O Suficiente

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Depois de toda uma noite agradável ao lado de Mina, entre conversas, comidas gostosas e é claro, beijos que iam e vinham sendo roubados ou completamente dados, seu encontro chegou ao fim quando a Lua já estava no topo do céu. Elas riam, e Mina estava um pouquinho bêbada, segurando Jeongyeon em um abraço quando estavam de moto em direção a sua casa.

Elas se despediram com um selinho rápido. Mina havia convidado Jeongyeon para passar a noite, afinal, era bem tarde. Embora se visse tentada, Jeongyeon recusou, Mina não estava nas melhores condições e então decidiu deixá-la descansar.

Deixando-a em casa, o próximo destino de Jeongyeon foi o posto de gasolina, onde passou para abastecer a moto e comprar bebida alcoólica na lojinha de conveniência. Também não deixou de comprar bolinho de caramelo, ela sabia que Chaeyoung gostava daqueles. E justamente, a próxima parada seria entregar o bolinho para a sua dona.

Chaeyoung morava em um prédio no subúrbio junto com seus dois cachorrinhos que, assim que sentiram o cheiro da Yoo favorita deles, vieram correndo para pular em cima dela.

Embora fosse tarde, Chaeyoung não parecia com nem um pingo sequer de sono. Quando entrou, Jeongyeon foi logo semicerrando os olhos, ela sabia exatamente o porquê dela estar toda animadinha assim.

— Não me olhe assim, você sabe que todo mundo faz isso. — Chaeyoung evitou o olhar de Jeongyeon, ficando animada quando viu seus bolinhos.

— Eu não estou te julgando por fazer. — Jeongyeon continuava a olhar. — Todo mundo faz isso. Ficar lendo até tarde prometendo ler apenas mais um capítulo quando na verdade está perto demais da história ganhar um boom e então você não quer parar.

— Você é louca. Eu realmente ia ler ia ler mais um único capítulo, aí você chegou. — ela disfarçou. Era óbvio que não estava nem perto de dormir, e pra dizer a verdade, esperaria Jeongyeon pegar no sono para terminar de ler o seu romance. — Devo perguntar como foi seu encontro com Mina, senhorita?

Jeongyeon deu um risinho, ficou um pouco corada. Chaeyoung reuniu bolinhos e então colocou suco em dois copos para elas. Os cachorros, depois de ver que Jeongyeon ficaria, foram dormir na sala felizes por ela estar por lá.

— Ela me beijou.

— Oh. — Jeongyeon poderia pensar que aquilo significava que Chaeyoung ficou surpresa, mas não era aquilo de todo. Ela sabia que tinha uma amiga mais do que linda, então sempre soube que poderia ter garotas na cola dela. — Ela beija bem?

— Você não faz ideia. — Jeongyeon se encolheu para dizer. Aceitou seu suco e então caminhou para o quarto com Chaeyoung. — Pensei que íamos tomar cerveja. Está bem gelada, sabia?

— Jeongyeon, daqui a pouco vamos dormir, nada de álcool.

— Eu duvido que você vai dormir. Eu te conheço há vários anos, Son Chaeyoung.

— Continuaremos sem álcool, então tome seu suquinho e não reclame.

Jeongyeon revirou os olhos, Chaeyoung era insuportável com aquela mania de beber somente em ocasiões especiais. Esse foi um dos motivos para que, no aniversário de Jeongyeon, ela ter usado como desculpa para encher Chaeyoung de cachaça.

O clima de repente ficou mais frio, e Jeongyeon sentiu as pontas dos dedos ficarem geladas. Neneri e Logan, cachorrinhos de Chaeyoung, de repente fizeram falta. Era como ter um grande elefante branco no meio daquele quarto.

— Escuta.

— Chaeng.

As duas disseram ao mesmo tempo, então, Chaeyoung alcançou a mão de sua melhor amiga por cima do cobertor quentinho delas. Ela envolveu a mão de Jeongyeon como sempre teve o costume de fazer. Dessa vez havia algo de diferente, ela suspirou.

— Você não acha que talvez devêssemos, sabe, tentar? Porque, Chaeyoung, você é a mulher mais incrível de todo esse mundo. E se houver uma chance que possamos...

Chaeyoung voltou para Jeongyeon e então se sentou sobre o colo dela, deixando de lado os lanches que iriam comer. Aquela era uma atitude nova, ela não conhecia um lado de Chaeyoung que se sentava em seu colo possessiva daquele jeito. Uma Chaeyoung que acariciou sua nuca, olhando bem para seus olhos. Yoo não vou mal em fazer pequenos círculos em sua cintura, deslizando para cima e para baixo a camiseta.

— E se... pudermos... Chaeyoung.

Jeongyeon fechou o restante da distância que havia entre elas selando seus lábios. O coração batia forte em um nervosismo nunca sentido antes. A mão de Chaeyoung adentrou seus cabelos possessiva, as bocas se tocavam em urgência.

Mas uma urgência do tipo de desejo, quando se tem vontade de fazer aquilo, porém, não de coração fazer aquilo. Chaeyoung ignorou, então deslizou a mão pelo pescoço de Yoo, começando também a beijar aquela partezinha dela.

Jeongyeon era linda. O jeitinho que arfava em seu ouvido era lindo, como estava nervosa era lindo. Porém, Chaeyoung se separou deixando selares, um atrás do outro, até que se separasse por fim. Ela olhou bem para Jeongyeon, reparando em como os olhos dela estavam fechados, como os lábios pareciam vermelhos depois daquele beijo.

Então, Chaeyoung recostou contra o peito de Jeongyeon, recebendo dela um cafuné. Ouvia dali o coração dela se acalmando, e sentia sua bolha de sempre voltar. Era amigas, e aquilo não daria certo daquela forma.

— Por que não conseguimos? — Chaeyoung murmurou, brava consigo mesma. — Eu queria te desejar, Jeong.

— Deveríamos ser apaixonadas, não é? Que saco.

Outra vez riram, então mudaram suas posições. Elas se deitaram, e agora, Jeongyeon era quem estava apoiada sob o peito de Chaeyoung sentindo como ali parecia estar em casa. Era a sensação de lar, de pertencer a ela.

— Eu te amo, Chaeyoung.

— Também te amo, Jeongyeon. Muito.

Assim, elas dormiram trocando de posições somente para se envolver em uma conchinha. Ao menos, agora tinham uma conclusão, não foram feitas para serem um par romântico, mas o jeito que se amavam era suficiente.

Chaeyoung e Jeongyeon, com o seu amor platônico e não-romântico, eram suficientes uma para a outra.

Sorvete de Chocolate BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora