⏩Effort ⏪

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Você sabe o que sente, mas finge não sentir nada para tentar não sentir.”

Jungkook

A ideia de buscar Jimin surgiu depois que meu irmão interrompeu meu momento de crise existencial, dizendo que eu deveria parar de ser tão lerdo e tomar atitude. É um pouco constrangedor admitir que um garoto de 9 anos me deu sermão, e, para piorar, ainda me zoou pelo resto do horário que passei em casa.

Taehyung foi bem receptivo quando perguntei sobre Jimin; de alguma maneira, parecia ter acabado de ganhar na loteria, com a felicidade estampada em seu rosto. Mais tarde, descobri o porquê: ele, com toda certeza, sabia sobre a paixonite do melhor amigo. Não me admirava que ele estivesse tão alegre pela nossa interação.

O ponto de ônibus que ele me falou ficava a alguns quilômetros do meu bairro, e não demorei a implorar à minha mãe para que me deixasse dirigir. O que não funcionou de primeira, resultando em um belo discurso da minha parte sobre como é deprimente me ver refém do câncer e não poder fazer nada que cause adrenalina.

Ela até que aguentou bem, mas, depois de uns dez minutos, finalmente aceitou meu pedido. Liguei para Seokjin animado com meu feito, mas murchando a expressão assim que o sermão começou.

Sou grato pela preocupação de ambos, mas realmente quero fazer as coisas sem pensar antes no que pode dar errado. Mas a desculpa esfarrapada de que ficaria bem foi o auge da minha idiotice.

Park Jimin me dava a certeza de que o coração pode atingir uma aceleração frenética, porque era exatamente assim que me sentia ao seu lado, no mesmo espaço. Principalmente depois do beijo. Não tocamos no assunto, pois parecia não haver significado, ou pelo menos Jimin agia como se não tivesse sido nada, e, por algum motivo, isso me incomodou.

Dirigir não foi a pior parte do passeio; o que me horrorizava era o esforço que fazia para não mostrar cansaço, mas tornou-se difícil quando finalmente parei. Nunca poderei esquecer o olhar que Jimin lançou para mim, totalmente perdido e em pânico, sem saber como reagir ao meu estado patético. Aquilo me quebrou.

Não pude distinguir quando Jin, Hoseok e Taehyung chegaram, só ouvi explicações frenéticas de Jimin sobre o que havia acontecido. Jin tentou convencer-me a voltar para casa, pois, segundo ele, eu não conseguiria continuar na escola e ter disposição para ficar numa sala de aula naquele estado.

Não queria voltar; mamãe se preocuparia, e, consequentemente, me levaria ao médico. Essa era uma péssima sugestão!

— Tudo bem, ainda não deu o horário de aula. Fique aqui mais um pouco. — concordei facilmente, sendo deixado sozinho enquanto os demais conversavam.

Fechei os olhos, concentrando-me em respirar profundamente, sentindo cada mísera parte do corpo doer e esforçando-me para não me entregar ao sentimento.

Permaneci naquele estado até ouvir o sinal tocar, sendo guiado por Jin a sair do carro.

— Tem certeza de que ficará bem? — questionou com firmeza, recebendo um aceno positivo de minha parte. — Você não parece nada legal.

— Vai passar, estou bem, hyung — sorri minimamente, sentindo seus olhares pesarem em mim, cheios de temor. — Vou ficar novo em folha em breve, não se preocupem.

— Você falando assim faz a gente se preocupar ainda mais. — Hoseok disse, num riso sem humor aparentemente. — Vamos com você até sua sala.

— Não precisa, posso ir sozinho. — suspirei antes de firmar os passos e caminhar até a entrada.

— Jungkook... — chamaram-me num ressoar queixoso.

— Eu 'tô bem, ok? Por favor, sabe que não gosto disso tanto quanto vocês — indaguei, exaurido. — Eu conheço meus limites; se não me sentir bem, vou pra casa.

Before you goOnde histórias criam vida. Descubra agora