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Esses dias não estão sendo fáceis para mim, sempre que fecho meus olhos eu revivo aquele dia, sinto as mãos de Orochi em mim, então eu vou para um canto e choro, tanto que chego não tenho forças para ficar em pé

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Esses dias não estão sendo fáceis para mim, sempre que fecho meus olhos eu revivo aquele dia, sinto as mãos de Orochi em mim, então eu vou para um canto e choro, tanto que chego não tenho forças para ficar em pé.

Estou tentando me manter forte para Diego, Xamã, pela minha mãe, que me liga trezentas vezes por dia, estou tentando ser forte, mas tem momentos que não consigo, me sinto tão imponente, incapacitada de viver minha vida.

-- querida eu recomendo ir a um terapeuta-- Dona Rosa vem até mim.

Estava mais uma vez chorando no banheiro.

-- mas eu terei que conta de Xamã-- ela me abraça.

-- eu sei, mas você não está bem e também é só você usar o verdadeiro nome dele, quase ninguém sabe o nome dele de verdade mesmo-- ela da de ombros -- você precisa se cuidar minha menina.

Dona Rosa vem cuidando de mim desde que sai do hospital, vem me ajudando a lutar contra essas crises, esconde de Xamã muitas vezes para me proteger, mas eu preciso contar para ele, o mesmo sempre pergunta como estou, ele ainda se sente culpado e eu acho que seria bom para gente eu me abrir mais.

Coloco um short jeans e uma camisa de time de Xamã e vou para a cozinha, hoje eu irei conversa com ele, conta como estou me sentindo e que vou seguir o concelho de sua avó e fazer terapia.

-- mamãe -- Diego sai da cadeia que estava sentando e vem me abraçar.

-- bom dia meu amor -- beijo o topo de sua cabeça.

-- como a senhora está?-- mesmo sem saber a verdade, Diego percebe que não estou tão feliz como antes, mas eu vou mudar por você meu pequeno.

-- estou muito melhor agora com seu abraço-- ele sorri contente -- Dona Rosa o Xamã já foi para a boca?

-- já foi sim querida -- ela coloca um pedaço de bolo de chocolate para mim.

Depois do café da manhã e de ter deixado Diego na escola, que tem uma substituta, já que estou de atestado médico, eu desço para a boca. Xamã odeia quando venho aqui, ele diz que os caras ficam " babando " em mim e que ele não gosta, eu bem que poderia esperar para falar com ele em casa, mas preciso sair daquele quarto.

-- bom dia gente -- digo assim que entro.

-- bom dia patroa -- eles respondem juntos.

-- o Xamã está na sala dele -- Filipe aparece do nada ao meu lado.

-- vai assustar o cão-- coloco a mão no peito.

-- é pra testar seu coração-- mostro o dedo do meio para ele.

Vou até a sala de Xamã, mas para quando escuto uma gritaria.

-- se você pensar que vou abandonar sua filha só porquê você veio aqui com esse papo de pai, você está enganado-- a voz de Xamã sai agressiva, ele esta com muita raiva.

-- eu sei que não, minha filha não te largaria, mas-- é a voz do meu pai? -- quero que ela nunca saiba quem eu sou de verdade, já foi muito complicado quando Caio descobriu, não quero ver o olhar de decepção dela.

Eu não estou entendendo nada desta conversa.

-- deveria pensar nisso antes-- pensado no que?

-- quem é você para me julgar?-- a voz do meu pai sai ríspida -- um traficantezinho de merda.

Aí meu Deus, eu não contei essa parte para o meu pai, não contei que meu namorado é um traficante, minha mãe já tinha percebido lá no hospital, mas ela não faz muitas perguntas.

-- você me respeitei, sou o dono dessa porra, eu que mando aqui -- a voz alta de Xamã me assusta.

-- e eu sou seu fornecedor de armas, fazer qualquer coisa comigo acabaria com você Xamã.

-- QUE PORRA É ESSA?-- eu entro gritando.

Meu pai é fornecedor de armas? Não, não, ele é dono de um pet shop, crescemos com o dinheiro do pet shop, não de venda de armas.

Não, não, isso não é real.

-- filha?-- meu pai me olha assustado.

-- me diz que isso não é verdade, me diz que você só é dono de um pet shop, que isso que você falou foi só da boca para fora, por favor pai -- eu já estava chorando.

-- filha....Eu sou dono do pet shop...-- Xamã interrompe meu pai.

-- pare de engana-la, fale a verdade, ela merece saber-- Xamã diz com raiva.

-- pai ?-- minhas esperanças sai embora quando meu pai abaixa a cabeça.

Não pode ser, ele é meu herói, ele é o cara que sustentou uma família desce cedo com um emprego que não ganhava muito, mas era honesto.

Esse homem que esta na minha frente não era meu pai, ele é um desconhecido.

-- você já sabia ?-- minha voz sai fraca.

-- eu descobri no hospital -- a voz de Xamã sai baixa, sei que ele está falando a verdade, ele ficou assustado quando soube que Caio era meu irmão e não teria como ele saber que o fornecedor se armas é " meu pai" -- eu queria que ele te contasse, mas você ainda está frágil com tudo que aconteceu, não queria de fazer sofre com mais essa.

Vou até ele e me protego em seus braços, não sou uma mulher fraca, ou algo assim, sou forte, corro atrás do que quero, mas também sei assumi quando preciso de ajuda, ou quando eu estou abalada e Xamã está certo, essa notícia só está piorando ainda mais o meu estado emocional.

-- filha...-- meu pai tenta falar algo.

-- não, vá embora, eu não quero te ver por agora-- falo ainda com minha cabeça enterrada no peito de Xamã.

-- mas meu amor...-- ele tenta me tocar.

-- sai logo daqui, depois vocês conversam -- não vejo o rosto do meu pai, mas sei que ele sai da sala quando a porta e fechada -- meu amor.

-- cuida de mim? Eu não sei se vou aguentar mais essa -- choro e choro mais.

-- eu vou está aqui sempre, vou cuidar de você e quando você não tiver forças eu terei por nós dois -- Xamã levanta meu rosto com o auxílio de seu dedo -- eu te amo.

Ele me beija e só naquele momento eu me sinto eu novamente, me sinto viva.

Dono do Morro XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora