Capítulo 1

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Divirtam-se!

 
Dias atuais.

 
Em algum apartamento aleatório de National City, Lena Luthor, depois de conseguir o que queria, se levantou da cama bruscamente procurando por suas roupas espalhadas no chão. Enquanto fazia isso, a loira de olhos azuis que estava na cama a observava sem entender muito bem o que estava acontecendo.
 
— O que está fazendo? — perguntou se sentando na cama.
 
— Me vestindo para ir embora — respondeu sem a olhar.
 
— Mas são quatro da manhã — comentou depois de olhar a hora em seu celular — você pode dormir aqui.
 
— Eu não durmo com ninguém — a olhou por alguns segundos enquanto vestia suas calças — essas últimas horas foram ótimas, mas tenho que ir.
 
— Podemos nos ver de novo?
 
— Não — balançou a cabeça negando — eu também não faço isso.
 
— Mas...
 
— Antes de você sugerir vir para seu apartamento, eu deixei bem claro as minhas regras e você aceitou — pegou seus sapatos que estavam no meio do quarto se sentando na cama para calçá-los.
 
Sorrateiramente, a jovem que Lena nem mesmo se lembrava o nome, se aproximou dela começando a beijar seu pescoço. Automaticamente, a morena se afastou sem dizer nada.
 
Sempre que encontrava alguém em busca de diversão, assim como ela, deixava bem claro como iria funcionar as coisas. Há mais de dez anos, seguia algumas regras bem específicas, nunca quebrou nenhuma e nem pretendia. Primeiro, ela era sincera com pessoa e deixava claro que seria apenas uma transa. Segundo, ela não dormia com ninguém, apenas se satisfazia e ia pra casa. Terceiro, não repetia a dose de maneira alguma. Quarto, estava fora de cogitação troca de telefones. Quinto, a última regra, não tinha encontros.
 
— Não pode quebrar essas regras? — tentou se aproximar mais vez, mas Lena se levantou para pegar sua bolsa.
 
— Não. Não posso.
 
— Porque? Regras são para ser quebradas, não é? — a acompanhou com os olhos indo em direção a porta.
 
— As minhas regras, eu não quero quebrar — disse antes de sair do quarto rapidamente.
 
Em pouquíssimos minutos, Lena deixou o apartamento daquela mulher e entrou no elevador. Detestava quando a pessoa insistia sobre algo que ela tinha sido bem clara. Às vezes sentia raiva de si mesma por fazer aquele tipo de coisa, mas ela era assim e não tinha como mudar. Desde a faculdade agia exatamente daquela maneira, e sua vida caminhava muito bem daquele jeito — pelo menos é o que gostava de pensar, mas significava que era bem assim.
 
Quando saiu do prédio e entrou em seu carro, percebeu assim que ligou o GPS que estava muito mais longe do que poderia imaginar. Logo o dia começaria clarear e em poucas horas ela tinha um compromisso inadiável. Como não queria se atrasar e gostaria de, pelo menos, conseguir descansar algumas pouquíssimas horas, saiu dirigindo rapidamente pelas ruas da cidade.
 
Praticamente, todas as sextas-feiras à noite a morena ia para algum bar ou festa. Chegando lá, começava a caçar suas presas. Algumas raras vezes, fazia isso em um outro dia da semana, mas o trabalho a consumia demais para ficar farreando tanto. Porém, aos sábados, ela reservava seu dia inteiramente à sua melhor amiga, Kara Danvers. E no domingo, geralmente também estava com ela na casa de algum de seus amigos.
 
Kara era uma excelente jornalista que trabalhava em uma das maiores revistas do país. Nos dias de semana, elas se viam poucas vezes, apenas quando a repórter tinha tempo. Quando isso acontecia, acabavam tomando café da manhã juntas ou almoçando. Entretanto, algumas vezes Lena sentia uma vontade tão grande de vê-la que aparecia na Catco com alguma comida que ela gostava só para olhá-la por alguns minutos, mesmo sabendo que a veria no fim de semana.
 
A ideia de reservarem o sábado uma para a outra veio de Lena. Isso começou ainda na faculdade. Como tiveram em alguns períodos incompatibilidade de horários, a morena propôs fazerem isso como uma forma de sempre se manterem unidas. Já os domingos, isso veio com o tempo, pois seus amigos acabaram virando amigos também e gostavam de fazer alguma coisa juntos nesse dia, só que nem sempre dava certo.
 
Uma regra que Lena também tinha, mas guardava para si mesma, era que em hipótese alguma poderia deixar de ver sua amiga no dia combinado. Não importa se, por acaso, encontrasse alguém que a chamasse muita atenção, ou se tivesse um compromisso com a rainha da Inglaterra, nada a faria não ir encontrar Kara.
 
