Élodie quis rir, mas julgou que aquela ação acuaria o homem à sua frente. Em vez disso, perguntou:
— Você permaneceria perto daquela mulher apenas por minha causa? Não faz sentido.
— De fato não faz.
Não era a resposta que ela esperava.
Na verdade, desde que o encontrara, nada saiu como o esperado.
Esperava encontrá-lo ferido fisicamente, mas suas lágrimas davam a entender que, naquele momento, suas feridas mais dolorosas eram da alma.
Esperava conversar com ele sobre planos para impedir o avanço de Oto — e o seu casamento —, mas, de repente, a conversa se transformou em algo íntimo.
— Mas, se me permite dizer...
— Não permito.
Ele riu.
— Também não faz sentido considerar um casamento apenas para que eu tenha liberdade.
— Não considerei o casamento, apenas ponderei as possibilidades.
— E por quê?
Élodie considerou as possíveis respostas para aquela pergunta, mas elas se apresentaram mais como interrogações pessoais.
Era por Sophie? Mas por que tentar provar o seu altruísmo a uma pessoa morta?
Era por generosidade? Mas por que ele, e não tantos outros que viviam naquele castelo?
Ou seria o destino?
Mas a princesa não acreditava no destino — mesmo que parecesse improvável que apenas ela tivesse sobrevivido, sem a menor explicação.
Sentiu-se confusa com os próprios pensamentos.
— Não sabe dizer?
— A sua prepotência seria motivo suficiente para que fosse morto.
— Perdoe-me. Quando a senhorita está por perto, sinto-me livre para ser quem eu sou e dizer o que penso.
Ela pensou em como devia ser difícil para alguém viver como escravo, sem direito a fazer o que tivesse vontade ou expor seus pensamentos.
Por muito tempo a princesa acreditou viver em uma espécie de escravidão, na qual não podia expressar o seu ódio pelo assassino da sua família, já que a sua vida fora preservada por ele — a necessidade de ser grata a Oto corroía a sua alma.
Todavia, existia uma diferença entre ela e todas as outras pessoas que foram presas e escravizadas: Élodie tinha o luxo da boa educação, do conforto e da alimentação.
Além disso, ela nunca foi maltratada.
— Livre o bastante para me dizer se os rebeldes pretendem derrubar Oto em breve?
Timothée a encarou, sério.
Sempre que ele olhava diretamente em seus olhos, Élodie sentia-se no direito de reparar em cada detalhe físico que o transformava em um homem belo.
A princesa não deixou de notar que seu rosto parecia mais corado do que antes.
— A senhorita deve considerar que tenho motivos para não confiar os segredos da causa a...
— Tudo bem — ela o interrompeu, levantando-se logo em seguida.
Sentiu-se exausta de repente, como se só naquele momento o peso de ter passado horas no jantar, lidando com pessoas que detestava, e, depois, ter se preocupado com o sumiço de Timothée pesasse sobre ela.
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REBEL || Timothée Chalamet
أدب الهواةInício: 24/12/2022 Quando a princesa Élodie decidiu ajudar um rebelde escravizado, ela não fazia ideia de que ele seria a sua ruína. "Em meu coração, alteza, não existe prioridade acima da causa rebelde" Capa by @amsamora