Capítulo 7

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Divirtam-se!!!
 
 
 
Seis semanas tinham se passado extremamente devagar para Lena Luthor. Para deixar tudo melhor, só faltavam dois dias para chegar a sétima semana.
 
Estava há mais 45 dias sem conseguir falar com sua melhor amiga direito. Nos primeiros dias, até conseguiram manter algum tipo de comunicação, mas depois, suas mensagens passaram a não serem respondidas, seus telefonemas mal eram atendidos e quando eram, Kara dava uma desculpa par desligar rapidamente.
 
Lena só queria acreditar que a loira estava muito ocupada com a convenção e o trabalho. Porém, algo dentro de si dizia que não era só isso. Conhecia Kara muito bem e sabia que estava a evitando e isso estava doendo.
 
Nunca imaginou que em algum momento da sua vida sofreria por amor, mas agora podia dizer com todas as letras que estava sofrendo.
 
Mas uma semana estava se iniciando, não era nem dez da manhã e Lena já estava com um copo de whisky na mão direita. Na outra, segurava um porta retratos que deixava em sua mesa com uma foto sua e da amiga.
 
Sempre que se lembrava de Kara, sentia que que naquele dia no aeroporto seu coração havia ido junto com ela para Escócia. Não teve um minuto sequer que não pensou nela ou que não desejou ter contado o que sentia antes da viagem. Estava quase tendo uma crise de abstinência de Kara Danvers. Em dez anos, nunca ficaram tanto tempo afastadas e sentia uma saudade descomunal.
 
Horas do seu dia ficava encarando o céu azul, pois a remetia aos olhos da amiga. E sempre que a luz do sol invadia a janela do seu quarto, sua mente voava para o dia em que acordou abraçada a ela.
 
— Toc, toc.
 
Lena olhou para porta de seu escritório encontrando Kelly parada.
 
— Kelly? — colocou o copo e o porta retratos na mesa — o que faz aqui? — perguntou indo até a amiga.
 
— Você não aparece — a abraçou quando a morena se aproximou — não responde mensagens, não atende o telefone. Até Sam, que fica ali do outro lado do corredor, tem reclamado que não vê você.
 
— Que exagero! — puxou a amiga para se sentarem no sofá — eu estive com todas vocês há poucos dias.
 
— A última vez que esteve com a gente foi no último domingo antes de Kara viajar.
 
Franzindo o cenho, Lena se pôs a pensar e percebeu que era verdade.
 
— Eu nem prestei atenção nisso.
 
— Claro, sua cabeça está lá na Escócia.
 
— É — abaixou a cabeça — está.
 
— Quer conversar? Eu sou ótima para ouvir.
 
Kelly ouviu atentamente tudo o que Lena falou. Em quase nenhum momento fez perguntas, apenas deixou que ela colocasse tudo o que estava sentindo para fora. Era visível que ela estava confusa e com medo de perder a amiga, ainda mais que ela estava demorando mais do que o previsto.
 
— Sabe o que é pior? — olhou para Kelly — eu sugerir ir para Escócia a encontrar e depois passarmos uma semana na Irlanda. Ela me disse que não podia.
 
— Não acredita que ela está trabalhando?
 
— Pode até estar, mas não acho que seja só isso — suspirou — nem sei se ela está bem, mas deve estar viva. Há poucos minutos postou uma foto em um ponto turístico.
 
Apertando os lábios, Kelly se segurou para não falar que a cunhada conversava com a irmã quase todas as noites. Kara não dizia nada sobre o trabalho, só dizia que estava bem, feliz e que em breve voltaria com boas notícias.
 
— Não gosto de te ver assim — Olsen abraçou a morena de lado — gosto da Lena carrancuda, mas que é alegre.
 
— Me sinto rejeitada, sem ela me rejeitar.
 
— Logo vocês vão poder conversar e você vai poder...
 
O celular de Lena tocou a fazendo ir correndo até ele. Kelly não precisou perguntar, mas sabia quem era pois os olhos verdes brilharam e um sorriso bobo atravessou seus lábios.
 
— Kara? — perguntou como se não acreditasse que a loira tinha ligado — está tudo bem?
 
— Sim. Está tudo ótimo.
 
— Já está voltando para National City? — não conseguiu conter a curiosidade.
 
— Na verdade, eu cheguei ontem a noite — Lena ficou séria com o que ouviu — podemos nos ver hoje noite? Você me deve um jantar.
 
— Claro que podemos. Onde quer ir?
 
— Naquele restaurante italiano que você gosta — a morena escutou uma risada no fundo da ligação, mas preferiu não ficar naquilo — tenho uma surpresa pra você.
 
De repente, a alegria preencheu Lena. Elas iriam em um local onde só iam juntas e a morena poderia finalmente ser sincera.
 
— Por mim está ótimo! Quer que eu te busque?
 
— Não. Não precisa — respondeu com rapidez — nos vemos lá às sete.
 
— Combinado.
 
— Eu tenho que ir. Até mais.
 
— Kara...
 
Estava prestes a falar que tinha sentindo falta da amiga, mas ela desligou rápido.
 
Ainda do sofá, Kelly observava a morena que estava em pé e com o celular na mão. A Lena que tinha atendido a ligação, não era a mesma que tinha desligado e a psicóloga não entendeu o porquê.
 
— Então? O que ela queria? — apoiou a cabeça em uma das mãos ainda com os olhos vidrados na morena.
 
— Você sabia que ela chegou ontem a noite? — olhou para amiga
 
— Não — sacudiu a cabeça negando — não fazia ideia — disse com sinceridade — nem Alex deve está sabendo, se não teria comentado alguma coisa.
 
— Ela quer me encontrar hoje num jantar — coçou a sobrancelha — mas ela parecia estranha no celular.
 
— Deve ser o cansaço. Ela deve está no trabalho uma hora dessas.
 
— É. Deve ser.
 
E mais uma vez, Lena se via ansiosa para um jantar com a sua amiga. Ainda que sentisse seu coração pesar, já tinha planejado tudo. Iria para casa se arrumar, colocaria a sua melhor roupa e antes e de ir para o restaurante compraria as rosas mais bonitas que encontrasse.
 
 Ao fim da noite, Kara saberia sobre todos seus sentimentos. Poderia dar tudo errado, mas estava esperando que tudo desse certo. Ainda estava com uma sensação estranha, só que não iria deixá-la tomar conta de si. Não agora que sua amiga tinha voltado de uma longa viagem.
 
Já que Kelly estava ali, Lena pediu a ela vários conselhos sobre como deveria abordar o assunto que tanto queria. A psicóloga até estava achando graça, pois a morena não parecia ser alguém que tinha problemas com mulheres. Porém, Kara não era qualquer uma para ela, e todas sabiam muito bem disso.
 
Sem se importar com o trabalho, Lena saiu bem mais cedo da L-Corp do que costumava. Precisava se concentrar em estar bonita para a sua adorada Kara Danvers.
 
Pelo menos por duas horas, a Luthor ficou escolhendo o que deveria vestir. Experimentou várias roupas, mas nada parecia ser bom o bastante. Foi então que se lembrou que Kara já tinha a elogiado algumas vezes quando a via com seus terninhos, então decidiu colocar um para agradá-la.
 
Por ter começado a se arrumar muito cedo, teve que esperar por muito tempo até o momento de sair casa. O que foi quase uma tortura.
 
Às sete em ponto, a morena saiu de casa. Tranquilamente, passou numa floricultura e comprou um buquê de lírios vermelhos. Não demorou muito, estava estacionando seu carro próximo ao restaurante.
 
Apressadamente, seguiu para dentro do estabelecimento com seus olhos brilhando a procura da amiga. O local estava mais lotado do que de costume para uma segunda-feira, por isso, estava mais difícil de encontrar quem ela tanto queria.
 
Varrendo os olhos por todo o local mais uma vez, viu em um dos branquinhos do bar, uma loira sorridente que a olhou no momento. Não dava para segurar o seu sorriso de alegria por estar a vendo depois de tantos dias.
 
 Automaticamente, Lena começou a ir ao seu encontro. A princípio, a loira parecia estar indo até ela, mas então retornou para o bar e começou a arrastar alguém pela mãos.
 
A atenção de Lena saiu de Kara e foi parar na morena de olhos verdes que agora andava ao seu lado segurando sua mão. Abruptamente, a Luthor parou tentando entender o que estava acontecendo. Então sentiu alguém trombar nela e um estrondoso barulho de pratos no chão. Bem, não só os pratos caíram, a CEO também.
 
— Lena? — Kara foi até ela a ajudando levantar — você está bem?
 
Olhando em volta, a morena percebeu que todos a encaravam e duas garçonetes pegavam as coisas do chão.
 
— Me perdoe! — pediu as duas por causa da bagunça — Sinto muito por tudo isso.
 
— Isso é da senhorita? — uma das garçonetes estendeu os lírios vermelhos.
 
— Não — negou com a cabeça — não é meu não.
 
— Mas eu...
 
— Outra pessoa deve ter deixado cair.
 
Em toda a sua vida, nunca tinha passado por um momento tão constrangedor quanto aquele.
 
Quando se lembrou do que estava fazendo naquele lugar, voltou a olhar para amiga.
 
— Oi, Kara — deu um pequeno sorriso — como vai?
 
— Estou bem. Você se machucou? — perguntou um pouco preocupada — foi uma queda feia.
 
— Não. Não machuquei.
 
— Vamos para mesa? — Lena assentiu.
 
As mulheres seguiram para a mesa em que Lena e Kara costumavam ficar quando iam ali.
 
Lena já estava entendendo tudo o que estava acontecendo e se sentiu estúpida o bastante por achar que seria um jantar só entre as duas. Em silêncio a morena estava e em silêncio ficou até que sua amiga decidiu quebrar o gelo.
 
— Lena, essa Imra — olhou para a mulher ao seu lado com admiração — ela é minha noiva. Imra, essa é Lena, minha melhor amiga.
 
— Como é que é? Você passou quase sete semanas fora a trabalho — frizou a última palavra — e volta noiva?
 
— Quando a gente encontra na vida alguém como a Kara, não dá para deixar escapar — Imra falou pela primeira vez deixando evidente seu sotaque acentuado — não podia deixar ela vir para os Estados Unidos sem dizer o que eu sentia.
 
Os olhos de Lena vacilaram com as palavras de Imra. Se sentiu atingida, pois quando teve a chance deixou Kara ir para Escócia sem dizer o que sentia.
 
Como um estralo, tudo começou a fazer sentindo na cabeça de Lena. A falta de contato, ficar mais tempo fora do que o previsto... todas as peças estavam em seu devido lugar. A única que sobrava porque não se encaixa era a Luthor que se sentia deslocada da Kara que voltou da viagem.
 
Até queria demonstrar algum entusiasmo e parabenizar o casal, mas não iria fazer isso. O que mais queria era acabar com aquela conversa e ir embora. Ou melhor, voltar para sua vida de antes, porque pelo menos aquela vida não lhe rendeu um coração partido.
 
— Eu pedi para que viesse aqui — Kara começou como se tivesse lembrado que havia mais alguém naquela mesa do que sua noiva — pois lhe fazer um convite. Na verdade, nós queremos — apontou para ela e para a outra morena.
 
— Pode fazer — disse sem nenhum pingo de emoção na voz.
 
— Sei que você é contra casamentos, mas não existe outra pessoa que eu escolheria para ser madrinha.
 
Aquilo só podia ser brincadeira. Uma de muito mal gosto. Não era possível que seu livro do destino estava sendo escrito por Samantha Arias. Semanas atrás a CFO tinha dito algo sobre Kara aparecer noiva e a chamar para ser madrinha. Agora estava ali, sentada na mesa com sua melhor amiga, sua noiva e sendo chamada para ser sua madrinha.
 
Seria muito bom se o chão se abrisse sob seus pés e fosse simplesmente engolida pela terra. Isso era muito melhor do que ver a mulher que ama trocando carinhos com a noiva a sua frente e sorrindo apaixonada.
 
Era assim que Lena queria ter sido olhada durante todos esses anos. Tinha que ser para ela aquela olhar que a pessoa dá quando quer ser beijada. Mas Kara estava fazendo isso com outra pessoa.
 
— Madrinha? — perguntou um pouco incrédula.
 
— Kara me falou muito bem de você — Imra começou a dizer e Lena fechou as mãos com força se segurando para não se levantar dali e ir embora — ouvi várias histórias sobre vocês duas. Estava ansiosa para saber quem era Lena Luthor. Então, por favor, aceite nosso convite.
 
Sair correndo pela porta antes de responder não parecia má ideia.
 
— Aceita, Lena. Por favor — Kara endossou o convite da noiva.
 
— O que eu não faria por você? — analisou o rosto da amiga que só transmitia felicidade.
 
— Temos que ser rápidas em tudo — Lena olhou para amiga sem entender — casaremos daqui a quinze dias. Na Escócia — falou animada.
 
— Quinze dias? — tossiu limpando a garganta e viu a loira balançar a cabeça afirmando freneticamente — eu vou ao banheiro.
 
Tentando fugir daquele assunto, Lena se levantou rapidamente. Assim que deu um passo para o lado, sentiu alguém trombar nela e um estrondoso barulho de pratos no chão. Bem, não só os pratos caíram, a Luthor também.
 
— Caramba, moça! — a mesma garçonete de minutos atrás estava no chão se levantando assim como Lena — presta mais atenção.
 
— Me desculpa! — sentiu alguém a ajudar a se levantar e quando olhou para ver quem era, percebeu que se tratava de Imra.
 
— Pode me soltar — se afastou — eu estou bem.
 
Sem olhar para trás, Lena foi até o banheiro e apenas ficou ali por alguns minutos. Estava difícil processar tanta coisa em uma noite só. Sua cabeça estava começando a doer e talvez um porre pudesse resolver seus problemas. Talvez, não, um porre teria que resolver.
 
Precisava tirar Kara de dentro de si. Mais do que nunca precisava disso. Ainda mais depois de ser burra o suficiente para aceitar ser sua madrinha.
 
Quando voltou para mesa, parecia que nem tinha feito falta ali. Em outras circunstâncias, Kara provavelmente teria ido saber como ela estava. Mas nessa circunstâncias, a loira só tinha preocupação com uma morena de olhos verdes, e essa morena não era Lena.
 
— Eu vou precisar ir embora — anunciou assim que estava próxima o suficiente.
 
— Aconteceu alguma coisa? — Kara quis saber.
 
— Só estou com um pouco de dor de cabeça — deu um sorriso forçado — estresse do trabalho.
 
— E o jantar?
 
— Fica pra próxima — olhou para Imra — prazer em te conhecer, Imra. Nos vemos por aí.
 
Se virando para ir embora, escutou Kara a chamar, mas não se importou. Só precisava sair daquele restaurante.
 
Perambulando com o carro pela cidade, parou em um bar que costumava a frequentar sozinha. Assim que entrou, começou a pedir doses e mais doses de variadas bebidas. Antes que o álcool começasse a afetar, percebeu uma mulher muito parecida com Kara a olhar, ou talvez fosse só seu subconsciente a pregando uma peça.
 
Alguns goles depois, Lena estava dentro de um carro que não era o seu. Quando o carro parou, desceu rapidamente e seguiu até a porta da casa. Logo que ela se abriu, sentiu um olhar pausar sobre si e uma mão a puxar para dentro a levando até o sofá.
 
Ela não estava bêbada a ponto de esquecer os detalhes do que fazia, mas tudo parecia está em piloto automático.
 
— Kara vai se casar, Sam — fitou a amiga a vendo um pouco embaçada — e eu vou ser a madrinha.
 
Não havia tido coragem para sair do bar com a loira que a fitava. Não queria ficar sozinha em casa e sabia que não tinha como se esquecer de Kara. Era provável que até se tivesse amnésia, ainda saberia quem era ela.
 
— Explica isso direito.
 
Até onde Sam sabia — soube por Kelly — Lena iria jantar com Kara e se declarar para ela.
 
— Ela voltou da Escócia noiva. Eu vi o anel e tudo — jogou sua cabeça para trás que estava martelando — em quinze dias, ela vai estar casada. O casamento vai ser na Escócia e eu vou ser a madrinha.
 
A língua de Sam coçou para dizer que tinha a avisado que a qualquer momento isso aconteceria, porém apenas a abraçou.
 
Se tivessem dito a Lena que um coração partido doía tanto, ela teria arrancado o seu antes de conhecer Kara.
 
 

 
Vai começar a penitência da Leninha.

Lena doente de amor procurou remédio na vida noturna.
 
:)

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