E nos perdemos

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— Hermione — sua voz profunda quebrou seu devaneio. — Não deveríamos já ter chegado à estrada onde fica o hotel?

Droga, ele estava certo. Ela estava tão perdida em seus pensamentos que não prestou atenção e perdeu completamente o caminho.

— Porra. — Ela disse com certa aspereza, procurando um lugar para dar meia-volta.

Ele começou a rir baixinho. — Está tudo bem, Granger. Só estou chamando a sua atenção para isso. Nem todo mundo tem um ótimo senso de direção.

Ela podia ouvir o sorriso em sua voz. — Ah, vai se foder, Draco!

Ele riu, balançando a cabeça. — Você é tão fácil de provocar...

Ela estendeu o dedo do meio na direção dele enquanto girava o carro.

— Você é realmente uma motorista muito boa, sabia — ele acalmou, a sugestão de um sorriso ainda presente em sua fala.

— Como você poderia saber - seu, seu... sangue puro!

Ele riu alto — Oooh, insulto grave! E eu quero que você saiba que eu posso dirigir um carro trouxa. Outros nascidos-trouxas mais caridosos que conheço foram gentis o suficiente para me dar aulas.

— Se você está se referindo a Harry, isso não conta porque A) Ele não é nascido trouxa - ele foi apenas temporariamente alojado por aqueles lixos e B) Ele não sabe dirigir, então você teve um péssimo professor.

— Vou me certificar de dizer a ele que você disse isso.

Com isso, Hermione não pôde se conter e caiu na gargalhada. — Diga-me onde virar, seu idiota.

— Ok, na próxima à esquerda — ele se inclinou, bem no espaço pessoal dela, para indicar a estrada, e ela sentiu um toque sutil do aroma limpo e fresco que agora associava a ele. Ela não conseguiu evitar inalar profundamente.

Eles viraram na pequena estrada, que rapidamente se transformou em uma pista estreita e depois em uma trilha de cascalho.

— Isso não é o que eu esperava de um hotel em Oslo — Hermione comentou enquanto eles contornavam.

— Eu diria que ainda não chegamos a Oslo propriamente dita — disse ele, olhando pela janela para os campos amplos e as árvores perenes que os cercavam.

— Bem, desde que este lugar tenha uma cama confortável e comida decente, ficarei feliz — declarou ela.

— Será que é pedir demais que eles também tenham lençóis de alta qualidade e toalhas de banho macias? — ele perguntou inocentemente.

Hermione meio riu e meio bufou. — Você é um fresco.

— Eu só gosto de coisas boas. Isso é tão errado?

Ela arriscou uma olhada para ele e viu uma sobrancelha curiosa erguida sobre a covinha na gola levantada do casaco e suspirou internamente.

Nesse momento, eles chegaram a uma pequena elevação na estrada e o hotel apareceu. Embora a palavra "hotel" não fosse exatamente exata - parecia mais uma coleção de chalés de esqui. Havia uma estrutura maior no meio da propriedade e cerca de 8 ou 10 casas menores espalhadas ao acaso pelo resto da área. Cada chalé era diferente e tinha uma aparência um pouco maluca - a coisa toda lembrava Hermione da Toca de alguma forma.

— Isso realmente não é o que eu esperava — comentou ela, estacionando em frente à estrutura maior, que parecia abrigar o saguão e o restaurante.

— Não, de jeito nenhum — ele concordou, abrindo a porta do carro. — Deus, está frio pra caralho aqui fora! — Ele vestiu o casaco e soltou o ar em uma nuvem. — Acho que a temperatura caiu abaixo de zero desde o pôr do sol.

Hermione enfiou o gorro na cabeça enquanto subia correndo os degraus até a porta. Draco chegou um pouco antes dela e abriu, colocando a mão na parte inferior das costas dela e conduzindo-a para o calor de dentro.

Uma bruxa de aparência severa cumprimentou-os e começou a registrá-los. — Um chalé, duas camas — ela murmurou para si mesma enquanto folheava um conjunto de cartões sobre a mesa.

— Ah, não, acho que vocês vão descobrir que são dois chalés, uma cama. Cada. — Hermione comentou com um sorriso nervoso para Draco, que deu de ombros e pareceu surpreso.

A mulher olhou para cima e deu a Hermione um olhar morto. — Uma casinha. Duas camas. Essa foi a reserva solicitada. — Seu inglês com sotaque de alguma forma fez suas palavras soarem um pouco sinistras.

Hermione começou a argumentar enquanto a outra mulher franzia a testa — Deve haver alguma confusão...

Draco lançou um olhar para Hermione e a interrompeu, inclinando-se sobre o balcão e encarando a bruxa mais velha com um sorriso brilhante e toda a força de seus olhos marcantes. — Sinto muito, mas você poderia fazer a gentileza de verificar a reserva novamente? Acho que houve uma pequena falha de comunicação, sem dúvida inteiramente do nosso lado. Mas gostaríamos de ter dois chalés separados, se você puder fornecê-los. — Sua voz pingava melaço e ele terminou seu pequeno discurso com uma inclinação de cabeça cativante.

Hermione estava prestes a bufar quando o comportamento da bruxa mais velha de repente suavizou e um doce sorriso surgiu em seu rosto sombrio. — Sinto muito — ela disse em um tom de voz muito mais gentil — mas estamos lotados e só temos um chalé disponível. Ele tem duas camas, no entanto. Você gostaria ou não?

Hermione e Draco se entreolharam. Estava escuro agora e congelando. Eles estavam a pelo menos trinta quilômetros do centro de Oslo. Hermione estava com fome e não conhecia nenhum outro estabelecimento bruxo na área. Ela piscou os olhos para o rosto dele.

— Eu não me importo se você não se importar — ele arriscou, erguendo os ombros e torcendo a boca.

— O que é uma noite? — ela disse com uma tentativa de coragem.

— Ok, então vamos pegar — Draco disse, voltando-se para a severa bruxa.

Oh inferno, pensou Hermione.


Just Like Christmas | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora