Quem é Mina?

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Desde o primeiro dia em que os caminhos de Son Chaeyoung se cruzaram com os de Yoo Jeongyeon, elas souberam que eram amantes. Não por se amar com beijos, com declarações românticas, amavam simplesmente uma a outra como pessoa. Dividiam uma alma sem um sentido romântico, mas definiam seus risos, seus afagos, suas implicâncias e até mesmo brigas, como amor.

Naquele dia, Jeongyeon levou Chaeyoung para jantar. Depois de um dia terrível de calor, gente suada gritando e o pior, uma reunião com os chefões que pediram pra ela explicar pro grupo de publicidade os seus designs para a marca que trabalhava. A soma de tudo aquilo era um tigrinho cansado, manhoso e que precisava comer bem.

Felizmente, Jeongyeon conhecia um lugar muito bom para a levar: O restaurante da família Yoo.

Em tantos anos de amizades, as garotas já tinham um acento especial para elas, o seu lugar especial. Ficava mais ou menos nos fundos em um cantinho que escondia suas iniciais por trás da toalha de mesa. Fizeram aquilo muitos anos antes, assim que o restaurante fora inaugurado. No começo era apenas uma brincadeira entre crianças, mas acabou se tornando a marca delas, que era em seu lugar favorito.

— Aquele merdinha acha que eu devo fazer algo milagroso para salvar a marca, ou sei lá, o próximo pôneis malditos? — Chaeyoung reclamava, mexendo em sua água tônica com o canudinho. Ela não era nenhum gênio milagroso, e isso a deixava revoltada da vida. — E você ainda precisava ver, Jeongie, a arrogância daquele povo. Nem parece que o idiota do senhor Min estava aos beijos com aquela funcionária lá, isso poderia gerar uma demissão pra eles. Otários. E ainda esperam que eu seja perfeita? Eu quero mais que eles se ferrem.

Jeongyeon riu de toda aquela revolta porque era fofo como Chaeyoung franzia o cenho quando estava tão brava. O tempo inteiro, a Yoo estava com o rosto apoiado na mão, admirando como Chaeyoung expunha seus sentimentos tão fácil para ela.

— Tenho certeza que o que é deles virá logo. Nosso macarrão carbonara vai vir, porque pedimos por isso, então, o restaurante do inferno para onde eles vão, irá trazer aquilo que eles merecem por serem tão idiotas com alguém tão legal como você é, Chaeng.

— A gente também pediu presuntinho com morango. — Chaeyoung fez um biquinho manhoso. Aquele dia estava acabando com ela, mas ainda bem que tinha a sua salva-vidas particular, Yoo Jeongyeon. — Seu pai sabe que ele é o amor da minha vida por ter incluído isso no menu do restaurante por minha causa? Aliás, eu amo mais o seu pai do que amo você.

Jeongyeon riu junto com Chaeyoung, alcançando a mão dela por cima da mesa em um carinho.

— Acho que posso lidar com a competição. E ele sabe que você é o amor da minha vida, por isso colocou seu prato favorito no menu.

— Acha que foi pra te mimar? — ela inclinou a cabeça usando o típico tom de implicar com Jeongyeon. — Aceite, Jeongie, seu pai me ama mais.

— Até parece.

As duas ficaram naquele clima leve, despejando todo o estresse que tiveram durante o dia. Jeongyeon também contou um pouco sobre o trabalho, e como Jihyo e Nayeon, suas amigas e parceiras, eram loucas. Claro que, Chaeyoung em seu jeitinho de implicar com a melhor amiga, adorava aquelas duas que azucrinavam sua vida o tempo inteiro.

Então, depois de mais ou menos vinte minutos, as mulheres avistaram o seu pedido chegando. O prato com o macarrão fazia aquele vapor apetitoso subir, bem como o conjunto de morango com presuntos parecia ter sido caprichado para a inventora da receita. E é claro, pediram mais água tônica para acompanhar, era sua bebida favorita.

Havia muitas coisas para se reparar naquela refeição. As bolhas que se acumulavam no topo da água, as pedrinhas de gelo colidindo umas com as outras, a comida aromática. Mas o que o olhar de Jeongyeon e de Chaeyoung encontraram foi a responsável por trazer a comida.

Ela vestia um terno, como todos os outros garçons pelo salão. O dela era um pouco mais justo, por ser feminino. A gravata vermelha estava bem alinhada, de forma que ela não parecia uma garçonete e sim uma empresária. Seu olhar era firme, e o rosto denunciava que era estrangeira.

— Boa noite! Aqui estão os seus pedidos. — a voz. Repararam juntas na melodia de sua voz, tão suave, como uma linda canção. — O chefe Yoo pediu para que aproveitassem, e disse que os morangos foram colhidos hoje mesmo para você, senhorita Son.

Chaeyoung estava em um torpor tão grande que pouco mexeu a cabeça assentindo. Não conseguia sequer falar, era como ter a vista de um anjo, bem no sentido literal da coisa. Os cabelos dela, em um tom loiro, ajudaram naquela concepção.

— Ahm, qual é o seu nome? — Jeongyeon perguntou casualmente. Ela sorriu daquela forma em que sua boca ficava um tanto tortinha, era um de seus maiores charmes. — Desculpa se a pergunta parecer estranha, é que eu sou filha do Changjoon, sabe? Então não me lembro de ter visto uma moça tão linda quanto você por aqui antes. Eu certamente teria me lembrado de você, senhorita.

Mina sorriu encostando a bandeja contra o corpo. Chaeyoung suspirou, não conseguia fazer nada além de suspirar.

— Eu me chamo Mina, senhoritas. Fui contratada na semana passada, e hoje é o meu primeiro dia. É um prazer conhecê-las, aliás.

O prazer era inteiramente de Chaeyoung e de Jeongyeon, que sorriram sem jeito. Parecia que nunca haviam visto alguém interessante em suas vidas, porque simplesmente não sabiam como agir.

— Você parece habituada, trabalha com isso há muito tempo? — Chaeyoung, querendo entrar na conversa, questionou em um tom amigável.

— Acho que apenas sou boa no que me proponho a fazer. — então, ela deu um sorrisinho de lado. — Bom, eu tenho que ir agora, então aproveitem, sim? Obrigada por perguntarem sobre mim, aliás. Tenham uma ótima refeição.

Agora, com a saída de Mina, ambas as garotas pareciam paralisadas. Era como se algum tipo de veneno tivesse sido despejado em suas veias. Ao invés de dor, tudo o que seu corpo sentia era um frenesi que ardia em Mina.

Quem era Mina?

— Jeongie, acho que eu...

— Me apaixonei.

As duas falaram baixinho seguindo Mina pelo salão, até que notaram o que disseram. De supetão, Jeongyeon e Chaeyoung se encararam atordoadas.

— O que disse?!

Sorvete de Chocolate BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora