Divirtam-se!!!!
Assim que os primeiros raios de sol começaram a invadir o apartamento de Kara, vagarosamente, Lena abriu os olhos. Foi um pouco assustador perceber que ainda estava agarrada a sua amiga, mas logo seu peito se preencheu de um outro sentimento.
Kara ainda estava deitada sobre seu braço esquerdo, os cabelos esparramados e a respiração calma. Não pode ter o vislumbre de seu rosto relaxado pelo sono tão perto, pois ela estava de costas. Ainda assim, se sentia maravilhada.
A morena a abraçava por trás, suas pernas entrelaçadas umas nas outras e os corpos mais colados que nunca.
Seria muito fácil dormir e acordar ao lado de sua melhor amiga. Nas viagens que fizeram juntas, Lena já tinha a visto com sono o suficiente para ir para o quarto se deitar e sonolenta à mesa do café da manhã. Porém, por nunca nem dividirem o mesmo quarto, muitas coisas a morena apenas imaginava como deveria ser.
Na noite anterior, Lena ficou por um longo tempo acordada. Não cansava de passar seus dedos nos fios loiros e de sorrir quando a amiga dizia coisas que ela não entendia. Era uma descoberta saber que Kara falava dormindo. Assim como também foi ao saber que ela gostava de ser abraçada durante a noite.
Lentamente, Lena começou a tirar seu braço debaixo da cabeça da amiga. Nem conseguia senti-lo por causa da dormência, mas tinha válido a pena. Aos poucos, foi tentando se desvencilhar de Kara sem a acordar. Adoraria passar o sábado apenas abraçada a ela, só que tinha algumas coisas em mente.
Como o jantar do dia anterior tinha ido por água a baixo, enquanto esteve acordada apenas observando Kara dormir, teve a ideia de ir até sua padaria favorita, comprar tudo o que ela gostava e esperar ela acordar. Se Kara estivesse melhor, conversaria com ela e, se tudo desse certo, iria sugerir ficarem em casa apenas se curtindo. Em sua mente, era um plano infalível.
Claro, era um plano infalível se Kara também a quisesse o tanto que ela a queria.
Seguindo até o Noonan’s escolheu tudo o que sabia que a amiga gostava de comer. Voltando para o apartamento, comprou um buquê de rosas vermelhas.
Chegando em casa, escutou ao longe o barulho do chuveiro ligado, então se apressou para arrumar tudo antes de Kara aparecer.
— Achei que tinha ido embora — a voz doce ecoou pela cozinha.
— Eu não faria isso sem me despedir de você — deu um pequeno sorriso — como se sente?
— Acho que seu abraço fez efeito — foi até a mesa olhando para todas as comidas dispostas — tudo isso é para mim?
— Sim — rapidamente foi até o balcão da cozinha pegando o buquê — e isso também.
— Porque está fazendo tudo isso? — pegou um donuts.
— Não pude te levar a um jantar, então te trouxe um café da manhã.
— Você é maravilhosa — foi até a amiga e depositou um beijo casto em seu rosto.
As duas seguiram para a mesa e começaram a comer. Como sempre, Kara pegou grande parte do que Lena havia se servido.
Olhando para a amiga, Lena respirou fundo inalando o cheiro de seu perfume. Adorava a sensação de nostalgia ao que o cheiro adocicado a arremetia.
Por alguns minutos, as amigas apenas ficaram em silêncio. Lena não estava incomodada, só queria admirar Kara como se fosse uma obra de arte exposta em um museu. Seu coração quase saiu pela boca quando foi pega em flagrante. Porém, a loira não disse nada, apenas sorriu e voltou a prestar atenção na comida.
Ter tanta atenção de Lena era maravilhoso, Kara estava adorando. Mas em uma coisa a morena tinha razão. Danvers não estava vendo isso com outros olhos. Desde o dia do casamento de Lilian, havia enterrado suas expectativas.
— Eu preciso te falar uma coisa — disseram aos mesmo se encarando.
— Pode falar primeiro.
— Não — a morena balançou a cabeça negando — diz primeiro.
— Cat vai me mandar para uma conferência de comunicação.
— Isso é ótimo, Kara — disse com animação — onde vai ser?
— Na Escócia.
Por mais que estivesse feliz pela amiga, Lena sentiu uma fisgada no coração.
— Nossa — bebeu um pouco de seu suco — bem longe — pensou por alguns instantes — quando você terminar a conferência eu poderia te encontrar lá — sugeriu — você sempre quis conhecer a o pais que nasci, não estaríamos tão longe. Eu posso falar com a Cat para te dar uma semana de folga.
Mantendo um sorriso nos lábios, Kara começou a negar com a cabeça.
— Eu vou participar da conferência, mas vou ter que cobrir também — começou a explicar — quando eu voltar, terei que me dedicar a escrever sobre.
— E quando você vai? — tentou esconder a decepção de sua sugestão não poder ser seguida.
— Na quarta-feira. Eu te contar ontem, mas não estava em condições nenhuma.
— Quanto tempo vai ficar lá? — perguntou interessada — uma ou duas semanas?
— Seis.
— Dias?
— Semanas.
Assentindo com a cabeça, Lena voltou a dar mais um gole no suco. Uma sensação estranha começou a percorrer seu corpo, não sabia definir o que era.
— Como vou sobreviver seis semanas sem você?
Kara riu da pergunta.
— A gente vai continuar se falando — deu ombros — estou tão animada.
— Estou feliz por você e orgulhosa por seu trabalho está sendo reconhecido — seus lábios se curvaram involuntariamente. Ficava realmente feliz em ver a amiga feliz — só que vou sentir muito sua falta. Talvez eu morra de saudades. Seria estranho eu pegar um avião e ir te ver?
— Seria. Seis semanas passam voando. Quando menos esperar, estarei de volta — segurou a mão da morena que estava sobre a mesa e apertou de leve — te trarei presentes, só não conta pra ninguém. Mas agora quero saber o que você tem a me dizer.
Quando acordou, Lena tinha certeza do que faria, agora já não tinha mais. Em quatro dias, Kara estaria embarcando para outro continente, teria que manter sua cabeça focada no trabalho. Seria injusto despejar em cima dela seus sentimentos enquanto ela tinha que se preparar para outra coisa.
Talvez fosse bobagem tudo o que estava pensando. Mas Kara merecia continuar só feliz pelo o que estava conquistando. Lena sabia o quanto ela se empenhou para conseguir chegar onde estava, até tinha pensando em interferir só para ela conquistar a vaga de estagiária na Catco. Obviamente Kara negou e no fim acabou sendo chamada para trabalhar lá. Agora já era uma das melhoras repórteres de National City.
Não dava para interferir nisso. Por mais que quisesse.
Podia acontecer de falar que estava apaixonada por ela, elas se acertarem e se curtirem até o dia da viagem. Só que Kara poderia precisar de um tempo para digerir e ir pra tão longe com cabeça cheia não seria bom.
— Nada. Não é tão importante o que eu iria dizer. Você precisa estar focada no na viagem.
— Tem certeza? Eu sei quando está escondendo algo de mim — semicerrou os olhos.
— Quando você voltar eu te conto — mordeu lábio inferior.
— Vai me deixar curiosa?
— Não — balançou a cabeça negando — eu vou te contar, mas nesse momento não é isso que importa.
— Já que estou melhor hoje e é sábado... você bem que podia me levar naquele restaurante de comida oriental — Lena riu da cara que a loira fazia, parecia uma criança pidona — passaremos muitos sábados sem ir lá.
— O que eu não faço por você?
Elas passaram o dias juntas. Por várias vezes Lena quase desistiu de sua ideia de não dizer nada, mas depois voltava atrás. Kara estava ansiosa e feliz demais com a viagem, não dava para estragar isso.
Quando a noite chegou, elas voltaram para o apartamento da loira e pediram comida.
— Porque nunca fizemos isso antes? — Kara questionou — deveríamos fazer mais vezes isso — disse se referindo a estarem juntas no sábado a noite.
— Podemos fazer sempre. Quando você voltar da viagem, podemos fazer.
— Sei que não gosta de despedidas, mas pode me levar ao aeroporto? — fitou a amiga que estava ao seu lado no sofá.
— Não perderia essa chance por nada — olhou para seu relógio no pulso — eu preciso ir embora.
Apesar do que disse, Lena queria muito que Kara pedisse para ela ficar.
— Muito obrigada por ter cuidado de mim — se levantou do sofá quando viu a amiga fazer o mesmo.
