Capítulo 11

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A Fic está na reta final. Depois dela vou adaptar Esposa de Mentirinha e Muito Bem Acompanhada. Essa última sendo uma sugestão da @pvindelicada.
 
 
Divirtam-se!!!
 
 
Depois que Eliza saiu do quarto, Kara não conseguiu mais pregar os olhos. Não só as palavras de sua mãe ficavam quase gritando em sua mente, mas também os últimos dez anos de amizade com Lena.
 
Há dois meses atrás, no casamento de Lilian, Kara tinha decidido não criar nem um tipo de expectativa sobre ela e Lena. Ela foi pra Escócia, conheceu Imra e engatou esse relacionamento meteórico. Agora, não conseguia deixar de se imaginar ao lado de sua melhor amiga e nem conseguia se sentir culpada por isso, mesmo estando a três dias de se casar.
 
Kara tinha a sensação de que sua bússola havia quebrado no momento que conheceu sua melhor amiga. Embora conhecesse pessoas e se envolvesse com elas, no fim a o ponteiro indicava Lena. Os anos se passaram e ela decidiu tomar outro rumo, mas novamente sua bússola quebrou e o ponteiro voltou a indicar Lena.
 
A Luthor era como aquela pessoa quase inalcançável, que você nunca teve nada, mas não conseguia superar. Era assim que Kara estava se sentindo enquanto tentava se controlar para não agir com impulso. Agir assim já a tinha levado onde estava, agora tinha que pensar sobre seus próximos passos.
 
Se sua mãe não tivesse aparecido em seu quarto, muito provavelmente teria ir ido atrás de Lena e sabe-se lá o que era capaz de fazer naquele momento.
 
A noite inteira, a loira ficou se revirando de um lado para o outro. Sua mente não conseguia se desligar e seu coração não conseguia se acalmar. Até pensou em ir conversar com alguém, porém acabou desistindo. Talvez o melhor fosse esperar o dia amanhecer. Quem sabe, sob um novo dia, o que estava sentindo não sumiria?
 
Mas não sumiu.
 
Era cedo quando Kara saiu do quarto e desceu em direção a enorme cozinha em que era servido o café. Por sorte, ao chegar lá, não encontrou nem Imra e nenhum membro de sua família.
 
Logo que se sentou começando a se servir uma xícara de café, um dos empregados do castelo disse a ela que Imra teve que sair com pais e que só voltaria mais tarde. Depois de dar ao jovem serviçal um sorriso agradecido, soltou o ar em alívio por saber que conseguiria ficar longe da noiva até sua cabeça está no lugar.
 
No entanto, sua mente vagou para a morena que chamava de melhor amiga, pois ouviu sua risada próxima. Não demorou muito, Lena e Gayle entraram na cozinha a gargalhadas, e Kara ficou séria. Não gostava daquela aproximação das duas. Gostava menos ainda de não poder reagir da maneira que queria.
 
— Bom dia, Kara! — Gayle a deu um sorriso gente se sentando a sua frente.
 
— Bom dia — respondeu com aspereza.
 
— Aconteceu alguma coisa? — Lena a perguntou quando se sentou ao seu lado.
 
Sim. Aconteceu que você admitiu na frente de todas minhas amigas e da minha noiva que já havia se apaixonado por sua melhor amiga, e eu confessei a mesma coisa. Foi o que queria dizer, mas disse:
 
— Não. Só estou pensativa — deu um gole em seu café.
 
— Onde estão todos? Não nos disseram que todos se sentavam a mesa para o café?
 
— Imra saiu com os pais para algum lugar — respondeu à prima.
 
As três começaram a comer em silêncio. Após um tempo, os outros dois casais e Eliza se juntaram a elas.
 
Em meio às conversas paralelas, Kara e Lena ficaram caladas. Às vezes, a morena até ria de alguma coisa dita, mas não opinava em nada.
 
A cada vez que Lena ria ao seu lado, Kara sentia seu coração acelerar tanto, que quase doía seu peito. Estava difícil de raciocinar com ela ali, só que precisava fazer isso.
 
Pedindo licença, a loira se levantou e começou a ir em direção a saída do castelo. Chegando na sala, já bem próxima à porta de saída, sentiu alguém segurar seu braço e quando olhou, Lena a encarava do mesmo modo de quando a viu pela primeira vez.
 
Seu pobre coração estava quase gritando por ajuda, se acelerasse mais um pouco, iria se cansar tanto a ponto de parar. Além disso, sua respiração falhou, uma, duas, três... várias vezes que até perdeu as contas. Em sua barriga, havia um sensação gostava, mas que não deveria estar sentido ao simplesmente olhar para sua melhor amiga.
 
