Capítulo 9

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Alguns dias depois, Mi Suk estava entediada. Malaika parecia evitar a companhia dela – e a de qualquer outra pessoa que não fosse Taeyang – com maestria desde o dia de sua refeição com a tia do rei. Então, sem a possibilidade de se aproximar mais da princesa estrangeira, Mi Suk não tinha muito mais para fazer além de tagarelar consigo mesma em pensamento e tramar.

A nobre estava convicta de que precisava estar no palácio para que sua presença fosse notava e para se tornar necessária. Talvez, se Malaika a visse perambulando por lá com frequência, desse alguma abertura para que a byeol investisse na amizade entre as duas, mesmo que com segundas intenções.

Mas Malaika passava grande parte do tempo em seus aposentos, isolada, alegando não sentir-se disposta a passeios ou visitas e, quando alguém se atrevia a perguntar o que ela sentia, sua resposta sempre girava em torno da saudade de sua família. Família essa que, segundo o que Mi Suk tinha ouvido falar – e essa informação tinha sido conseguida pelos espiões de Hee Jin –, estavam a caminho de Hanbyeol naquele exato momento, podendo chegar a qualquer minuto.

Mi Suk, porém, não esperava conseguir nem um segundo da atenção da princesa naquele dia. Malaika estaria agitada com a chegada iminente de seus familiares e nem sequer cogitaria conversar com a byeol. Então, procurando ocupar seu tempo, a filha do ministro de pessoal decidiu visitar o palácio naquela manhã para algo consideravelmente mais aprazível: encontrar o primo do rei, seu futuro marido – se os planos da mãe dele dessem certo, é claro.

Porém, mesmo com o futuro ainda incerto, o belo príncipe Wang Joon Ho era sempre agradável aos olhos e Mi Suk acreditava que nunca era cedo demais para começar seu relacionamento com um homem como aquele.

Belo, alto e de ombros largos, Joon Ho caminhava descontraidamente com um único guarda a tiracolo e um olhar perdido em suas feições. Ele tinha um ar levemente arrogante que Mi Suk achava completamente natural em alguém tão inerentemente aristocrático.

A semelhança com Taeyang tinha gerado muito falatório e fofoca nos anos de adolescência dos dois, mas, de alguma forma, Joon Ho conseguira eliminar a maior parte das conjeturas acerca de seu próprio direito ao trono com uma constante desconsideração por seu próprio posto. O jovem apenas poucos anos mais velho que o rei sempre mudava de assunto quando surgia a mínima perspectiva de que o assunto de sua possível reivindicação começasse.

Diferente do que a maioria pensava, porém, a evasiva nunca fora um ato dissimulado, apesar de ser deliberado.

Joon Ho realmente abominava todas as insinuações de que ele deveria ser rei no lugar de Taeyang, mesmo quando elas vinham de sua própria mãe. Mesmo se não fosse por ele próprio detestar os trâmites políticos e as horas intermináveis de trabalho que o cargo do rei exigia, seria porque ele acreditava que seu primo tinha verdadeira vocação para o título.

Taeyang havia estudado e treinado a vida inteira para ser rei e gostava do que fazia. Joon Ho não podia ignorar os sorrisos satisfeitos ou os olhos brilhantes de contentamento do primo toda vez que este conseguia atuar como desejava em prol do povo byeol, e nunca tentaria tirar isso dele, do jovem solitário que não tivera qualquer outro amigo na infância além do próprio Joon Ho e seus guardas.

Por causa disso, Joon Ho observou com atenção a jovem nobre que se aproximava dele descaradamente em um dos pátios laterais do palácio enquanto ele conversando com seu guarda de forma compenetrada sobre que espécie de flores seria mais adequada para um pedido de desculpas a Malaika Kalejaiye.

Ele conhecia o olhar altivo que a jovem de pele muito clara, cabelo preto e olhos castanhos de formato oriental arredondado carregava, principalmente porque ele mesmo usava aquela expressão com frequência. Não porque ele quisesse parecer arrogante e se mostrar melhor que alguém, é claro, mas sua altivez era tão incentivada desde que ele nascera que já se tornara inerente.

As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora