Consciente

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Saliha na voz

Desde quarta eu não falava com Hande. Mandei mensagem todos esses dias para ela mas não tive qualquer retorno. No começo pensei que ela precisasse de um tempo mas hoje acordei achando que 3 dias era tempo demais. Sua falta me fazia tão mal. Eu inevitavelmente fiquei lembrando do nosso beijo nesses dias. Eu queria tanto beijá-la de novo, com calma, tocando cada parte do corpo dela.

Já era fim de tarde e eu havia passado meu domingo todo sem conseguir tirar Hande da minha cabeça então, sem pensar muito, eu decido ir até o apartamento dela. Absolutamente do nada, queria ir até lá para vê-la, para abraçá-la e descobrir, finalmente, qual havia sido o desfecho de sua história com Natália.

Me levantei sem demoras, tomei um banho esperto e me troquei. Passei às pressas pela sala, meu gato, Ruddy, até me olhou assustado, pequei as chaves do carro e desci. Eu tinha pressa para vê-la, 3 dias sem olhar os olhos de Hande era tempo demais para mim, ainda que amanhã eu fosse vê-la de qualquer maneira no treino pela tarde.

Eu estacionei na frente do seu prédio e fiquei apertando incessantemente o botão de seu interfone. Quem disse que Hande atendeu? Eu estava voltando para o carro quando o porteiro me reconheceu

- Você é a amiga da Baladin, não?

- Sim. Será que ela não está em casa? Apertei várias vezes e ela não me atendeu

- Ela está, não sai daqui desde quinta, só desceu quando seu carro chegou do mecânico.

Eu fiquei um pouco confusa com o fato de que o porteiro estava mais atualizado sobre onde Hande estava do que eu.

- Será que eu poderia subir? – Pergunto um pouco envergonhada

- Ela disse que não queria receber visitas – Ele responde educadamente

É lógico que fiquei chateada, eu estava tão cheia de vontade de ver ela e a caramba do porteiro sequer me ajudou. Eu o agradeço por pura educação e então caminho novamente em direção ao meu carro. Assim que abro a porta o porteiro me grita novamente

- Qual é seu nome?

- Saliha – Digo

- Aguarde um minuto, Saliha.

O porteiro entrou no prédio, usou o telefone por alguns ligeiros minutos e saiu novamente

- Pode subir – Diz ele permitindo minha entrada

Eu fiquei pasma, o que raios esse porteiro tinha que, além de saber do paradeiro de Hande nos últimos 3 dias, ele era o único que conseguia falar com ela? Raios!

Tomei o elevador enquanto estalava os dedos compulsivamente e então bati à porta de sua casa. Agora, sem demoras, fui finalmente atendida.

- Saliha??! – Pergunta espantada com a minha presença

- Oi, Hande.

Respondo com um sorriso no canto do rosto e uma vontade quase incontrolável de beijá-la. Ela, sem pensar muito, me abraça bem forte. Ficamos ali entre o corredor e a porta de sua casa entrelaçadas uma nos braços da outra. Eu sentia uma sensação tão absurda de invencibilidade quando estava ao lado dela.

Hande ainda estava em meus braços quando involuntariamente deixei escapar dos meus lábios

- Me promete que nunca mais vai sumir assim!

- Desculpa, Sa. Me perdoa – Escuto a voz de Hande soar próxima ao meu ouvido.

Assim que nos afastamos eu vi seus olhos cheios de lágrimas e imediatamente entendi que algo havia dado errado entre ela e Natália. Então nós entramos, ela fechou a porta e pegou na minha mão me conduzindo até o sofá onde nos sentamos

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