Chegando em casa quase uma hora depois, Lena correu para o chuveiro. Seu banho foi demorado, pois perdeu muito mais tempo pensando na vida do que fazendo qualquer outra coisa. Quando saiu, antes de se arrumar, foi até a cozinha ligar a cafeteira, precisaria de um café bem forte para não deixar muito evidente seu cansaço. Nos minutos seguintes, ficou procurando em seu closet alguma roupa que fosse simples para dia comum, mas não tão simples para ir encontrar alguém importante.
 
Assim que se vestiu, pegou o seu café e foi até a varanda de sua sala. Estava um pouco exausta por causa dia anterior, havia passado a maior parte dele na L-Corp, depois foi com Sammy até um pub beber alguma coisa, quando a amiga foi embora, partiu para uma balada e nas horas seguintes se esforçou um pouco mais. Mas agora nada disso importava, só tinha que estar apresentável para Kara não suspeitar do que ela havia feito.
 
Apesar de Kara ser sua melhor amiga — assim gostava de repetir — Lena nunca falava para ela sobre as pessoas que com se divertia. Era óbvio que a loira sabia, pois quando se conheceram, Luthor estava tentando algo com sua colega de quarto, mas depois daquele dia, a morena nunca mais disse nada. Havia muitos outros assuntos para falar com a amiga, se quisesse comentar algo desse tipo, faria isso com Sam, Kelly ou Andrea.
 
Depois de tirar um cochilo de uma hora no sofá, Lena despertou com seu celular apitando. Estava na hora de ir encontrar sua pessoa favorita. Antes de sair de casa, deu uma última olhada no espelho só para se certificar que estava bem. Mesmo sem gostar muito do que via, saiu de casa em direção ao apartamento de Kara.
 
Exatamente na hora combinada, Lena estacionou seu carro em frente ao prédio que ficava totalmente do lado oposto do seu. Não demorou muito para que uma loira sorridente saísse pelo portão de entrada em direção ao carro. Involuntariamente, a morena também sorriu só por notar como a amiga parecia feliz aquela manhã. Quando Kara estava mais próxima do carro, a Luthor saiu indo ao seu encontro.
 
— Kara! — a abraçou forte — como vai?
 
— Bem e você? — perguntou assim que desvencilhou-se do abraço.
 
— Melhor agora — a deu um sorriso animado — podemos ir?
 
— Claro!
 
Como de costume, Lena abriu a porta do carro para ela e em um segundo também entrou.
 
— Como foi a sua semana? Mal conseguimos nos falar direito.
 
— Foi boa e cansativa — a loira suspirou — Cat Grant tem me dado bastante trabalho. Quase não tive tempo de respirar essa semana.
 
— Ela só faz isso porque sabe que você é a melhor — desviou o olhar da estrada só para fitá-la por alguns segundos — você é a melhor jornalista de National City.
 
— Só você acha.
 
— Te garanto que eu e mais da metade da cidade — sorriu quando a ouviu rir de seu comentário — o quer fazer? Andar no parque, depois tomar café? Ou tomar café e depois andar parque? E depois iremos almoçar, fiz uma reserva naquele restaurante que você gosta.
 
— É... eu não vou poder almoçar com você hoje — disse um pouco sem jeito.
 
— Porque não? — franziu o cenho e apertou volante com força — esse é o nosso dia.
 
— Eu sei, mas eu tenho que trabalhar.
 
— Em pleno sábado a tarde? — a fitou de novo rapidamente.
 
— Sim, preciso fazer uma entrevista e o único horário que a pessoa tinha era hoje depois do almoço — começou explicar — não posso adiar, preciso dessa matéria pronta até segunda.
 
Embora entendesse que aquele era o trabalho dela, não conseguiu evitar de ficar chateada. Havia esperado a semana toda por aquilo e agora só a teria por pouquíssimas horas.
 
— Eu te levo até onde precisa ir — estacionou o carro — eu te levo, espero você terminar a entrevista e depois nós vamos almoçar — tirou o cinto — o que acha?
 
A olhando com expectativa, Lena esperava uma resposta positiva. Não queria parecer intrometida no que Kara fosse fazer, mas também não que todos seus planos fossem por água abaixo. A jornalista era a única pessoa com quem ela realmente gostava de passar um tempo. E aos sábados era o único dia onde ficava totalmente sozinha com ela, não dava para perder isso.
 
— Não precisa, de verdade — a encarou — não precisa pensar em atrapalhar seus planos por mim.
 
— Mas meu único plano hoje era estar com você — disse com a sinceridade que somente a loira conseguia arrancar dela — deixa eu te levar até o local da entrevista, assim você também não precisa ficar pegando táxi. Eu já tô de carro mesmo, não me custa nada fazer isso.
 
— É que não vou sozinha — Lena cerrou o maxilar com o que ouviu — a fotógrafa da revista vai comigo — Lena abaixou o olhar.
 
— Entendi — tentou sorrir — então não vamos perder um pouco tempo que temos, não é? — desceu do carro logo em seguida.
 
Sabia que estava errada em não gostar do fato que sua amiga iria estar com outra pessoa no seu dia. Talvez, se ela fosse sozinha a entrevista não ligaria tanto, mas a fotógrafa era alguém que Lena simplesmente detestava. A morena detestava o jeito como Lucy Lane olhava para sua amiga, parecia que a despia com os olhos. As vezes que presenciou ela fazendo esse tipo de coisa, quase voou no pescoço dela.
 
— Você está chateada? — perguntou assim que desceu do carro — é o meu trabalho, não sou a CEO de uma empresa que faz o que bem entender.
 
— Não estou chateada — deu um sorriso amarelo — me desculpa se fiz você achar isso — ela estava sim muito chateada, mas não queria demonstrar isso enquanto estivesse com Kara — adivinha o que vou pedir hoje? — começou a andar juntamente com a amiga.
 
Estendendo seu braço para loira entrelaçar o seu, Luthor ficou a encarando enquanto ela pensava em uma resposta para sua pergunta. Aquele jogo de adivinhação era muito comum entre as duas, Lena adorava como Kara sempre adivinhava o que ela iria pedir, ainda que errasse algumas tentativas.
 
— Torta holandesa? — respondeu com animação, mas a morena negou — cookies?
 
— Assim você me magoa — as duas pararam na fila da melhor cafeteria da cidade — ultima tentativa e seja mais específica, por favor.
 
— Brownie com creme e cobertura de chocolate — pensou mais um pouco — um café com leite sem açúcar.
 
— Minha garota! — sorriu abertamente quase esquecendo que estava chateada segundos antes — sabe, daqui há dois meses faz dez anos que nos conhecemos.
 
— Você sabe o dia? — olhou para a morena ao seu lado admirada.
 
— Claro — se sentiu um pouco nervosa — como esqueceria o dia que você quase me deixou cega.
 
— Você nunca vai me perdoar por isso?
 
— Quem sabe um dia? — deu ombros — quase posso sentir meus olhos arderem toda vez que te abraço — a loira a olhou sem entender — seu perfume ainda é o mesmo.
 
Para Kara era bom saber que Lena se lembrava de muitas pequenas coisas da amizade das duas. Sempre que soltava algum comentário sobre algum acontecimento que a loira achava ter passado despercebido por ela, sentia seu coração acelerar e logo começava a sorrir.
 
— Você só esquece da parte em que eu fiz isso porque você tentou me agarrar — a provocou.
 
— Em minha defesa, eu estava tentando agarrar a sua colega de quarto — respondeu rapidamente — com você, eu jamais faria isso.
 
— Claro — deu um pequeno sorriso olhando para frente.
 
Desde aquele dia em que Lena saiu do quarto 13 do dormitório B, ela fez de tudo para se tornar amiga de Kara. Ela começou a esperar a loira no fim das aulas para levá-la até seu dormitório, depois, quando descobriu que ela adorava donuts, começou a levar para ela todos os dias antes que entrasse em sua primeira aula. Após isso, começaram os convites para almoços e para outros lugares.
 
A princípio, Kara achou Lena uma bela de uma convencida idiota, mas percebeu que ela tinha muito a oferecer. Era sempre cuidadosa, sempre a fazia rir, mostrava interesse em suas conquistas e em coisas completamente banais. Nos primeiros meses de amizade, a loira até pensou que a Luthor estava fazendo todas aquelas coisas por gostar dela de um jeito diferente, no entanto os anos foram passando e ela nunca tentou nada, então simplesmente tirou essa ideia absurda de sua cabeça.
 
Assim que entraram na cafeteria, Kara foi para mesa que sempre ficavam enquanto Lena fazia os pedidos. De onde estava, a loira a observava conversar com uma expressão bastante animada com a atendente. Não era incomum presenciar alguém tentando jogar um charme para cima da morena, pelo menos na sua frente ela nunca retribuiu, mas ela tinha certeza que pelas suas costas não era bem assim.
 
Não demorou muito e a morena estava de volta com um chocolate gelado com bastante chantily e donuts para loira, e o pedido dela era realmente o que Kara havia acertado.
 
