Capítulo 8 - Feliz aniversário

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Chenle checou o horário no visor do celular. Malditos cinco minutos o separavam do intervalo entre as aulas.

Seus olhos intercalavam entre as luzes brancas no teto e a escuridão que ficava do lado de fora das janelas. Ultimamente, ele vinha aprendendo a se acostumar com muitas coisas, mas estudar de noite era um desafio e tanto. Ficar ali, na sala de aula, causava um tipo de cansaço noturno que ele tinha certeza que não sentiria se estivesse largado em casa.

Ao menos, as aulas eram meio legais. E ele tinha Renjun o esperando no primeiro andar do prédio.

Desceu as escadas quando o professor liberou a turma. Caminhou entre muitos rostos desconhecidos, mas ainda era uma opção melhor do que perder anos de vida na fila do elevador. Já tinha mandado mensagem para Renjun perguntando onde ele estaria, mas ainda estava sem resposta.

Andou sem rumo pelo pátio, com as mãos nos bolsos da jaqueta.

Não encontrava o amigo de jeito nenhum.

Então, resolveu procurar algum lugar para fumar.

A faculdade era tão grande que Chenle ainda não conhecia nem metade do espaço. Andou perdido para além da quadra esportiva, ocupada pelos atletas da instituição. Não sabia pra onde estava indo, mas parou quando tudo já estava quieto e vazio o bastante.

Estaria completamente sozinho, se não fosse pelo rapaz que estava saindo de um canto escuro, limpando a boca com as costas das mãos. Uma garota alta de cabelos curtos deixou o mesmo lugar poucos segundos depois.

Renjun parecia pronto para voltar para o pátio, voltando a se lembrar da existência de seu melhor amigo, mas Chenle chamou a atenção dele antes disso.

— Tsc, tsc... — O mais novo balançou a cabeça.

Renjun sorriu, e retrucou na maior cara de pau:

— Que foi?

— Nada. — Tirou seu maço e isqueiro de dentro da mochila. Observou a garota indo embora. — Tirando o fato de que não tem nem uma semana que a gente tá estudando aqui, e você simplesmente... — Se recusou a terminar a frase, se referindo à situação que havia acabado de presenciar.

— Desde quando você cuida da minha vida desse jeito, hein? — Renjun encostou-se no muro, ao lado de Chenle, chocando seus ombros contra os dele.

— Eu só não consigo entender como você socializa tão rápido.

— Não é preciso socializar pra dar uns beijinhos.

Chenle arregalou os olhos.

— Pra você, né? — Tragou fundo, soltando a fumaça de maneira suave após alguns segundos. — Acho que a vida inteira eu só consegui ficar com pessoas que já tinham algum tipo de vínculo comigo.

Ofereceu um cigarro para Renjun, que aceitou de bom grado.

Depois de acender, passou a refletir.

— Pelo o que eu sei, tem um nome pra isso. — Estalou os dedos da mão livre, tentando se lembrar. — Demi... demirromântico? Demissexual...? Algo assim.

O Zhong deu de ombros.

— Nunca ouvi falar, mas deve ser algo assim. — Com um outro trago, checou o horário mais uma vez. Se perguntava o que Jisung estaria fazendo e queria ir logo pra casa. De qualquer forma, acabou dando atenção para outro item no visor do celular: a data. — Ei, seu aniversário tá chegando. A gente devia fazer alguma coisa.

Renjun pensou por alguns instantes.

— Não sei, não... acho que a gente tem que pegar o jeito com os trabalhos da faculdade primeiro, pra depois voltar a curtir... — Ele parou de falar, já reparando no olhar desconfiado de Chenle. Quando o olhou de volta, não conseguiu segurar a risada, expondo a ironia nas suas palavras. Os dois gargalharam. — O que você tem em mente?

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