Timothée não se lembrava de ter, em algum momento da sua vida, pensado que participaria de alguma comemoração.
A sua infância foi marcada pelo trabalho pesado, já que, poucos anos depois do seu nascimento, Oto ascendeu ao trono de Asteria e mudou diversas leis relacionadas ao trabalho e aos impostos que o povo deveria pagar.
Durante o reinado de Chipra, a taxa de imposto variava de acordo com o rendimento de cada trabalhador. Já com Oto, a taxa deveria ser cobrada de acordo com a quantidade de pessoas vivendo em um mesmo lar.
A casa de Timothée, apesar de pobre, abrigava diversas pessoas da família, incluindo seus irmãos, a maioria ainda crianças.
Todos eles tiveram que começar a trabalhar, e três morreram por não aguentarem o trabalho pesado demais para uma criança.
As coisas pioraram ainda mais quando Oto invadiu Nova Aurora e anexou o território conquistado ao de Asteria. Com o Reino Unificado, o território sob domínio do rei tornou-se ainda maior, de modo que o imposto por pessoa também aumentou.
O que eles comemorariam, se não restava tempo nem para desejar bom-dia aos outros?
- Não faço ideia, alteza - respondeu, por fim. - Nunca fantasiei sobre festas comemorativas.
Ele começou a gostar de como Élodie não transformava o seu rosto em uma expressão de falsa piedade, como se ele fosse digno de pena.
Lembrava-se da primeira vez em que a rainha Janelle o entrevistou, perguntando de onde ele vinha e o que fazia. Ao ouvir as respostas, a mulher murmurou "oh, pobrezinho" - e logo depois o humilhou de todas as maneiras que conseguiu.
Mas não Élodie.
Quando viu as suas feridas e cicatrizes, ela não disse "oh, pobrezinho", nem o olhou com pena. Ela disse "vou matar cada um que fez isso com você".
E também naquele momento, ao ouvi-lo dizer que comemorações não faziam parte da sua vida, a princesa não perdeu tempo com comiseração.
Em vez disso, disse:
- Pois comece a pensar em alguma coisa. Voltarei mais tarde.
Após aquelas palavras, Élodie saiu, deixando o homem com a terrível sensação de que não poderia decepcioná-la.
***
Élodie estava ciente de que precisava ter cautela. As suas artimanhas poderiam passar despercebidas, mas, se ela cedesse à arrogância, pecaria pela prepotência.
No entanto, a princesa começou a se sentir presa ao seu quarto e à área em que ficava.
Não saber o que acontecia nas outras regiões do castelo era uma desvantagem que ela pretendia eliminar, mas precisava admitir que não sabia por onde começar.
Lembrou-se de que Delilah era próxima à dama de companhia de Janelle - a pobre mulher precisava desabafar com alguém, afinal -, e se perguntou se a mulher estaria livre enquanto Janelle cometia as suas perversões sexuais.
Mesmo com aqueles gatilhos para planejamentos, a princesa não conseguia se concentrar em nada, e sabia por que estava tão distraída.
Nunca, em toda a sua vida, ficara sozinha com um homem tão belo.
Um homem tão belo e com o peitoral desnudo.
Um homem tão belo e com o olhar tão penetrante.
Era difícil manter a concentração quando Timothée olhava em seus olhos, e ele sempre fazia aquilo antes de falar com ela.
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REBEL || Timothée Chalamet
FanfictionInício: 24/12/2022 Quando a princesa Élodie decidiu ajudar um rebelde escravizado, ela não fazia ideia de que ele seria a sua ruína. "Em meu coração, alteza, não existe prioridade acima da causa rebelde" Capa by @amsamora