⏩Reality⏪

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"No fim das contas, a gente só procura uma forma de matar a dor sem tirar a vida."
 
Jimin

Medo.

É uma reação instintiva do cérebro diante de uma situação considerada perigosa. Nossos sentidos afloram, criando a agonizante sensação de que tudo pode dar errado.

Naquele maldito quarto escuro, tudo o que senti foi medo.

Minha garganta doía depois de horas gritando por ajuda, e minha cabeça latejava tanto quanto cada músculo do meu corpo. Eu me sentia fraco e totalmente impotente.

"Eu sou patético", pensei, não conseguindo parar de tremer ou impedir a enxurrada de lágrimas que caíam dos meus olhos. Agarrei meus próprios joelhos e fechei os olhos com força.

Odiava aquela sensação que me tornava refém de pensamentos altamente destrutivos e irracionais, incapaz de me mover, ansioso e paranóico.

Sem querer, minha mente voltava àqueles dias sombrios, quando, naquele mesmo espaço, um pequeno garotinho temia com todas as suas forças o escuro.

Ele esperava, inutilmente, que sua mãe o tirasse dali, torcendo para que sua irmãzinha não o escutasse gritar; papai odiava quando ela vinha ajudar.

Aquele garotinho perdido e totalmente indefeso esqueceu como crescer, nunca deixou de temer e ainda esperava por um pouco de amor.

A criança cuja alma jamais floresceu.

Eu queria tanto acreditar, mesmo que uma única vez, que tudo ficaria bem, mas a verdade é que nunca fica. As coisas mudam, mas isso não significa que melhoram.

E ali, naquele momento, como em todas as outras vezes, desejei que tudo parasse...

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A cota de dias em que fiquei de suspensão foi o tempo em que permaneci trancado, recebendo nada mais que duas refeições e um copo de água. Talvez minha fraqueza tivesse um motivo, afinal.

Estava me sentindo letárgico, e minha cabeça pesava tanto que mal conseguia manter os olhos abertos. Rosé vinha me ver quando papai não estava vigiando, e eu a escutava chorar todas as vezes.

Eu dizia a ela que estava bem, embora soubesse que ela não levava a sério minhas palavras e tão pouco acreditava, mas era uma tentativa de não fazê-la se preocupar tanto.

Naquela manhã, como em todas as outras, esperei pela aparição dela. Porém, assim que ouvi a maçaneta ser girada, ergui os olhos um pouco surpreso; como ela havia conseguido a chave?

Tentei achar forças o suficiente para levantar, mas não conseguia sequer me manter bem desperto. Chamei seu nome roucamente, mas não houve resposta.

Assim que a porta se abriu, uma silhueta caminhou rapidamente em minha direção, me envolvendo em seus braços com força.

— Maninho, me desculpa, por favor! — Minha irmãzinha chorava como nunca e se culpava na mesma intensidade.

— Jimin, o que aconteceu? Olha só como você está. Era disso que estava falando aquele dia na escola? Como seu pai pôde ser tão cruel!?

— Tae? — questionei confuso. — Como você...

— Rosé me contou tudo. Ela estava preocupada, por isso me contatou. Por que você nunca me disse nada, Min? — Sua voz falhou e vi sua feição cair; uma lágrima solitária escorreu por entre suas bochechas. — Eu te odeio, sabia!? Sempre me deixa preocupado, seu idiota!

Resmungou, dando-me um fraco soco no braço, o que me fez rir, apesar de que aquele simples movimento me causou dor.

— Me desculpa, só não queria que soubesse do lado ruim da minha vida — murmurei sem ânimo.

Before you goOnde histórias criam vida. Descubra agora