— Não precisa agradecer. Se sente bem mesmo?
— Me sinto, sim.
— Então no vemos amanhã ou na quarta?
— Amanhã. Preciso me despedir de todas.
— Falando assim, até parece que vai decidir morar lá — Kara gargalhou — aí serei obrigada a me mudar também — se aproximou a abraçando a amiga — se precisar, pode me ligar a qualquer hora.
— Tá bom — sentiu Lena dar um beijo em sua bochecha e logo depois soltá-la — me avisa quando chegar.
Sem responder, Lena apenas assentiu e foi em direção a porta.
Ao invés de ir para casa, Lena foi para casa de Samantha. Precisava conversar com alguém e nesse momento não teria pessoa melhor.
Assim que tocou a campainha, Andrea abriu a porta e Lena entrou na casa como um furacão. Sem entender, Rojas olhou para a esposa que estava sentada no sofá e que apenas deu ombros.
Como sempre fazia, Lena foi direto para o barzinho e se serviu de duas doses d whisky. Depois, começou a andar de um lado para o outro enquanto degustada a bebida.
— Vai abrir um buraco no meu chão — Andrea disse se sentando ao lado da esposa.
— O que foi? Kara te trocou de novo? — foi a vez de Sam falar.
— Eu dormi com ela.
— O QUE? — casal perguntou junto?
— Então deu certo o encontro? — Lena negou a com a cabeça — e como dormiu com ela?
— Você bebeu demais e procurou outra loira de olhos azuis e agora tá achando que é ela? — Rojas quis saber. Após a pergunta, Lena parou encarando a amiga — o que foi? A gente sabe que você faz isso desde que a conheceu.
Naquele momento Lena percebeu que tudo o que tentava esconder, nunca foi tão escondido quanto ela pensava.
— Eu dormi com ela, no verbo dormir. Acordei ao lado dela e passei o dia com ela — explicou.
— E qual é o motivo do nervosismo? Isso não é algo bom? — Sam arqueou as sobrancelhas.
— Ontem não fomos jantar — apertou os lábios — ela estava com dor de cabeça e eu fui ficar com ela. Por isso achamos dormindo juntas.
Como se tivesse vendo um filme muito bom, Andrea mantinha os olhos em Lena com curiosidade.
— Ainda não entendi o nervosismo.
— Eu ia falar com ela hoje de manhã sobre como me sinto — suspirou — mas ela vai viajar e então preferi ficar quieta — respondeu à Sammy.
— Vai viajar pra onde? — Rojas pegou o balde de pipoca que estava em cima da mesa e começou a comer.
— Pra Escócia a trabalho — se jogou no outro sofá — preferi ficar quieta do que falar e atrapalhar a animação dela. Ela estava contente, vai ser bom pra carreira dela. Poderia acontecer de eu dizer e dar tudo certo, mas eu poderia dizer, dar tudo errado e se um tormento pra ela durante a viagem.
— E é por isso que você está nervosa?
— Seis semanas é muito tempo — respondeu à Andy com uma voz baixa — eu não quis atrapalhar esse momento dela, mas muita coisa pode acontecer em seis semanas.
— Inclusive nada — Samantha disse para tentar tranquilizá-la — eu acho que você deveria ter falado, pois tenho certeza que ela te corresponde. Mas, eu entendo o que eu você fez. Você deu prioridade a felicidade.
— É, eu... não quis estragar esse momento que é dela.
— Só a Kara pra conseguir fazer a Lena parar de ser tão egocêntrica — Lena e Sam olharam para Andrea — quantas regras ela já fez você quebrar? Porque, não dormir com uma pessoa, era um de suas regras.
— Com ela eu não tenho regra nenhuma — virou o resto de whisky na boca — só espero não me arrepender de não ter dito nada a ela antes dela ir viajar.
******
A quarta-feira chegou como um piscar de olhos. Lena se sentia nervosa, pois em poucos minutos estaria indo de encontro a Kara para levá-la para o aeroporto.
Desde o fim de semana estava tentando se manter calma, mas não estava adiantando muito. Só de saber que ficaria um mês e meio sem ver sua amiga já sentia novamente aquele soco no estômago.
