Tudo Para Os Ares

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Obviamente, depois do fiasco do jantar, Jeongyeon e Chaeyoung embalaram a jantinha numa marmita de isopor e então seguiram para o seu local seguro, porém nem tão seguro assim: o apartamento de Tzuyu.

O jantar realmente estava gostoso, o que era um fiasco considerando que Chaeyoung e Jeongyeon estavam destroçadas por terem magoado Mina. Bom, não fizeram nada que pudesse, de fato, magoar Mina, mas, estavam tristes da mesma maneira. Tzuyu teve que aguentar a choradeira enquanto comiam sobremesa com calda de morango.

E por odiar ver suas melhores amigas daquele jeito — e também, é claro, por querer sua paz espiritual de não ter todo aquele chororô em sua casinha —, Tzuyu fez uma reserva no restaurante dos Yoo para aquela noite. Escolheu uma mesa longe da que Chaeyoung e Jeongyeon sentavam porque, sempre quis passar tinta por cima daquelas iniciais que manchavam a parede perfeita do estabelecimento. Chou revirou os olhos, até que avistou a mulher de terno que capturou os corações de suas amigas.

É, não era à toa que se apaixonaram. A tal Mina era bonita mesmo, tinha aquele ar elegante e um olhar tão firme que poderia até mesmo matar. Tzuyu se pegou pensando naquela mulher com raiva, era mesmo um milagre que suas amigas tenham conseguido escapar e ir para seu apartamento depois de brigar com ela.

Um suspiro veio. Mina tinha cara de mal, mas Tzuyu estava decidida. Era a hora de agir e ser uma boa pessoa para recuperar a felicidade de Chaeyoung e de Jeongyeon. E sua paz, ela não deixaria de mencionar a sua amada paz.

Tzuyu já sabia mais ou menos de cabeça alguns dos melhores pratos do restaurante, então não precisou folhear o cardápio nem nada. Apenas levantou a mão no momento em que Mina encarou buscando por algum pedido, e então sem demoras, já tinha seu bloquinho de notas em mãos para ir até Chou. Logo, assim que chegou, ofereceu um sorriso amistoso, porém forçado.

Mina não estava bem por causa de antes. Era visível em todos os seus gestos que ela estava magoada e triste. Ao menos era recíproco, Tzuyu pensou, já que suas garotas estavam naquele mesmo estado deplorável.

— Boa noite, eu...

— Sua gravata está torta. — Tzuyu falou sorridente, se levantando para poder ajudar. Mina ficou um pouquinho fora de órbita.

Era de ir pro espaço ver a mulher tão alta naquele vestido preto que destacava todas as suas curvas possíveis se levantando para arrumar a maldita gravata que colocou às pressas. Ela voltou a sorrir, no final de tudo.

— Ahm, desculpe. E obrigada por me ajudar. — Mina colocou uma mecha loira de seu cabelo para atrás da orelha. Certo, agora tinha que seguir com o trabalho. — Eu posso fazer o seu pedido, senhorita?

— Dia difícil?

Mina suspirou. Por que seus clientes estavam tão exóticos esses dias? Sem querer a mente traiçoeira a levou para o abraço quentinho que Yoo Jeongyeon possuía. Pior ainda, havia o sorriso bobo de Son Chaeyoung, seu jeito artístico que era de se admirar. A forma como ambas, em seu jeito, eram únicas. E como pareciam perfeitas se estivessem juntas. Myoui maneou a cabeça discretamente, como se pudesse se desfazer dos pensamentos.

— Não ao todo. Posso anotar agora ou prefere aguardar mais um pouco?

Tzuyu deu outro sorriso, enquanto Mina tentava não soar ríspida.

— Quer sentar e conversar um pouco? Talvez tomar alguma coisa pudesse te ajudar.

— Estou em horário de serviço, senhorita. — Mina quase perdia a paciência. Ela apontou para o bloco de notas. — Eu posso pedir pra outra pessoa vir, se houver algum problema.

— Tá legal, vou ser direta. — Tzuyu, infelizmente, teve que agir. Chaeyoung e Jeongyeon iriam lhe pagar por aquilo. Iria pedir um pote enorme de sorvete, e ia comer sozinha na frente delas. — Você é uma mulher bonita, Mina.

— Sabe o meu nome?

Agora as coisas ficaram estranhas, Tzuyu teve que procurar uma saída urgente, e graças a Deus, essa saída estava presa bem no uniforme da mulher.

— Está no seu crachá. Mas sim eu já sabia o seu nome, mas isso porque...

— Tzuyu?

Agora tudo havia ido para os ares. Por trás de Mina, lá estavam Chaeyoung e também Jeongyeon bem ao lado. Ambas com buquê de flores e um olhar confuso. Em suas mentes não havia uma única explicação a não ser aquela, como há de muitos anos atrás. Jeongyeon foi quem deu o primeiro passo completamente ofendida.

— Você veio pegar o nosso sorvete de chocolate branco?!

— Pelo amor de deus! — Tzuyu revirou os olhos, tentando de alguma maneira se fundir o suficiente com aquela cadeira para quem sabe subir pra sempre. Chaeyoung jogou o buquê de flores na mesa, completamente furiosa.

— Está tentando roubar a nossa garota! Bem como o maldito sorvete. Claro que Mina é... — Chaeyoung olhou para a Myoui, que estava paralisada no meio de todo aquele completo caos. — linda e incrível e engraçada. Tem esse jeito perfeito de ser.

— E sabe conquistar cada partezinha de qualquer pessoa. Mina é única, em cada mínimo detalhe dela. Tudo em Mina remete a perfeição.

Então ambas se voltaram para Tzuyu, que bocejou no meio das explicações bobas. Ela olhou de Chaeyoung para Jeongyeon, enxergando uma grande nuvem de sentimentos. Mina também tinha sentimentos por todo o seu corpo, ela se sentia estranha, então delicadamente colocou a bandeja e seu bloquinho de notas em cima da mesa bem perto do buquê de Chaeyoung.

Ela olhou brevemente, e então, sussurrou bem baixinho.

— Querem saber, eu cansei disso. Vocês são loucas, e eu me demito.

Sorvete de Chocolate BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora