P.O.V. Harleen Quinzel.
Depois daquela conversa, praticamente não nos falamos mais. Cada uma fez o que queria de noite e, na hora de dormir, apenas desejamos boa noite uma para a outra, tendo cada uma virada para um lado.
Eu já não estava mais aguentando viver aquilo.
Eu a amava ainda, é claro. Quando conheci Pamela, foi como se eu finalmente me sentisse completa e compreendida. Porém, agora parecíamos tão perdidas e distantes... Eu queria resolver essa situação, realmente queria. É um sentimento péssimo querer conversar com a pessoa, e não conseguir sentir uma conexão real mais, e até mesmo o silêncio, que antes poderia ser reconfortante, dava-me ansiedade. Onde havíamos nos perdido? Eu também não sei, mas queria muito saber.
Acordei com Pam me chamando. O que antes era feito com beijos e carícias se tornou apenas um delicado chacoalho seguido de meu nome, ela sabia que meu sono era pesado. Levantamos e ambas seguimos nossas rotinas matinais até estarmos prontas para o trabalho. Como sempre, a ruiva desceu primeiro e foi fazer o café da manhã enquanto eu terminava de me arrumar. No caso, eu já estava pronta, mas decidi ficar mais um tempo no quarto, pensando sobre o assunto da manhã anterior.
Filhos.
Se esse fosse o nosso único problema agora... Eu ainda não sei dizer onde estávamos errando, mas o tópico "filhos" certamente era a menor das minhas preocupações, pelo menos para mim. Sim, eu ainda queria ter, sempre pensei em ter pelo menos duas crianças com uma diferença pequena de idade e montar uma família ao lado de quem eu fosse ter um relacionamento sério e duradouro. O meu relacionamento com Pamela era perfeito, claro que com uma briguinha aqui e outra lá, além de que mesmo compartilhando de vários pensamentos e opiniões iguais, ainda tínhamos nossas diferenças, e crianças era uma delas.
Sempre que eu tocava no assunto, ele era desviado ou ignorado. Até que um dia brigamos e finalmente tive respostas "mais aceitáveis" para entender sua repulsa pela ideia. E então, desde que começamos a brigar frequentemente, até pelas coisas mais bobas, ter filhos era algo que eu havia simplesmente deixado de lado, pelo menos por agora. Quem sabe no futuro, se é que eu e Pamela temos algum futuro...
Olhei no relógio em meu pulso e levantei rapidamente da cama, saindo do quarto e indo em direção à sala de jantar. Sentei junto a ruiva para tomar o café da manhã, este que foi realizado em completo silêncio. Eu sempre odiei o "som" do silêncio, era algo que me incomodava profundamente, porém havia certas pessoas com as quais eu sabia que o silêncio não significava necessariamente algo ruim e não trazia esse sentimento de incômodo... Bem, este sentimento em casa parece já não existir mais. Fico incomodada, mas não havia mais nada a ser dito. Pamela estava forçando uma situação que não existia, e ela sabia disso, mas preferia negar. Não havia como eu conversar com ela se a mesma não aceitava a situação.
Estávamos vivendo um verdadeiro inferno.
Cada uma saiu para seu respectivo trabalho com apenas um "Até mais tarde", e durante o caminho, tentava focar minha mente em qualquer outra coisa que não fosse esse problema que meu relacionamento estava enfrentando. Como eu poderia me concentrar em ouvir e auxiliar meus pacientes se meus pensamentos estivessem em pânico? Eu tinha que me acalmar.
———
— Terra chamando Harleen Quinzel! Alôô?
Desviei o olhar do meu caderno com a voz de Leland, minha chefe e que com o passar do tempo acabou se tornando uma amiga de trabalho. Geralmente combinávamos de ir almoçar ou estudar alguns casos — quando muito extremos — juntas.
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Vidas Normais || Harlivy
FanfictionHarley Quinn e Pamela Isley estão juntas há um bom tempo. É um relacionamento comum, poderia ser até mesmo dito como o objetivo de muitos, mas ninguém sabe o que acontece de verdade quando ambas estão sozinhas...