Capítulo 4 - Jovens telas trincadas

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Apesar do pequeno atraso, conseguiram pegar o metrô por volta do horário planejado. Chenle estava vestido como em qualquer outro dia, fazendo contraste com o garoto engomadinho que apoiava a cabeça em seu ombro. Até mesmo sua fiel mochila preta estava presente, com a única diferença de que não estava carregando suas latas de tinta naquele dia. No lugar delas, estavam suas carteiras, as chaves de casa, uma pasta com documentos e duas garrafas de água gelada. Não sabiam por quanto tempo ficariam ocupados, já que Park Jisung tinha em mãos uma longa lista de lugares e alguns eram bem distantes um do outro.

O primeiro, era uma construtora renomada que ficava no principal centro de comércio da cidade. Os pais de Chenle tinham certo contato com os donos e apresentaram Jisung como uma indicação pessoal, através de um telefonema. Agora, era hora dos mesmos conhecerem o rapaz pessoalmente, e Jisung não poderia estar mais nervoso.

— Por que eu decidi vir aqui primeiro? — Ele massageou a própria têmpora. Encaravam a decoração sofisticada, um pouco afastados da entrada do lugar. O letreiro brilhante intimidava o mais novo cada vez mais.

— É melhor matar o chefão logo de cara. — Chenle imaginou que estivesse dando um conselho, mas os olhos pequeninos de Jisung se arregalaram ainda mais, pedindo socorro. Chenle segurou ambos os ombros do namorado. Encarou seu rosto, falando calmamente. — Ei, você já veio até aqui. Tudo o que precisa fazer é entrar, procurar pela tal da senhora Min e vocês vão só conversar...

— Não é só uma conversa simples. Tenho que tomar cuidado com as respostas, como seus pais me disseram. — Jisung fechou os olhos, relembrando. Não parecia mais calmo. — Odeio tomar cuidado com o que eu digo. E se do nada o meu cérebro parar de funcionar?

O outro negou com a cabeça. Havia um sorriso tranquilo em sua boca.

— Jisung, você é a pessoa mais cuidadosa que eu conheço. Tudo bem, você é tímido, você fica nervoso, mas quando consegue relaxar, seu jeitinho natural conquista qualquer pessoa. — Assentiu pra si mesmo.

Depois, deu risada. Se surpreendeu com as próprias palavras.

Chenle não falava desse jeito com frequência, mas toda vez em que o fazia, virava uma máquina de metralhar elogios.

Jisung notou também. Era o motivo do pequeno sorriso que havia surgido ali. Ainda que continuasse nervoso, Zhong Chenle tornava qualquer batalha mais fácil.

O mais velho massageou cada um dos ombros dele, antes de se afastar.

— Vai lá. Quanto mais cedo a gente acabar isso, mais cedo a gente pode ir pra casa assistir The Midnight Gospel. — Sorriu de novo. Fez o possível para transbordar boas energias.

— Tudo bem. — Jisung respirou fundo e mordeu o lábio. Abaixou a cabeça, absorvendo todo aquele conforto. — Talvez eu demore. Onde você vai ficar?

Chenle olhou ao redor. As calçadas do centro comercial eram extremamente largas, e possuíam bancos de madeira ao longo da extensão.

— Aqui fora, eu acho. — Deu de ombros. Entrelaçou seus dedos pequenos às mãos grandes de Jisung, que naquele dia, não tinha unhas pintadas de esmalte preto. Por fim, deixou um aperto firme, desejando boa sorte. — Pode correr pra mim se algo der errado.

Jisung encarou a união de suas mãos por mais tempo do que devia.

Seus olhos brilhavam. Sua cabeça ecoava as palavras gentis de Chenle, como se fosse uma música que o trazia paz.

Após um sorriso de gratidão, se afastou.

Chenle passou mais alguns segundos de pé. Ao julgar pelo discurso de motivação que havia acabado de fazer, ele devia estar confiante sobre aquela situação toda. No entanto, a verdade era que suas mãos estavam totalmente inquietas nos bolsos do moletom, enquanto observava o rapaz alto, dono de um caminhar acoado e doce, adentrar o lugar chamativo.

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