O chupa-cabras //2
Alice assentiu e deu sinal para Bruno prosseguir.
- Como eu ia dizendo:
"Era uma criatura horripilante. Jamais o fazendeiro vira algo semelhante. A criatura tinha o corpo arqueado coberto pelo que parecia um couro sem pelo cheio de marca e cicatrizes. Ele andava sobre a patas traseiras, mas às vezes apoiava suas mãos no chão ao caminhar. Possuía grandes olhos vermelhos. Focinho que lembrava o de um lobo. Algo estranho saía de suas costas, pareciam espinhos grandes e pontiagudos. Foi tudo o dera para o fazendeiro ver antes de se esconder novamente atrás dos tambores.
Com as mãos trêmulas e sem perder tempo, ele preparou a arma, levantou-se, apontou e atirou. Mas errou a criatura e acertou uma de suas cabras. A criatura parou repentinamente a perseguição e começou a olhar em volta procurando no ar um cheiro diferente. O fazendeiro se abaixou rapidamente. Seu corpo tremia dos pés à cabeça.
Apavorado ele tentou carregar a arma novamente, mas as balas que trazia no bolso caíram de suas mãos trêmulas em meio à lama. Com uma espiada ele viu a criatura pulando a cerca do curral e começando a caminhar em sua direção.
Desesperado ele conseguiu encontrar uma bala e com muito custo colocou na arma. Vendo que não teria muito tempo, o fazendeiro em um ato de desespero levantou e saiu correndo. Com a chuva agora batendo em seus olhos, ele perdeu a direção e ao em vez de correr para casa, correu em direção ao celeiro.Ele entrou e quando se deu conta de que estava no celeiro, fechou as portas rapidamente e as travou com uma vigota de madeira. Escondeu-se atrás de uma pilha de feno e torceu para que a criatura não encontrasse a abertura próximo ao telhado e entrar no celeiro.
A criatura era esperta. O fazendeiro não soube como, mas logo escutou um barulho no telhado e em seguida o som que pereciam passos e as garras raspando na madeira. Ela acabou entrando e pulou para dentro do celeiro a poucos metros de onde o fazendeiro estava. Tentou encontrá-lo sentindo o cheiro no ar.
Ao bater a mão no bolso, o fazendeiro percebeu que além da que estava na arma ainda lhe restava uma bala. Ele tinha que tentar alguma coisa ou morreria ali. Levantou-se vagarosamente, apontou a arma e atirou. Não foi um tiro fatal, mas ele acertou a criatura que soltou um barulho estridente e correu para o fundo do celeiro.
O fazendeiro aproveitou oportunidade enquanto a criatura estava atordoada e correu para escapar dali. Tirou a vigota da porta jogando-a de lado e correu o mais rápido que pode entrando no milharal.
Na tentativa de despistar a criatura que provavelmente estaria perseguindo-o, começou a correr em ziguezague por entre os pés de milho. Durante a correria, ele conseguiu colocar a última bala na arma. Man enquanto ele corria sem rumo, acabou trombando com um dos espantalhos que tinha no meio da plantação e caiu no chão em meio à lama. Ao se levantar atordoado, percebeu que havia perdido a arma. Em seguida, ouvia o milharal se quebrando bem próximo. Ele se abaixou tateando o chão a procura de sua arma, mas não a encontrou. Estava escuro e ele não conseguia distinguir de onde vinha o som. O barulho parou e de repente a criatura saltou em cima do fazendeiro que não teve tempo para qualquer reação.
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Contos da meia-noite
HorrorLivro: Contos da Meia-noite - Samuel Marcos Miranda (Capa: @raveclws) Pedro, Alice, Julia e Bruno, decidem ir para uma festa em plena sexta-feira 13 durante a quaresma. Alice, que é super supersticiosa, já tinha notado que não era uma boa ideia, mas...