— Vai fazer dela sua próxima conquista? — Kara perguntou assim que ela sentou.
 
— O que? — a loira apontou com queixo para a atendendo que continuava secando Lena — não. De onde tirou isso?
 
— Não é isso que você faz? — bebericou seu chocolate — ela está te olhando bastante.
 
Kara não estava entendendo bem porque estava fazendo aquelas perguntas, pode ser que fosse pelo incômodo que sentia dentro de si.
 
— Deixa olhar.
 
— Vai perder essa chance? — a fitou de um tanto séria.
 
— Não sei de que chance você está falando, mas eu não estou nem aí para ela. Já tenho pouco tempo com você hoje, então só vamos fingir que ela não existe — deu uma garfada em seu brownie — está animada para a entrevista que vai fazer? — mudou de assunto rapidamente, pois só Kara lhe interessava naquele momento.
 
Seria um pouco difícil para a repórter fingir que não estava vendo a atendente olhando para sua amiga a cada minuto, mas tentou fingir que aquilo não a afetava.
 
— Um pouco — deu uma garfada no brownie da morena.
 
— Porque “um pouco”? — levantou uma sobrancelha.
 
— Vou entrevistar aquele tal de Maxwell Lord — bufou — acho que não preciso falar mais nada.
 
— Agora entendo seu desânimo — a viu pegar mais um pedacinho do seu brownie — se você gosta tanto do que peço, porque não pede um igual?
 
— Porque a graça é pegar do seu — deu mais uma garfada e um sorriso fingidamente inocente.
 
Apesar da pergunta que fez, Lena só pedia algo diferente do dela exatamente pra ela aproveitar os dois.
 
As duas ficaram mais um tempo na cafeteria. Estranhamente, o clima entre elas não parecia estar como nos outros tantos sábados que passaram juntas. Kara não conseguia deixar de se incomodar com a atendente, e Lena só ficava pensando que as horas que teria com a amiga, ela dividiria com Lucy. Só de pensar na fotógrafa seus olhos quase reviraram automaticamente.
 
O pior de se sentirem assim, é que não tinham coragem de falar abertamente uma com a outra. Elas eram muito sinceras na maioria das coisas. Lena aprendeu a ser sincera por causa de Kara. Mas, assim como o que as incomodava agora, elas fingiam simplesmente que nada estava acontecendo. No fundo, tinham medo de falar e a outra interpretar errado.
 
Saindo da cafeteria, Lena perguntou a amiga se ela não queria dar uma volta no parque, mas a loira alegou que precisaria ir em casa trocar de roupa antes que Lucy fosse buscá-la. Desanimada por todo seu plano dar errado, a morena a levou de volta até o seu prédio.  
 
— Espero que dê tudo certo na entrevista — disse desligando o carro — Maxwell é difícil de lidar, mas sei que você dá conta.
 
— Assim eu espero — a fitou — me desculpa atrapalhar seus planos. Só que não posso adiar.
 
— Tudo bem — deu um pequeno sorriso com os lábios cerrados.
 
— Tudo bem mesmo?
 
Não, nada bem, queria responder.
 
— Sim — assentiu com a cabeça — nos vemos amanhã na casa da Sam?
 
— Amanhã eu vou numa feira gastronomia — aquela informação pegou Lena desprevenida.
 
— Com quem? — perguntou, mas estava com medo da resposta.
 
— Lucy me convidou. Ela sempre me convida para as coisas, mas eu adio — revelou — dessa vez aceitei. A feira parece que vai ser legal.
 
— Tenho certeza que sim. Então... vai se arrumar, eu não quero te atrasar para entrevista.
 
— Nós falamos depois — tirou o sinto se inclinando para abraçá-la.
 
Imediatamente Lena retribuiu o abraço a apertando em seus braços. Não queria deixá-la, mas não tinha controle sobre essa situação. Na verdade, há pelo menos um mês ela nunca estava tendo controle quando o assunto era sua amiga. Até no dia que achou que tudo daria certo, tudo deu errado.
 
Descendo do carro, Kara acenou mais uma vez antes de entrar no prédio e Lena retribuiu. Soltando com força o ar dos pulmões, voltou a dirigir. Ao invés de ir para casa, a morena decidiu ir até Samantha Arias, pois não queria passar o dia inteiro sozinha naquele enorme apartamento e também não estava com vontade de fazer muita coisa. Minutos depois, estava chegando a casa de sua CFO.
 
Parando em frente a casa de Sam, Lena desceu e foi rapidamente tocar a campainha.
 
— Hoje não é o dia que você reserva exclusivamente para a pessoa que você jura que é sua melhor amiga? — Arias perguntou assim que abriu a porta.
 
— Ela teve que ir fazer um entrevista com Maxwell Lord — entrou rapidamente indo até o barzinho no canto da sala se servindo uma dose de whisky.
 
— Não é nem meio dia ainda e você já tá bebendo? — sentou no sofá a observando virar tudo de uma vez — que as deusas tenham piedade do seu fígado. O que aconteceu? Se só foi trocada pelo trabalho não era para estar com essa cara de quem comeu e não gostou.
 
— A Lucy vai acompanhar ela nessa entrevista — fez uma careta.
 
— Ela é a fotógrafa da Catco — deu ombros — faz sentido ela está indo.
 
— Só que amanhã as duas vão sair — se jogou no outro sofá.
 
Massageando suas têmporas, Samantha respirou fundo algumas vezes. Era sempre assim, toda vez que Kara iria sair com alguém, Lena ficava daquela forma. Em todo o tempo que é amiga das duas, a CFO já a viu amaldiçoar qualquer pessoa com quem a loira namorou ou teve apenas um encontro casual. A morena alegava que nenhuma dessas pessoas eram boas o suficiente para sua amiga.
 
— Deixa eu adivinhar — fingiu que estava pensando — ela não é boa o suficiente para a sua amiga.
 
— É claro que não é — respondeu com bastante certeza — não gosto do jeito que a Lucy olha pra Kara.
 
— Não é você que tem que gostar, você vive saindo com um monte de pessoas e ela nunca disse nada — viu o rosto da morena se fechar completamente — você nem conta pra ela essas coisas porque gosta de fingir que ela não sabe, mas ela sabe. Além disso, ela é mais corajosa do que você, pelo menos ela foi sincera em te dizer.
 
— Ela é minha melhor amiga, eu posso não gostar das pessoas com quem ela sai — ficou na defensiva.
 
— Sua melhor amiga sou eu, ela é a pessoa que você é apaixonada, mas é covarde demais para admitir — Lena a olhou boquiaberta — você não reserva um dia inteiro para passar comigo, com Andrea ou com Kelly. Você só nos encontra nos domingos porque ela está, se não é bem capaz de não aparecer.
 
— Você deveria me apoiar. Eu sei que você também não gosta da Lucy, pois ela já flertou com a Andrea. E eu não gosto por que ela faz isso com a Kara — Sam gargalhou com o comentário.
 
— Você meio que acabou de fazer uma comparação entre eu não gostar dela por ela flertar com a minha esposa — frizou as duas últimas palavras — e você não gostar por ela faz isso com sua melhor amiga — fez uma aspas no ar com os dedos.
 
Lena não gostava de ser encurralada daquela forma por Samantha. Não gostava porque tinha sua ponta de verdade em suas palavras.
 
— Não sou obrigada a gostar dela e nem das pessoas com que Kara sai — cruzou os braços.
 
— Só que nunca gostar de ninguém deixa muitas suspeitas — apertou os lábios — você não tem direito de estar assim — Lena a olhou com as sobrancelhas arqueadas — não é você que vive repetindo que são melhores amigas? Não tem o direito de ficar com ciúmes.
 
— Mas eu...
 
— Mas nada — a interrompeu — eu já disse isso várias vezes e como sua amiga vou repetir a última vez. Não espere ver ela feliz com outra pessoa pra admitir que gosta dela — a Luthor começou a tremer uma das pernas, Sam sabia que ela não estava gostando nada da conversa — ela não vai te esperar a vida toda. Ela não ficar reservando um dia inteiro para passar com você se são apenas amigas e não existe necessidade para tanto.
 
— Eu não sei do que tá falando — encarou um ponto fixo no chão.
 
— Você fica com outras pessoas de noite, mas de dia gosta de ter ela por perto. Já pensou em como ela se sente? — Lena balançou a cabeça negando — então comece a pensar. Só pra você saber, ela não quer nada com a Lucy, as duas só se tornaram amigas.
 
— Porque está me contando isso depois de ter me esculachado? — voltou sua atenção a ela.
 
— Porque pode ser que na próxima vez que ela sair com alguém, não seja com uma amiga ou um amigo — viu a morena se levantar e ir em direção ao corredor — onde está indo?
 
— Dormir no seu quarto de hóspedes. Cansei desse assunto — responde sem a olhar.
 
— Tá fugindo porque sabe que estou falando a verdade — gritou.
 
Realmente Lena sabia disso, mas não iria admitir. Não podia perder Kara e não iria correr o risco de se declarar e ela deixar de ser sua amiga.

 
 
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