⏪fear⏪

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E me pergunto o que eu fiz para merecer isso.
Como você pôde machucar uma criancinha?
Eu não consigo esquecer, eu não consigo te perdoar.”

Jimin

Eu estava mais do que surtando ao lembrar do beijo que havia acontecido entre mim e Jungkook; não parecia real tudo aquilo.

Nossa aproximação, as conversas, tudo o que planejei em cenários na minha mente se concretizou. Por mais que amasse toda essa reviravolta, tinha que voltar à normalidade da minha vida.

Por isso, não esperei até que Jeon acordasse. Sua mãe já estava desperta no andar de baixo, então aproximei-me dela para me despedir.

— Já vai, querido? — perguntou ao notar minha presença.

— Já sim, muito obrigado pela hospitalidade — agradeci com um sorriso singelo.

— Não precisa agradecer. Pode vir quando quiser; vou adorar sua visita — puxou-me para um abraço, deixando-me sem ação, desacostumado com tal gesto.

— Até mais — disse por fim, afastando-me com cuidado do seu aperto.

— Vá em segurança — a ouvi dizer assim que meus pés alcançaram o lado de fora.

Andei em passos lentos até minha vizinhança, tentando demorar o máximo de tempo possível para evitar encontros desnecessários, vulgo meu pai.

Não que fosse tão caótico todos os nossos encontros, mas, a cada discussão, tudo o que mantenho em mente é: O que eu tenho de errado?

Esse pensamento é repetitivo e estressante, fazendo-me questionar várias situações decorrentes da minha vida.

Mas, lá no fundo, uma parte de mim tem razão em pensar que estrago tudo e, mais cedo ou mais tarde, Jungkook seria capaz de perceber isso também.

Perto da entrada, avistei meu pai saindo vagarosamente. Estava prestes a me virar e mudar a rota do caminho, mas ele pareceu prestar atenção em mim e virou-se bruscamente em minha direção.

— Onde esteve? — sua voz, embora soasse suave, continha uma grande dureza.

— Na casa de um amigo — respondi sem muitos detalhes.

— Da próxima vez, procure ficar fora por mais tempo. A casa fica muito mais agradável sem sua presença — deu de ombros antes de sair em passos lentos até o carro.

Fiquei ali parado em frente ao portão, em um completo e perturbador silêncio, até ouvir a voz de Rosé.

— Algum problema, maninho? — questionou rapidamente. — Você e papai conversaram?

— Está tudo bem, e você sabe o que acontece quando tentamos conversar — baguncei seu cabelo, mostrando um sorriso pequeno. — Vou me trocar pra escola.

— Passou a noite fora ontem, onde esteve? — questionou, curiosa.

— Amigo — respondi curtamente.

Suas sobrancelhas se arqueavam em dúvida a minha resposta. Bastaram apenas alguns segundos para que ela me importunasse sobre o assunto.

Esquivei o quanto pude de suas perguntas e só consegui convencê-la a me deixar em paz com uma pequena chantagem, o que funcionou, considerando que a oferta era tentadora pra ela.

Não demorei muito a me arrumar, visto que, desleixadamente, vesti o uniforme, deixando a gravata em um nó desastroso, e meu cabelo com alguns fios rebeldes que insistiam em ficar pairando rente aos meus olhos. Estava apresentável, eu diria.

Before you goOnde histórias criam vida. Descubra agora