Capítulo 17

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Mi Suk foi para casa, mas não conseguiu relaxar. Não só porque tinha medo do que a guerreira Hadiya podia fazer com ela se ficasse irritada demais – o que ela realmente tinha. Ficava apavorada só de pensar nas adagas que vira presas ao cinto da mulher –, mas também porque a guerreira não era a única de quem ela tinha medo.

Pouco tempo antes, a nobre tinha sido induzida a acelerar e aprofundar suas ações contra a rainha não por causa das palavras de Hee Jin, mas graças à fúria implacável e imprevisível da princesa viúva.

Mi Suk sabia que se não agisse contra Malaika, Hee Jin atacaria a própria nobre direta ou indiretamente e esta não conseguia decidir o que poderia ser pior. Sofrer as consequências da ira de Wang Hee Jin, principalmente agora que a princesa viúva tinha conhecimentos e provas suficientes para inclusive condená-la por traição sem mover um único dedo, não era nem de longe a melhor opção a seguir.

O problema, porém, era que, com o aviso de Hadiya, Mi Suk se encontrava em uma encruzilhada onde todos os caminhos levavam à desgraça e não era possível voltar atrás. Se obedecesse a princesa viúva, certamente as guerreiras omlai não teriam misericórdia. Por outro lado, se seguisse o aviso de Hadiya, Hee Jin não pouparia esforços para fazer a nobre e a família dela sofrerem. Ao mesmo tempo, Mi Suk não tinha como voltar no tempo e desfazer as insinuações e tentativas de afetar Malaika, nem o momento em que oferecera sua própria companhia ao rei e fora rejeitada.

Ela precisava resolver um daqueles pontos para que pudesse continuar com o outro. Talvez, se tivesse apoio de um lado, fosse capaz de lidar com o outro...

As guerreiras não a apoiariam. Não havia qualquer forma de cair nas graças de Hadiya Obasanjo naquele momento, não quando a guerreira a olhava com sangue nos olhos esperando qualquer movimento suspeito.

Mas talvez Mi Suk pudesse conseguir apoio em outro lugar... ou, ao menos, poderia explicar para a princesa Hee Jin o motivo para querer se afastar de tudo aquilo. A jovem duvidava que a tia do rei fosse uma pessoa compreensiva, por tudo o que sabia sobre ela, mas com certeza a princesa viúva entenderia seu medo. Não era possível que a mulher não tivesse medo das guerreiras omlai também. Todos que Mi Suk conhecia tinham medo das guerreiras da rainha ou deveriam ter. As mulheres eram implacáveis e, aparentemente, não se importavam com hierarquia nem podiam ser compradas.

Com isso em mente, Mi Suk parou de andar de um lado para o outro em seu quarto e deixou a casa. Se levasse o aviso de Hadiya ao pé da letra, tinha permissão para visitar o palácio. A guerreira dissera para não se aproximar demais da rainha, mas não expulsara a nobre do palácio. Ela nem tem autoridade para esse tipo de coisa, pensou Mi Suk.

É claro que o medo poderia afastar as pessoas de certos lugares, mas Mi Suk não estava disposta a ceder ao medo. Ainda. Naquele momento, ela ainda tinha uma possibilidade de vitória.

Quando passou pelos portões do palácio e não viu qualquer sinal de Hadiya, Mi Suk soltou um suspiro aliviado, mas apressou os passos na direção dos aposentos de Hee Jin. Não queria correr o risco de ser vista pela guerreira omlai tão pouco tempo depois de ter sido encurralada.

Hee Jin a recebeu, mas franziu o cenho imediatamente quando viu a nobre entrar em seu quarto, agitada como um furação.

— O que está acontecendo? — perguntou a princesa.

— Eu sinto muito, Vossa Alteza, mas algo aconteceu mais cedo.

Então Mi Suk contou todo o ocorrido com Malaika e Hadiya naquele dia enquanto observava as sobreancelhas da tia do rei subirem em reação às suas palavras. Era estranho ver a mulher tão quieta, mas Mi Suk não questionaria. Se a princesa não estava gritando com ela, já devia ser um bom sinal, não?

As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora