P. O. V. Pamela Isley.
— Bom, acho que acabei — comentei comigo mesma enquanto eu olhava ao meu redor, vendo que meu novo quarto estava completo.
Depois da fatídica briga entre eu e Harleen, no dia seguinte decidimos que seria melhor que cada uma seguisse sua própria vida. As brigas constantes, a desarmonia que havia se instalado em nosso relacionamento e até mesmo o orgulho que carregávamos sobre nossas próprias opiniões foram se acumulando com o tempo, e em nossa última e mais intensa briga, foi como se tivesse ficado claro que não havia mais motivos para continuarmos juntas. A decisão partiu de minha namorada — se é que eu ainda poderia a chamar assim —, e após certo choque que sofri ao escutar, apenas assenti, e graças ao horário em que a conversa surgiu, apressei-me em dizer que eu estava atrasada para o trabalho e depois poderíamos conversar melhor sobre o que faríamos. Claro que usei isso como desculpa para sair o quanto antes, eu precisava ficar um pouco sozinha com meus pensamentos, sequer olhei para trás quando passei pela porta, deixando a loira sozinha na sala. No entanto, ao estacionar o carro na frente de minha floricultura, desabei a chorar e a pensar em tudo o que estava acontecendo.
Como havíamos chegado naquele ponto? Quando foi que tudo se perdeu? Eram perguntas que eu fazia para mim mesma, sem saber uma resposta.
Ao final do dia, quando retornei para casa, Harleen chegou um pouco depois. Não houve cumprimentos, nem nada do tipo. A casa estava em um completo silêncio, quase como em um velório, talvez para o sepultamento de nosso relacionamento, quem sabe até de nosso amor.
Tudo o que conversamos naquela noite foi sobre como a situação entre nós ficaria, a casa e os bens que adquirimos juntas ao longo do caminho. Cada uma pegou para si o que achava que era mais importante, e quanto a moradia, eu mesma me prontifiquei de que procuraria outro lugar para ficar, e enquanto isso não acontecia, dormiria em outro quarto. Concordamos em silêncio, e foi assim durante os próximos dias.
Estava doendo assistir a tudo aquilo. Se antes eu sofria pela dor de ver meu casamento se perdendo, agora eu presenciava seu enterro. Era inevitável segurar as lágrimas em certas partes do dia, sentir o aperto no peito, e ao chegar em casa, nem mais as brigas acontecerem. Não sentia falta das brigas, mas agora era como se duas estranhas estivessem morando sob o mesmo teto.
Na mesma semana, acabei por contar a Selina sobre o término e como as coisas estavam seguindo, e a morena prontamente me ofereceu o quarto de hóspedes de seu apartamento. A princípio, neguei, não queria ser um incômodo para ela, além do pequeno detalhe de que na última vez em que dormi em sua casa, acordei no meio da madrugada com gemidos nada discretos. Foi difícil encara-lá no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Porém, após pensar um pouco e não encontrar nenhuma outra opção melhor, acabei por aceitar a oferta, e desde então estava separando minhas coisas e as levando para o apartamento de Kyle.
Agora, duas semanas após o fim de tudo, eu me encontrava em um novo quarto, em um novo endereço, e sozinha. O quarto não era tão grande quanto ao meu antigo, o qual eu dividia com Harley, na verdade, o apartamento de Selina era bem simples, mas seu bom gosto com a decoração fazia com que a questão "espaço" fosse quase esquecida. Por mais que Selina me fizesse companhia a maior parte do tempo, ou então Frank no trabalho, ainda me sentia sozinha. Eu seria eternamente grata por minha amiga ter me cedido um cômodo de sua casa, mas não era a mesma coisa que estar na minha casa. Era estranho chegar em um ambiente em que as coisas de Harleen sequer um dia estiveram e nem mesmo seu cheiro presente. Sim, não estávamos bem, mas como me acostumar com uma nova vida solo após tanto tempo vivendo junto a outra pessoa? Compartilhando praticamente tudo da vida, desde uma simples conversa com a mesma pessoa todos os dias até fazer compras para nossa casa.
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Vidas Normais || Harlivy
FanfictionHarley Quinn e Pamela Isley estão juntas há um bom tempo. É um relacionamento comum, poderia ser até mesmo dito como o objetivo de muitos, mas ninguém sabe o que acontece de verdade quando ambas estão sozinhas...