Capítulo 5 - Nada faz sentido

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Alguns dias se passaram.

Jisung tentou não criar expectativas sobre todas aquelas entrevistas. Afinal, os pais de Chenle haviam lhe dito, inúmeras vezes, que a busca pelo primeiro emprego na idade dele era muito mais difícil do que se uma pessoa experiente estivesse na mesma situação. Um telefonema poderia demorar semanas, talvez um mês. Talvez nunca ligariam de fato.

Mesmo assim, o coração disparava toda vez que ouvia seu celular tocando. Passou a atender todos os números desconhecidos que costumava ignorar. O resultado, nunca era o tipo de ligação pela qual ele estava esperando.

Eis que, em um dia qualquer, quando já havia perdido todas as esperanças e voltado a passar seus dias ouvindo a mesma playlist de emocore enquanto jogava Animal Crossing no nintendo de Chenle, Jisung atendeu seu celular sem entusiasmo.

Descobriu que havia sido chamado para uma entrevista definitiva. Uma fase dois do que já havia feito.

Um passo mais perto, mais formal e mais sério de conseguir o que tanto queria.

Após desligar, ficou alguns segundos largado no sofá, olhando pra cima.

Não conseguia acreditar.

A primeira coisa que fez — quando se viu capaz de esboçar qualquer outra reação, além do seu enorme sorriso incrédulo — foi avisar para Chenle. Disse que teria de voltar naquela ótica grande que ficava perto da antiga escola dos dois, no dia seguinte. E por algum motivo, que nem ele compreendeu muito bem, também disse que gostaria de ir sozinho.

Jisung queria sentir que conseguia fazer aquilo sozinho.

Se tudo desse certo, em pouco tempo, ele se tornaria um dos atendentes daquele lugar bonito.

Chenle estava orgulhoso e esperançoso, desde o momento em que recebeu a notícia.

Também estava um pouco elétrico.

E... eufórico pra caralho.

Só um lugar no mundo poderia salvá-lo da própria ansiedade enquanto seu namorado atendia à uma seletiva de emprego.

— Sem maconha no meu estúdio! — Donghyuck gritou, ao ver Jaemin tirando algo suspeito de dentro da própria bolsa.

— Por que? Tenho certeza que você já fez coisa muito pior aqui dentro. — O mais novo retrucou, afiado. Estava sentado no sofá de canto, cor vermelho ardente, que era um dos únicos elementos chamativos no meio de toda a decoração obscura do estúdio.

Donghyuck revirou os olhos. Estava no meio de um serviço importante — tatuando o melhor guitarrista da cidade, Nakamoto Yuta — e ainda tinha que ficar tomando conta de seus amigos sem noção.

Renjun e Jaemin ficavam ali com ele o dia inteiro. No começo, ver o Lee trabalhando no lugar que havia lutado tanto para construir, era a coisa mais incrível de todos os tempos. Depois, passaram a aparecer no estúdio quando não tinham nada pra fazer, quando queriam companhia, quando queriam tirar fotos com um cenário bacana, e a listas de desculpas só aumentava.

Chenle e Jisung passavam mais tempo um com o outro, mas também eram visitantes assíduos do lugar. Mas naquele dia, devido ao repentino compromisso de Jisung, só os três apareceram.

O álbum mais chato do The Offspring, também conhecido como o favorito de Huang Renjun, saía das caixas de som espalhadas ao longo do teto do ambiente.

— Porra, só tem a gente aqui. Isso só vai ser um problema se o seu cliente aí tiver algo contra. É o caso, senhor Nakamoto? — Renjun perguntou, com um indescritível sarcasmo na voz, enquanto terminava de enrolar a seda.

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