando coisas no chão e provavelmente lançando-as em direção a Vernon. Harry teria que limpar a bagunça no dia seguinte, antes que Dudley voltasse da casa de seus amigos e visse o estrago que seus pais haviam feito.

Ele não tinha certeza de porque aquela discussão havia iniciado, ele apenas se lembrava de ser jogado no armário na noite anterior depois de ter queimados as panquecas do jantar. Ele não havia feito por querer, ele nunca havia feito panquecas e errou o ponto. Ele tentou explicar isso para sua tia, ele pediu por... Por alguma coisa, mas havia tempo que seus pedidos caíam em ouvidos surdos. O que ele esperava? Clemência? Aberrações não mereciam clemência. Nunca. Nem se ele pedisse por favor, nem se ele gritasse, chorasse ou vomitasse. Ele nunca chorava ou gritava de qualquer maneira. Sua tia o espancou, com a frigideira quente das panquecas, até que ele houvesse perdido a voz, até que vomitasse água de seu estômago vazio, até que tremesse e chorasse, sangrando.

Ele nunca recebia clemência. Nem se pedisse por favor.

Ele apertou mais as mãos sobre os ouvidos quando um estrondo de algo quebrando soara do lado de fora, seguindo pelos passos pesados de sua tia sobre os degraus da escada. A poeira caiu sobre ele a cada passo de sua tia, Harry espirrou, limpando os olhos com o antebraço. Ele estremeceu quando todo o seu corpo doeu com o movimento, os cortes em sua pele esticando e queimando, os ossos estalando e os músculos tremendo. Haviam queimaduras espalhadas por seu corpo onde a frigideira com óleo fervente o acertara, sua pele latejava. Harry se encolheu mais quando passos soaram no corredor, os sons se tornando mais altos conforme chegavam a porta de seu armário.

Ele limpou as lágrimas que escorreram de seus olhos, ele nunca deixava que o vissem chorar. Nem gritar. Ele sabia que eles tentavam, eles gostariam que ele gritasse ou chorasse. No início, quando ainda era novo demais para perceber, Harry chorava, Harry gritava, Harry pedia por favor, ele implorava. Harry acreditava que se fosse bom o suficiente, eles parariam. Se pedisse por favor vezes o suficiente, eles parariam. Ele desistiu de pedir e acreditar em qualquer coisa depois de alguns anos e agora, aos nove anos, ele desprezava a palavra por favor. Ela era inútil. Talvez ele fosse jovem demais para isso, para desprezar algo, mas ele a desprezava. Desprezava por favor tanto quanto desprezava seus tios.

Ele levou as mãos aos lábios, impedindo que seu corpo o traísse e chamasse a atenção de Vernon. Ao menos antes do inevitável. Harry sabia que Vernon começaria a quebrar as coisa e quando estivesse satisfeito com o ambiente caótico que havia criado, ele precisaria de outro escape. Ele estremeceu, lágrimas escorrendo de seus olhos ao ouvir as porcelanas quebrarem ao serem lançadas contra as paredes, os móveis serem derrubados e golpes serem deferido em qualquer superfície que Vernon pudesse bater. Os sons ofensivos estavam chegando mais perto de seu armário, ofensas gritadas acompanhavam o caos que o perseguia até que tudo parou. Sem gritos, sem destruição. Apenas o som de sua respiração desregular e o pulsar em pânico de seu coração acelerado em seus ouvidos.

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