No domingo, depois do almoço em que Kara disse as amigas que iria viajar, Lena a levou em casa e se ofereceu para ajudar a arrumar suas malas. A loira aceitou, e elas acabaram fazendo isso uma boa parte da noite. Quando disse que iria embora, já de madrugada, a repórter não deixou e disse para ela ficar. No entanto, diferente do sábado em que dividiram a mesma cama, a morena ficou no sofá.
Ouvir a amiga dizer para ela ficar em seu apartamento, fez Lena já se imaginar passando a noite inteira a abraçando. Mas, depois que saiu do banho, Kara já tinha arrumado o sofá.
Não dava para negar, a morena sentiu a desilusão a invadir.
Minutos após sair de casa, Lena estava estacionando em frente ao prédio de Kara. Rapidamente, entrou — pois sua entrada era livre — entrou no elevador. Assim que parou no andar, Lena desceu.
A cada passo em direção ao apartamento da amiga, Lena podia jurar que suas pernas tremiam mais e mais, e que suas mãos suavam. Verificando, percebeu que isso não passava de coisa de sua cabeça.
Parando de frente a porta branca, respirou fundo e tocou a campainha. Era o começo da despedida de sua amiga. Certo. Era um pouco dramático pensar assim, mas se sentia exatamente assim.
— Bom dia! — a loira sorriu de canto a canto.
— Pronta? — entrou no apartamento sem desgrudar os olhos dela.
— Eu verifiquei tudo mais uma três vezes e você também verificou — fez uma pausa — então acho que estou pronta.
O caminho até o aeroporto foi feito em silêncio. Para Kara estava tudo tranquilo, sua mente estava projetando mil coisas que poderiam acontecer com ela nessa viagem. No entanto, Lena não se sentia dessa forma, algo a incomodava e ela não conseguia entender o porquê.
Depois de todos os procedimentos feitos dentro do aeroporto. Kara e Lena se sentaram no saguão enquanto esperavam a chamada para o voo.
— Nunca me imaginei indo para um outro país a trabalho — Lena virou a cabeça para olhá-la — pelo menos não vou estar sozinha lá.
— Não? — franziu o cenho.
— Lucy vai estar comigo.
— Ah — foi tudo o que conseguiu responder.
— Ainda bem que nos aproximamos — comentou sem notar a mudança repentina na amiga — ela deve estar chegando.
A revelação de Kara pegou Lena totalmente desprevenida. Já era insegura quando o assunto era sua amiga, ficava ainda mais insegura sabendo que Lane estaria pelas redondezas.
— Ainda bem.
— Kara! — a voz de Lane ecoou um pouco distante. Como estava de óculos escuros, Lena não se segurou e revirou os olhos — ainda bem que cheguei a tempo — disse um pouco ofegante assim que se aproximou — acordei atrasada.
— Eu podia ter ligado pra você acordar — disse Kara se levantando para abraça-la.
— Olá, Luthor! — falou assim que soltou Kara e notou a morena que estava sentada.
— Lane — sorriu falsamente.
No instante seguinte, uma voz invadiu o saguão chamando o voo das duas.
Respirando fundo, Lena se levantou.
— Nós vemos em seis semanas?
— Sim. Espero trazer novidades — abraçou a morena que retribuiu — sentirei saudades.
— Eu também — a apertou mais um pouco — se cuida — saiu do abraço, mas não se afastou, pois segurou as mãos da loira — quando chegar vamos ter nosso jantar.
— Aguardarei ansiosa — novamente voz misteriosa fez a chamada para o voo — até mais.
Kara pegou sua mala e aos poucos começou a se afastar junto com Lucy ao seu lado.
Se estivesse em uma comédia romântica, seria a hora perfeita de fazer algum grande gesto de amor no aeroporto, mas aquilo era vida real. Se não conseguiu dizer a amava quando estava a sós, não faria agora. Até porque sabia que Kara a detestaria se fizesse isso.
Bruscamente, Kara se virou de costa e acenou para amiga. Lena retribuiu e sorriu logo em seguida.
Certamente, as próximas seis semanas seriam as piores da sua vida.
Devo continuar com fic? Estão achando bom o andamento?
:)
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A Melhor Amiga da Noiva
Fanfiction[Concluída] Lena Luthor é uma jovem que evita compromissos sérios e tem vários relacionamentos. Kara, sua melhor amiga, encontra a mulher ideal justamente quando Lena descobre que realmente a ama. No entanto, Kara pede para ela ser sua madrinha de c...