A mulher da ponte //2
- Claro. – disse Alice levantando-se com dificuldade e seguiu até a porta pulando em um pé só.
- Está escuro aí dentro. Como eu vou enxergar alguma coisa? Cadê o vaso? - perguntou Júlia não vendo nada dentro do pequeno cómodo.
- Não tem vaso, apenas um buraco no chão com certeza dá direto a uma fossa. - informou Pedro.
- O quê? Mas nem morta eu entro aí. - disse Júlia, afastando-se da porta.
- Pode entrar. Não há perigo algum. Bom, não sei o estado que se encontra as madeiras do assoalho, mas pode fazer em qualquer lugar mesmo. Não vamos ficar aqui por muito tempo. - disse Bruno ansioso para contar sua história.
- Hum! Não vou não. - disse Júlia.
Ao colocar o primeiro pé dentro do banheiro as tabuas do chão começaram a estalar. Parecia que estavam se partindo.
- Ah! Mas não entro aí mesmo! – decidiu Júlia recuando.
- Faz em qualquer canto aí mesmo. - disse Pedro apontando os cantos da cabana. - Prometemos que não vamos olhar.
- Nem pensar. Não estou louca. Vou ter que ir lá fora. - disse Júlia olhando para Alice.
- Você está brincando, não é? – perguntou Alice ficando séria. - Tem um lobo lá fora. Não dá pra segurar?
- É sério. Não vou aguentar muito tempo.
- E presumo que você queira que eu vá junto. - perguntou Alice não querendo ouvir a resposta da amiga.
- Por favor. – implorou Júlia.
- Podem ir. Aproveita que a chuva deu uma parada novamente. – disse Pedro prestando a atenção nos sons lá fora. - Se precisar eu fico na porta observando.
- Observando O quê? – perguntou Júlia rapidamente.
- Se tem algum perigo é claro. – informou Pedro.
- Ah bom! Então está bem. – concordou Júlia. - Pode ficar amiga. –disse à Alice vendo sua dificuldade em caminhar. - A menos que você queira ir?
- Não. Não. Muito obrigada.
- Pode deixar que eu vou com ela. - ofereceu Bruno. - Fique com a Alice.
Bruno pegou um pedaço de madeira, o maior que encontrou, e colocou na lareira para pegar fogo na ponta. Quando viu que estava bem aceso entregou a Júlia. Pedro abriu a porta e ficou com a vigota na mão. Junto com Bruno, olhou para fora e não viram e nem ouviram nada, exceto o barulho da água da chuva que ficara acumulada nas folhas e agora caiam. Estava um silêncio sepulcral na floresta.
- Alice. Você não quer mesmo ir? - insistiu Pedro, olhando para dentro.
-Não. Não. Estou bem. - disse Alice já sentada em frente a lareira novamente.
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Contos da meia-noite
HorrorLivro: Contos da Meia-noite - Samuel Marcos Miranda (Capa: @raveclws) Pedro, Alice, Julia e Bruno, decidem ir para uma festa em plena sexta-feira 13 durante a quaresma. Alice, que é super supersticiosa, já tinha notado que não era uma boa ideia, mas...