Prólogo - Guerra

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A guerra já durava anos.

Ela já existia desde que os pais de seus pais eram crianças, talvez mais tempo até.

Ninguém aguentava mais, ninguém mais tinha forças para suportar aquela situação, mulheres não queriam ver seus filhos morrendo na guerra e maldiziam seus maridos por não fazerem nada para mudar aquilo, homens estavam cada dia mais cansados e traumatizados por lutar dia a pós dia sem descanso, crianças tinham suas infâncias roubadas pela guerra e luto e raiva.

E mesmo assim, os líderes não tentavam entrar em acordo com o lado rival.

Como isso começou? Com quem começou? Ninguém sabe, mas isso não importa, em uma guerra tão longa como essa, não existe lado certo ou errado, apenas o que ganha e o que perde.

Era isso que Izuna pensava, o garoto observava enquanto seu irmão mais velho chorava.

Madara era tudo para Izuna, tudo o que ele mais amava e Izuna sentia raiva por não poder fazer nada pelo irmão.

Izuna foi até Madara e o trouxe para a janela, cantando uma música de ninar enquanto ambos observavam a chuva cair.

Mais uma vez, Madara estava machucado.

Izuna odiava o fato de que, quanto mais forte Madara ficava, mais o pai lhe cobrava treinamento, e quanto mais ele treinava, mais se machucava.

Madara não era uma pessoa de se abalar fácil, e Izuna sabia que para ele estar chorando, o pai havia tocado na ferida.

Aos poucos, os soluços de Madara foram parando e Izuna o virou para si.

— O que aconteceu? – perguntou ele.

Madara fungou e seus olhos voltaram a marejar.

— O papai tem treinado meu sharingan, e eu juro que tenho me esforçado Izuna, juro mesmo, mas ele disse que do jeito que eu estou indo, você e a mamãe vão morrer por minha causa.

Izuna sentiu seu próprio sangue ferver.

Abraçou Madara com força e o irmão o retribuiu.

Outra coisa que deixava Izuna irado: o pai.

O homem era tudo de ruim que existia na terra, Izuna queria muito que o pai simplesmente morresse, Madara assumiria a liderança do clã e faria uma aliança com os Senju tão rápido que a guerra acabaria antes mesmo que eles percebessem.

— Madara, isso é só o idiota que lidera os exércitos falando, ele só quer mais um soldado. E você meu irmão, é muito forte, ele sabe disso. Não ouça o que ele diz, mas aproveite as palavras para alimentar sua força.

Madara nunca tinha visto o irmão falar daquele jeito, o garoto de apenas cinco anos parecia ter muito mais idade que o próprio pai.

Izuna soltou Madara e saiu correndo.

Madara o alcançou e o segurou, ele sabia o que Izuna iria fazer e o que o pai faria com o irmão se deixasse.

— Não faz isso Izu, ele tá muito irritado.

— Isso não é desculpa para descontar em você! – gritou o mais novo.

— Que barulho todo é esse? – perguntou o homem chegando repentinamente.

Madara não conseguiu impedir o irmão antes que Izuna apontasse para o pai e dissesse: — Você vai acabar com a nossa família assim! Vai acabar com o nosso Clã!

Tajima ainda tinha sangue escorrendo da roupa, mas Izuna parecia não se importar com isso, olhava para o homem com a raiva ascendendo uma chama intensa dentro de si.

Tajima agiu com rapidez, acertando um tapa no rosto do filho mais novo.

Madara arregalou os olhos com medo, ele já sabia quanto pesava a mão do pai.

Izuna havia caído no chão com a força do golpe e Madara foi ajudar o irmão.

Izuna virou o olhar para o pai, e surpreendeu a todos quando olhou para o pai com a raiva deixando seus sharingan ameaçadores.

O velho deu um passo para trás, primeiro assombrado, depois sorriu, e o riso se tornou uma gargalhada.

— Temos dois prodígios em casa! – gritou ele feliz, fazendo seus filhos de sete e cinco anos ficarem totalmente surpresos.

Izuna logo ficou com nojo, e Madara apenas o levou de volta para o quarto.

Naquela noite eles não conseguiram dormir, primeiro ouviram os pais conversando e sua mãe implorando para que não tornasse Izuna um soldado.

Mas não adiantou, afinal, o processo tinha sido feito quando Madara teve seu despertar e também não havia dado certo.

Depois eles escutaram o pai a mandando calar a boca e mandando ela se deitar com ele, ele queria mais um filho para ter mais um soldado.

Depois eles ouviram o choro angustiado da mãe ao mesmo tempo que o ronco tranquilo do pai.

Tudo aquilo só deixava Izuna ainda mais irritado, e triste... Sim, ele também ficava triste, triste por Madara, triste por si mesmo, triste pela mãe e triste por saber que algum dia, teria que participar de toda essa imbecilidade que era a guerra; alí, ou matava, ou morria.





Eu escrevi antes dessa situação da Ucrânia começar... mas parece propício.

Edo Tensei - Reencarnação impuraOnde histórias criam vida. Descubra agora