— Podemos conversar?
 
— Agora? — Lena assentiu — não estou em um bom momento agora — sentiu a morena soltar seu braço.
 
— Kara, é importante o que eu tenho a dizer — seus olhos varreram todo o rosto da loira enquanto tentava entender porque a amiga está estranha.
 
— Se for sobre ontem...
 
— Não é só sobre ontem. É importante, Kara. Preciso fazer isso antes que se case.
 
Prestes a ceder, Kara sentiu um par de braços rodear sua cintura e um beijo ser depositado em seu rosto. Não entendeu o que Imra estava fazendo ali, sendo que o jovem empregado havia falado que ela só voltaria mais tarde.
 
— Bom dia, minha linda! — a apertou um pouco mais no abraço e Kara se incomodou por Lena está vendo — bom dia, Lena! — a morena apenas forçou um sorriso em resposta.
 
— Bom dia — Kara se afastou sorrindo sem graça.
 
— Vou deixar vocês a sós — Lena disse antes de se retirar.
 
— Aconteceu algo entre vocês? — perguntou à noiva estranho a reação de Lena.
 
— O que? Porque? — fitou a noiva que observava Lena se afastar.
 
— Vocês estavam se olhando de forma estranha — deu um passo a frente e segurou as mãos da loira — atrapalhei alguma conversa importante entre vocês?
 
— Não. Era só uma coisa sobre os vestidos.
 
— Está tudo certo com os vestidos? — demonstrou sua curiosidade — é algo que vai atrapalhar nosso casamento?
 
— Não — respondeu com um pouco de incerteza — achei que só voltaria mais tarde. Pelo menos foi isso que me disseram.
 
— Eu deveria estar em uma reunião chata sobre algumas coisas da família — levou as mãos até o rosto da loira — eu fui até a metade do caminho, mas decidi voltar pra ficar com você. Sei que a noite você é sua amigas irão fazer uma despedida de solteira. Já até ensinei a elas a tradição — deu um beijo casto nos lábios da loira — então pensei em ficar com você.
 
Cuidadosamente, Imra voltou a grudar seus lábios para dar início a um beijo. Enquanto correspondia, Kara percebeu que não sentia nada com aquilo que estava acontecendo e já nem tinha se certeza se sentiu algo em qualquer beijo trocado com Imra.
 
Estava tudo muito errado. Lena só precisava olhar para ela e mil coisas se modificavam em seu interior. Com Imra, estava agarrada a ela, a beijando, se forçando para acender uma faísquinha em seu ser, mas nada veio. Estava tudo muito errado. Ela era sua noiva era com ela que deveria ter as sensações que sentia com Lena.
 
Não querendo mais continuar naquele beijo sem emoção, Kara se afastou, mas de um jeito que Imra não percebesse que algo estava estranho.
 
— Mal vejo a hora de você ser minha esposa — a morena sorriu.
 
Nenhuma resposta saiu da boca de Kara sobre aquilo. Apenas tentou sorrir.
 
Se Imra a conhecesse, nem que fosse um pouquinho mais, saberia que Kara estava bagunçada por dentro. Lena sabia que a amiga estava assim depois de jogarem Eu Nunca e por isso achou que era uma ótima hora de falar com ela. Porém, Imra aparecer não estava nos planos. Como sempre, mais uma coisa atrapalhava tudo.
 
Quando Lena saiu da sala, voltou para cozinha se sentando novamente a mesa. Todas que estavam ali notaram seu semblante decepcionado, mas decidiram não perguntar o motivo, até porque já previam que o motivo era Kara Danvers.
 
Gayle, como uma boa amiga que vinha se mostrando ser, querendo animar a morena, chamou Lena para fazerem alguma coisa na cidade. No fim, todas — menos Eliza — acabaram indo, mas cada casal foi fazer algo diferente e conhecer melhor o local onde estavam por alguns dias.
 
Andando por uma rua estreita de pedras, com casebres que tinham faixadas de lojas e com um vento gélido batendo contra seu rosto, Gayle olhou para Lena que estava a seu lado a observando. A morena estava calada desde saíram do castelo e nada parecia ser capaz de animá-la.
 
— Aconteceu algo quando você saiu da mesa para ir atrás da Kara?
 
— Imra chegou do nada — enxugou o nariz — péssima decisão que temei em aceitar ser a madrinha desse casamento.  
 
— Ei — a abraçou de lado enquanto continuavam andando — se acalme. Ainda tem tempo de fazer o que quer fazer.
 
— Ela estava tão perto de ceder e ouvir o que eu tenho a dizer — suspirou — acho que o destino não quer que eu me declare pra ela.
 
— Talvez, ele só não queira que você diga alguma coisa dentro daquele castelo.
 
Poderia ser tolice acreditar naquele papo furado de Gayle, mas Lena queria uma tábua de salvação, então se agarraria ao que a loira disse.
 
As duas seguiram andando com o silêncio entre elas. Agora estar perto uma outra não era incômodo. Com sinceridade, elas até gostavam do laço que estavam criando de amizade. Foi pensando nessas coisas que Lena reparou que a loira a abraçava.
 
— Porque está me abraçando? — a morena olhou para a mão de Gayle que estava sobre seu ombro.
 
— Pra te consolar ué — deu ombros — quando você roubar a noiva número um, e eu roubar a noiva número dois — Lena gargalhou mais uma vez com aquela insistência — você vai acabar perdendo a sua melhor amiga loira de olhos azuis, porque ela vai ser sua namorada. Então, por ter um grande coração, ficarei no lugar de minha prima sendo sua melhor amiga.
 
— Samantha é minha melhor amiga — disse como se óbvio. E era.
 
Como se tivesse sido ofendida, Gayle se soltou dela a olhando com a boca entre aberta.
 
— Eu te ajudando a conquistar a loira de farmácia da minha prima, e é assim que me retribui? — piscou algumas vezes.
 
— Você só tá fazendo isso porque quer a Imra.
 
— Mas isso não diminui o fato de eu estar te ajudando.
 
— Diminui, sim — seguiu andando deixando Gayle para trás.
 
— Não diminui, não.
 
Aquela discussão durou alguns segundos até o momento que reencontraram as outras garotas. Dali elas foram almoçar em um restaurantezinho que era muito bem recomendado pela população local.
 
Cercada pelas amigas, Lena até conseguiu relaxar um pouco e se divertir. Claro que acabaram falando sobre Kara e como sempre souberam que elas se gostavam, mas não era nada que fosse uma forçassão de barra. Todas ali só queriam a felicidade das duas e ajudá-las a se resolverem.
 
Retornando o castelo já próximo da noite e incentivada pelas coisas positivas que ouviu das damas de honra, Lena tratou de procurar por sua amiga. Não dava para adiar, teria que falar com ela de qualquer jeito. E, depois que fizesse, voltaria para casa.
 
Andando por todos os lados, acabou encontrando Kara as margens do rio que passava pela lateral do castelo. Ela estava em um pequeno caminho rochoso olhando para o nada. Lentamente, Lena começou a se aproximar.
 
— Estava te procurando há algum tempo — disse quando parou atrás da amiga — o que faz aqui?
 
— Lembrei que não escrevi meus votos — se virou para encará-la — não sei o que escrever.
 
Não era aquela resposta que queria ouvir de Kara. Se ela estava tentando escrever os voto, significava que ainda tinha certeza que queria casar. O que Lena não sabia é que ela não tinha mais certeza nenhuma. Na verdade, havia passado em sua cabeça desistir de tudo.
 
Pensando um pouco, Lena decidiu usar aquela coisa dos votos a seu favor.
 
— Tem algo em mente?
 
— Não — negou com a cabeça voltando a ficar de frente para o rio — nada me vem a cabeça.
 
— Eu posso te ajudar — deu um passo a frente ficando mais próxima a loira que continuava de costas — eu sou louca por você. Eu só penso em você. E quero passar o resto da minha vida com você.
 
— Sério? — franziu o cenho tentando entender porque a amiga estava incentivando dizer aquelas coisas à sua noiva.
 
— Sério!
 
— É tão... genérico — se virou novamente para amiga com cara de desentendida — parece uma coisa que você deveria dizer e não algo que realmente sente.
 
Por aquela Lena não esperava, era aquilo que havia ensaiado para dizer a sua melhor amiga, mas parecia que teria que ser mais convincente.
 
— Certo — falou lentamente pegando as mãos da amiga e entrelaçando seus dedos — Kara, ninguém nesse mundo me faz rir como você. Ninguém me faz querer ser uma pessoa melhor a cada dia e... e eu venho tentando ser, só pra ter você. Você é a minha melhor amiga, mas quero que seja mais pra mim. Eu quero ficar com você.
 
As palavras entraram nos ouvidos de Kara e chegaram ao seu cérebro. Ela estava olhando naqueles lindos olhos verdes que continha uma sinceridade maior do que já viu em todos os anos de amizade. Processar aquele discurso fez tudo dentro de si se acender e a consumir de forma instantânea.
 
Ali a sua frente, estava a sua amiga dizendo que queria ficar com ela. Sua mente tentava processar algum conjunto de palavras que fizesse sentido para responder àquilo, mas então um barulho estridente misturado com gritos eufóricos, atrapalhou o momento.
 
— O que é isso? — Lena perguntou irritada se virando para as outras mulheres.
 
— A despedida de solteira da Karita — Andrea respondeu animadamente fazendo as outras gritarem.
 
Tirando Sam e Kelly, nenhuma das outras mulheres pareciam ter entendido que atrapalharam alguma coisa.
 
— Anda logo, Kara — Alex pegou a mão da irmã a arrastando até um carro que estava parado na estrada  — a noite está só começando.
 
Indo junto com Alex, Kara virou para Lena lançando um olhar de desculpas.
 
— Você falou? — Kelly perguntou.
 
— Falei — disse andando junto com a psicóloga e Samantha.
 
— E aí?
 
— E aí nada, Sam — bufou — vocês atrapalharam tudo.
 
Minutos depois, Kara estava sendo empurrada para um pub lotado. Do nada, Gayle entregou a ela um penico de alumínio. Provavelmente dele que veio o barulho estridente que a tirou de seu momento com Lena.
 
— Pra que isso aqui? — uma ruga nasceu na sua testa enquanto olhava dentro penico — alguém usou isso?
 
— Claro que não. Compramos especialmente para essa noite — Alex respondeu a empurrando em direção ao bar.
 
— Pra que eu preciso disso? Isso dentro dele é sal?
 
— Sim — Gayle bateu uma concha de feijão de alumínio em uma panela pequena — agora você vai andar por aí vendendo seu beijo.
 
— Eu vou o que?! — sua voz saiu alta, porém o barulho e a música de lugar eram mais alta.
 
— É a tradição — Andrea disse enquanto levantava a mão para chamar o batender — você passa o penico, as pessoas colocam moedas e você as beija.
 
— Já que vai morar aqui, tem que se acostumar com as tradições — sua prima disse por fim.
 
Kara não gostou nada daquilo. Se soubesse que aquela era a tradição que Imra falou, jamais teria aceitado essa despedida descabida. Relutante, começou a se arrastada pelas amigas e pessoas colocavam moedas no penico e logo após a dava um selinho.
 
Era estranho saber que aquela tradição era comum. Todos pareciam receber bem aquilo enquanto riam e comemoravam o fato dela estar para se casar.
 
Depois de alguns minutos fazendo aquela doideira e já sem suas amigas por perto, viu Lena encostada em uma pilastra a acompanhando com os olhos. Dando uma olhada em volta, viu Gayle, Andrea e Alex disputarem quem bebia mais rápido os drinques servidos, e Sam e Kelly conversando em uma mesinha.
 
Desviando de alguns beijos e das pessoas que andavam pelo local, foi até Lena.
 
— Parece que beijou muitas pessoas hoje — a morena tentou dizer em um tom brincalhão, mas saiu totalmente ao contrário.
 
— Parece que sim — sorriu sem graça.
 
Lena enfiou a mão no bolso de sua calça e tirou algumas moedas.
 
— Só tenho essas moedinhas aqui — as colocou dentro do penico.
 
Seus olhares se cruzaram.
 
Lena sabia o que iria fazer, e Kara queria ela fizesse. Lentamente, a morena se inclinou deixando um suave beijo em seus lábios. Se afastando, viu que sua amiga finalmente estava dando aquele olhar de que queria ser beijada por ela. Não demorou muito, a morena grudou seus lábios novamente.
 
Assim que sentiu a boca quente da Luthor contra a sua, Kara soltou o penico no chão para poder levar as mãos até seu rosto. Elas não aprofundaram o beijo, só deixaram seus lábios grudados por um tempo maior.
 
Sem pensar nas consequências daquilo, Kara se afastou olhando para os lados. Então percebeu que perto delas havia uma porta que, muito provavelmente, a levaria a um depósito. Quando levou a mão até a maçaneta percebendo que estava aberto, puxou Lena para dentro com rapidez.
 
Não houve tempo para falarem nada. Assim que tornou a fechar a porta, Kara puxou a amiga pela cintura voltando a beijá-la. Dessa vez, ela pediu passagem para sua língua e logo Lena cedeu.
 
Aquilo era novo para as duas, quiseram tanto aquele contato, mas nunca tiveram coragem o suficiente para irem em frente.
 
O beijo continuou e cada segundo incendiava mais as duas mulheres. Cada vez que sentia Kara a apertar um pouco mais, Lena arfava e isso parecia um combustível para que a loira não a soltasse. E ela não queria ser solta.
 
Nenhuma das duas estava ligando para o que acontecia do lado de fora daquele pequeno depósito. Lena só queria continuar com os dedos entranhados nos fios dourados e com sua outra mão sobre o rosto quente da amiga. Kara só queria continuar com ela nos seus braços e nunca mais soltar.
 
Todas as vezes que beijou Imra, Kara nunca se sentiu como estava sentindo agora.
 
— Fica comigo — Lena pediu entre o beijo — eu te amo, Kara — sua voz saiu fraca — não se casa — deu leve gemido quando sentiu a loira a beijar em seu ponto de pulso — eu disse sério quando falei que queria ficar você.
 
Adoraria explorar cada cantinho do pescoço da morena e depois todo seu corpo, mas suas palavras a fizeram a parar. Ela enterrou sua cabeça no pescoço da morena enquanto inalava aquele perfume que sempre a inebriava.
 
— Eu sempre adorei o seu perfume — deslizou a ponta do nariz parando no maxilar da morena e deixando um beijo ali — porque só está me dizendo isso agora?
 
— Eu tentei dizer antes — respondeu acariciando sua nuca — venho tentando desde aquele jantar que você não pode ir. Eu tentei falar no dia seguinte, mas você me falou da Escócia. Eu não queria encher sua cabeça antes da viagem, pois não sabia como você iria reagir — se arrepiou com os pequenos beijos que a loira depositava em seu pescoço e logo em seu rosto — eu queria fazer tudo certo com você. Mas quando você voltou...
 
— Imra.
 
Embora já tivessem recuperado o fôlego do longo beijo, a respiração das duas era curta.
 
— Era isso que queria falar com você antes do casamento — sentiu a loira se afastar um pouco, mas não o suficiente para desgrudá-las.
 
— Eu não deveria estar aqui com você sendo que vou me casar — a envolveu em um abraço.
 
— Não — fechou os olhos sentindo as mãos da loira subirem e descerem por suas costas enquanto estava com a cabeça sobre seu peito — não deveríamos ter feito nada disso.
 
Sábia que estava sendo uma traíra com Imra por estar ali com Lena. Apesar de saber disso, não sentia que estar com a sua amiga era errado. Porém, o momento em que estava com ela era errado. No calor do momento — não que isso justificasse — agiu por completo impulso e acabou entrando numa situação muito delicada.
 
— Lena? — a chamou com delicadeza depois passar um pequeno tempo pensando.
 
— Diga.
 
— Eu preciso conversar com a Imra antes de te dar uma resposta — o medo invadiu seu peito por não saber como a amiga reagiria — não quero magoá-la. Não me leve a mal, por favor. Só que, eu estou com ela e não é justo como eu agi agora. Também não é justo com você e também não quero te magoar. Eu estou sendo errada com vocês duas.
 
Havia uma diferença entre as duas morenas que levaria Kara a tomar uma decisão. Com Imra, ela firmou um compromisso e deveria ser sincera com ela de qualquer maneira. Com Lena, ela — ainda — não tinha nada, mas não queria chateá-la, pois ela era muito importante em sua vida.
 
— Eu vou embora, Kara.
 
— O que?!
 
— Meu plano era te contar e ir embora — a fitou sob a luz fraca amarelada daquele pequeno espaço — me desculpa pelo beijo e toda essa confusão. Só voltarei a fazer isso se um dia me pedir para eu te beijar. Isso se você não se casar — se afastou dela.
 
— Lena...
 
— Não posso ser sua madrinha. Te ver ao lado da Imra já é bem ruim. Te ver casar com ela vai ser pior. Ainda mais depois de tudo isso.
 
— Eu não disse que vou me casar — jogou a cabeça para trás, mas logo voltou a olhá-la — mas eu preciso resolver isso. Eu fui injusta. Eu que estou perto de subir no altar e acabei aqui — bateu a mão testa — eu fiz tudo errado.
 
— E eu entendi o que você disse, Kara — tentou acalmá-la — você está mais do que certa. Mas não posso mais ficar aqui. Esse era meu plano desde o início. Eu te disse o que queria dizer e agora tenho que ir.
 
— Lena... não.
 
Dando um pequeno sorriso, Lena abriu a porta e saiu.
 
No momento, Kara estava se odiando por toda aquela situação. Poderia ter resolvido uma coisa de cada vez, mas se precipitou por causa de um desejo que carregava há anos. A única maneira de, parcialmente, se sentir melhor consigo e resolver aquilo, era sendo sincera com Imra.
 
 
 

Lembrando que no filme o beijo realmente acontece. Eu só quis por mais drama, só não tenho certeza se gostei do fiz.
 
:)

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