Prólogo

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Este capítulo contém, descrição de mortes. Caso não esteja confortável com isso, fique à vontade para pular o trecho. Há outra indicação como essa antes dele.

Respirando profundamente repetidas vezes, Malaika tentou se convencer – mais uma vez – de que aquilo bastava e não resistiu quando uma criada indicou que estava na hora da cerimônia.

Entretanto, seus pés estagnaram a um passo da porta quando escutou vozes do lado de fora:

— Eu não perderia esse casamento por nada! É o maior ultraje que a família real já cometeu.

— Ouvi dizer que a pele dela é tão escura que, se usar trajes de luto à noite, não poderá ser vista — comentou outra voz.

Nossas roupas de luto são brancas..., pensou Malaika em uma correção automática dos costumes de seu povo, mas isso não impediu que o ar de repente deixasse seu peito graças à crítica inesperada.

— E eu ouvi que o cabelo é duro e cresce para o alto — acrescentou uma terceira voz. — Quero ver como vão equilibrar a coroa cerimonial nisso.

Risadas de várias pessoas diferentes se seguiram e, à medida que o tom delas aumentava, as batidas do coração da princesa omlai pareciam martelar mais forte seu peito, impedindo-a de respirar e mergulhando sua visão em névoa.

Malaika não reparou que perdia a força das pernas até ouvir a voz assustada de Seo Yun se aproximando, chamando por ela. A princesa apenas levantou uma mão para acalmar a criada enquanto, com a outra, apoiava-se na parede, junto à porta.

Todas aquelas semanas na nação de Hanbyeol não haviam mudado nada. Para as pessoas daquele reino, ela ainda era só uma estrangeira usurpadora que não tinha o direito de estar ao lado de seu rei. Uma estrangeira cuja aparência nunca se encaixaria, porque não tinha a ver com vestimenta. Uma forasteira que, aparentemente, jamais seria aceita.

Seus olhos escuros marejaram, mas a voz de sua avó se infiltrou em sua mente com a mesma rapidez: Você pode chorar quando não conseguir segurar os sentimentos, mas isso não vai eliminar suas responsabilidades.

Malaika Kalejaiye sabia que era seu dever se casar com o rei oriental, um dever que escolhera cumprir. Voltar atrás naquele momento estava fora de cogitação, mas...

Sugou o ar pela boca com força – já que, pelo nariz, a respiração não parecia mais possível –, em uma tentativa de levar oxigênio ao corpo e fazê-lo voltar a funcionar.

Antes de fechar os olhos para se concentrar em não desmaiar, viu Seo Yun atravessar a porta e, após alguns segundos, as vozes do lado de fora desapareceram. Quando voltou a respirar da forma correta, ainda que com esforço, a criada pessoal estava de volta à sua frente, sustentando um sorriso hesitantemente encorajador no rosto tão diferente do dela.

Lentamente, Malaika se obrigou a seguir a criadagem para o grande pátio onde aconteceria o casamento e, mesmo concentrada na lentidão e eficácia da própria respiração, seus olhos grandes e amendoados se arregalaram com a vista. Só agora percebia que ninguém estivera brincando quando mencionaram que as bodas reais podiam ser presenciadas por todo e qualquer indivíduo que quisesse comparecer.

Então, no meio de todas aquelas pessoas, ela o viu.

Então, no meio de todas aquelas pessoas, ela o viu

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As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora