Epílogo

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10 meses depois

Nia abriu os olhos e rolou o corpo para trás, parando ao bater contra um corpo sólido – e quente – ocupando uma parte da cama. Já fazia alguns meses que não dormia mais no pavilhão de treinamento, mas talvez nunca se acostumasse a acordar com um homem a seu lado.

Pelo menos até olhar para ele.

Young Chul ainda dormia ao seu lado, com o rosto sereno como só ficava quando estava muito relaxado, o peito firme subindo e descendo devagar com a respiração cadenciada e uma coberta sobre o corpo, impedindo que Nia visse mais que o início dos músculos abdominais que atraíram sua atenção na noite anterior.

Sem encostar no homem para não acordá-lo, Nia apoiou a cabeça no braço dobrado sobre a cama e o observou por um instante, um sorriso surgindo em seu rosto. Talvez ela não gostasse de admitir em voz alta, mas gostava de tê-lo por perto.

Virou-se para deixar a cama silenciosamente, mas sentiu quando Chul se moveu, rolando para o lado dela sem o mesmo controle que a comandante. Nia arregalou os olhos quando percebeu o que ele faria, mas não conseguiu impedir o próprio corpo de cair de encontro ao chão.

A guerreira semicerrou os olhos e trincou os dentes. Seria muita presunção sua acreditar que teria uma manhã tranquila ao lado dele.

O som da queda dela acordou Chul, que começou a tatear a cama, buscando o corpo dela antes mesmo de abrir os olhos. Quando não encontrou, abriu apenas um olho, como se estivesse desconfiado, arregalando os dois quando a viu sentada no chão de costas para ele, a coluna completamente ereta, já não mais relaxada.

— O que você está fazendo aí? — perguntou o capitão.

— Você tem a sutileza de um rinoceronte quando está dormindo e acorda sem saber de nada — Nia comentou, levantando-se e começando a se vestir.

Chul levantou uma sobrancelha ao ver a mulher se abaixar para pegar uma peça de roupa do chão, deixando o traseiro avantajado empinado na direção dele por um segundo antes de ficar ereta novamente.

— Volte para a cama — Chul resmungou, voltando a fechar os olhos e esparramando o corpo outra vez.

Poderia observá-la à vontade mais tarde. Naquele momento, queria dormir mais um pouco. Eles não tinham exatamente descansado durante a noite.

— Não posso. — Nia já estava metade vestida agora e virou-se de costas para terminar de vestir o uniforme. — E você também não pode ficar aí. Vamos perder o casamento.

Chul resmungou alguma coisa que ela não conseguiu ouvir, mas não importava. Enquanto pensava na melhor forma de prender o cabelo cacheado que agora caía livremente sobre suas costas, Nia começou a jogar as roupas de Chul na cama, bem em cima dele.

Quando uma peça o atingiu no rosto, o capitão se sentou e a jogou de volta nela, mas errou.

— Você não desiste, não é? — perguntou ele de forma retórica.

Nia apenas deu de ombros, usando as mãos para testar alguns penteados na frente de um espelho pequeno.

— Quem diria que o capitão da guarda real é um preguiçoso? — alfinetou ela, sorrindo.

— Não comece. Você também estaria aproveitando a cama se não fosse o casamento. — Dando-se por vencido, Chul deixou a cama, ainda nu, e se dirigiu até a mulher sentada na frente do espelho, parando atrás dela, apesar de o espelho ser tão pequeno que Nia não conseguia enxergar o homem através dele. — Deixe solto.

— Como não é você quem decide como deixo meu cabelo, vou prender.

— Eu gosto dele solto.

Nia parou de se mover por apenas um segundo. Chul raramente admitia que gostava de alguma coisa nela e, quando o fazia, a guerreira nunca estava preparada para ouvir.

As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora