Capítulo 5

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A criada Pak Seo Yun saiu depois de dar o recado de que o rei esperava a noiva para almoçarem juntos, deixando Malaika sozinha e confusa. Sem suas guerreiras a tira colo, a princesa parecia consideravelmente menos confiante, deixando os ombros caírem e fechando os olhos diante do peso de saber o que fazer – ou fingir, ao menos.

Malaika não suspiraria, por mais que tivesse vontade. Tinha passado anos ouvindo as reclamações de sua avó sobre essa mania e quase podia ouvi-la sussurrando uma reprovação em seu ouvido, como se, mesmo a milhares de quilômetros, a anciã pudesse sentir sua vontade de extravasar o nervosismo com um suspiro.

A princesa tinha se trocado naquela manhã, depois do dia seguinte à sua chegada, com a ajuda das guerreiras, mas ainda se sentia um peixe fora d'água ao pensar em suas vestes omlai em meio aos trajes orientais. Pensando bem, se fosse comparar suas roupas com as que tinha visto até agora na corte byeol, precisaria admitir que nada do que tinha parecia adequado.

Seu vestido cobria quase todo o colo e descia até os pés com um caimento justo ao corpo, evidenciando os seios, a cintura e os quadris. Os desenhos intricados feitos à mão que adornavam toda a gola e desciam pelo centro do tecido atraíam os olhares para o centro de seu corpo já tão diferente de todos ao seu redor.

Olhando mais uma vez para suas opções, Malaika decidiu não se trocar outra vez e saiu do quarto com o que já estava usando, que, apesar de leve, ressaltava suas curvas de forma quase pecaminosa se comparado às roupas das mulheres byeol que ela vira.

Bem, das criadas byeol do palácio, já que ela ainda não tinha conhecido qualquer nobre no reino estrangeiro.

Criadas. Agora ela tinha criadas, que corriam de um lado a outro no pavilhão, tentando compensar a falta de preparo prévio à sua chegada. Não que ela não tivesse criadas em Omlai, é claro que tinha, mas todas eram antigas funcionárias do palácio que ela conhecia desde a infância. As estranhas apressadas que via ao se dirigir para o almoço com o rei davam a ela uma sensação de falta de privacidade, talvez porque as criadas novas a observavam e analisavam tanto quanto trabalhavam, ou até mais.

Seo Yun a encontrou logo antes que a princesa e as guerreiras silenciosas pudessem deixar o pavilhão e as acompanhou em silêncio até um pequeno gazebo às margens de um lago. Malaika não teria conseguido chegar até lá sem ajuda, já que só conhecia o caminho do salão do trono até seus próprios aposentos.

Quando Malaika agradeceu, Seo Yun sorriu com ar amigável e insistiu que estava feliz em poder ajudar. Era estranho que aquela criada a tratasse de forma tão diferente das outras pessoas desde que Malaika havia chegado, mas parecia verdadeira, o que só fazia a princesa sentir-se ainda mais grata. Enquanto as outras criadas e os eunucos a observavam com curiosidade, a maioria dos guardas pareciam cautelosos e o rei tentava ser diplomático, apenas Seo Yun – e o jovem aprendiz Jae In, Malaika não podia se esquecer dele – sorriam abertamente para ela.

Quando observaram o funcionário que falava em voz baixa com o rei sair, a criada se afastou e Malaika respirou fundo antes de subir no gazebo. A princesa estava nervosa para seu primeiro encontro a sós com o rei.

Entretanto, quando seus olhos o encontraram, sentado a uma pequena mesa já repleta de comida, suas preocupações pareceram desvanecer, junto com seu ar.

O sol iluminava o rosto oval de Taeyang e acentuava os olhos amendoados de um castanho quase dourado e os lábios cheios e bem desenhados. Malaika podia ver pequenas partes do cabelo estranhamente loiro para um byeol, que alguém falhara em esconder por completo por um chapéu cinza escuro que denunciava seu título. Outro indício de sua posição era a túnica vermelha com detalhes dourados, que cintilavam à luz do sol, chamando ainda mais atenção ao homem incrivelmente atraente com quem Malaika se casaria.

As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora