Capítulo 11

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Yoon Ji Hye caminhava a passos firmes na direção do palácio com um capuz cobrindo sua cabeça e boa parte de seu rosto. A dona de uma casa de kisaengs não tinha qualquer vergonha de andar na rua, mas sabia exatamente que tipo de rumores seu rosto conhecido visitando o palácio poderia desencadear e preferia evitar isso. Afinal, estava ali a trabalho.

A bela e poderosa comandante das guerreiras de Omlai pagara bem por discrição e informações precisas e Ji Hye se permitiria ser chamada de qualquer coisa, menos de incompetente.

Nos portões do palácio, a cortesã parou e, com cuidado para que os guardas vissem o mínimo possível de seu rosto, disse as palavras que Nia Okonjo a instruíra a reproduzir. Palavras omlai, cujo significado os guardas byeol conheciam tão bem quando Ji Hye. Nenhum deles fazia a menor ideia do que a kisaeng estava dizendo.

Mas as palavras foram cuidadosamente pronunciadas e os guardas trocaram os olhares confusos que Nia previra, logo antes de um deles se afastar e deixar o colega encarando uma Ji Hye que tentava ignorá-lo, até que viu Nia se aproximando com passos incrivelmente leves para uma mulher tão imponente, o guarda que fora buscá-la quase correndo para acompanhá-la.

Ji Hye não escondeu o sorriso satisfeito que a deixou parecendo sexualmente perigosa. As palavras estranhas tinham funcionado, afinal.

Nia atravessou os portões abertos do palácio e não diminuiu os passos, fazendo Ji Hye segui-la até que os guardas não pudessem mais ouvi-las sem nem estranhar o gesto da guerreira.

O tempo todo, Ji Hye observava a mulher de pele negra, olhos grandes e lábios cheios, pensando no tamanho do desperdício que era alguém como ela dedicar a vida toda a proteger outras pessoas quando poderia ter uma vida de riquezas em uma posição mais agradável, como a dela própria. Mas a cortesã sabia que nem todas gostariam de fazer o que ela fazia para ganhar a vida.

— Pronto, aqui podemos falar com privacidade — declarou Nia, lançando um olhar desconfiado para os guardas que tinham ficado parados nos portões do palácio.

— A senhorita disse que qualquer informação sobre o mensageiro morto do rei seria útil, desde que fosse precisa e confiável.

Nia apenas assentiu, os olhos semicerrando de preocupação por um único instante.

— Bem, parece que o mensageiro real não trabalhava só para o rei — continuou Ji Hye.

— Parece? — Nia levantou uma sobrancelha em expectativa e a kisaeng não sabia dizer se a comandante estava criticando a palavra que sugeria incerteza ou se estava apenas interessada em saber mais sobre o assunto.

Como já pretendia fazer isso e fazia parte do acordo entre as duas, Ji Hye apenas prosseguiu:

— Existem provas e algumas testemunhas que, infelizmente, não abririam a boca para uma guerreira omlai por vontade própria de que o falecido mensageiro real trabalhava secretamente para Wang Hee Jin. — Esperou até que os olhos pensativos de Nia demonstrassem que esta tinha encontrado em sua mente a resposta para quem era Wang Hee Jin antes de continuar: — Repito, infelizmente minhas testemunhas negarão qualquer relação com isso até a morte, mas o mensageiro foi visto visitando a tia do rei várias vezes antes de ser encontrado morto.

A kisaeng viu e ficou admirada com a forma com que os olhos da estrangeira endureceram.

— Posso confiar na veracidade dessa informação? — Nia perguntou, obviamente já pensando no que faria a seguir.

A guerreira estava tensa e, apesar de determinados e firmes, seus olhos pareciam distantes.

— Sim. Eu e minhas meninas nos certificamos de confirmar, mas as testemunhas...

As Cores de um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora