Capítulo 14 - Fantasmas barulhentos e cabeçudos

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Pelo restante da aula, Ayla fora incapaz de acalmar seu coração. Mesmo com a voz alta do professor ecoando pela sala, e o seu caminhar ente as carteiras, ela não prestara muita atenção na aula. Apenas fingira algumas vezes ler as linhas dos livros, tendo sua atenção roubada pela sensação de ser observada.

Não tivera a coragem para buscar o causador de tamanho desconforto, pois ficara mais nervosa ainda. Chegara a encolher os ombros na tentativa de minimizar sua presença. Somente relaxara quando ouvira o sinal findando as aulas vespertinas.

Com os alunos arrumando seus materiais e seguindo para seus respectivos clubes, Ayla finalmente encontrara paz naquela bagunça.

— Pareceu bem distraída em minha aula, hein.

Erguendo a cabeça percebera o professor Daniel ao lado de sua carteira, a olhando com os olhos cerrados. Soltando um risinho envergonhado, Ayla coçava a nuca.

— Desculpe, professor.

— Irá se acostumar com a nossa escola, logo mais conseguirá ignorar esse falatório.

Por um instante Ayla não parecera compreender, e até inclinara a cabeça infantilmente para seu professor. Logo sua dúvida se fora quando vira, atrás de Daniel, duas garotas a olhando e cochichando uma para outra.

Ah, certo. Ela era a garota transferida que residia no quarto andar. Não poderia esquecer que os alunos teriam medo de si, o que lhe desapontara.

— Não posso fazer nada além de ser paciente, não é?

— Se o problema for enturmar, posso te ajudar. Já deu uma olhada nos clubes da escola?

— Ainda não — Respondera com certa relutância na voz. Ora essa, duvidava muito que algum clube fosse aceitá-la. Seria perda de tempo procurar um, não?

— Se entrar em um e fizer amizades, os seus colegas irão ter menos medo. Verão que é apenas uma garota.

— Para ser sincera não acho que seja tão simples assim, além disso não tenho nenhum talento em especial para participar desses clubes.

Daniel a fitara por um tempo em silêncio, e então estalara a língua. Sorrindo levemente de canto, algo brilhava em seus olhos. Ayla sentira um arrepio passar em sua espinha ao se defrontar com aquele olhar determinado, e até sentira necessidade de fugir.

Ponderou a ideia, admitia.

Mas Daniel bloqueava a sua saída da carteira. Erguendo o queixo arrogantemente, seu sorriso se alargava.

— Então, que tal dar uma mão para o clube de astronomia.

— Astronomia? — Cerrando o cenho Ayla segurou o ímpeto de fazer uma careta. Não entendia nada de astronomia, e duvidava muito que seria de grande ajuda. Oh céus... Como escaparia? — Professor eu...

— Como benfeitor do clube, também estou dando uma mão já que somos nós os responsáveis pelo evento de hoje à noite. O que acha?

Ayla recordou-se do evento no refeitório, e das palavras de Mayla em seguida. O evento do eclipse lunar não deveria acontecer por pedido daquele sujeito medonho e horrendo. Se o clube de astronomia estava organizando-o isso significaria que fora o professor Daniel quem desobedecera o pedido do mascarado?

Um fio de pensamentos e lembranças se erguera.

Da noite anterior quando Rafael a levara para ver o uniforme, haviam encontrado o professor no corredor. Nenhum dos dois pareciam se dar bem, e haviam significados ocultos em seus olhares.

Será que Rafael estava ciente de que fora o professor quem causara toda a desordem com o mascarado?

Oh... Ayla sentiu mais uma vez aquele arrepio em sua espinha.

Fantasma MonocromáticoOnde histórias criam vida. Descubra agora