Capítulo II

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Elel Kraesgor view

O meu encontro com a princesa Keira foi algo totalmente acidental, e desde o início, extremamente perigoso.
Mais uma vez, nos encontramos à floresta de Echiron, abaixo da mesma macieira em que acabei atacando a princesa devido ao medo... O mesmo medo que todo o meu povo possuí pelos humanos e seus feitos, suas ameaças. Me mantinha encostado ao tronco da árvore, sentado sobre o chão branco devido a geada, enquanto Keira permanecia com a cabeça apoiada à minhas pernas, parecia relaxada a medida que acariciava seus cabelos ruivos.

── Nós deveríamos fazer isto mais vezes. - A voz aveludada me encantava, junto ao belo par de orbes negras que vez ou outra me faziam perder-me na imensidão profunda dos desejos e sentimentos da princesa de inigualável beleza.

── Vir a floresta? - Questionei pouco confuso.

── Fugir de tudo... E ficar assim. Desta mesma forma, para sempre. - Um pequeno riso soprado me fugiu, enquanto um sorriso nascia nos meus lábios, ouvir aquelas palavras saídas dos lábios róseos da moça me traziam o melhor dos sentimentos.

── Eu fugiria quantas vezes me fossem possíveis para estar com você, Keira. - Então levantou-se, se sentando, e me encarando com um enorme sorriso a preencher-lhe os belos lábios. Porém, rapidamente um choque de realidade me atingiu... ── No entanto, não podemos.

Ver o belo sorriso da princesa se desfazer me entristecia profundamente, e por aquele momento, queria poder entregar-lhe tudo o que desejasse com um simples estalo de dedos.

── Compreendo... Meu pai. - Ela levou o olhar ao chão, e acabei também por baixar o meu, com a sensação terrível que o conhecimento sobre os acontecimentos me traziam. ── Não! Devemos sim!

── Keira, nós não...

── "Nós não" o quê Elel?? Não podemos estar juntos devido a um contrato?! - Ela rapidamente se levanta, como em um pulo, fumegante. E juntamente, me levanto procurando acalmá-la. ── Nós não assinamos aquele contrato! Não irei aceitar que-

── Mas seu pai assinou! - Pela primeira vez em tanto tempo, me descontrolei, então ela parou, com os lábios entreabertos, surpresa e pouco assustada com minha repentina mudança de atitude. ── Seu pai assinou, e por culpa dele, tudo é como é! E de nada adianta fugirmos se você sabe o que acontecerá depois. Meu povo é proibido de pisar em solo Echiriano, Keira, e sabe bem que existe apenas um motivo para que essa regra exista.

── E-eu não sei do que está falando, eu... Eu tenho certeza que deve haver um motivo para esta regra existir. Todos temos passados ruins Elel, com certeza seu povo deve ter causado algo. Meu pai não faria nada sem um bom motivo. - A voz da garota começava a falhar.

Mais uma vez, senti meu sangue ferver, meu peito queimar e meus punhos serem cerrados.

── Não acredito no que estou escutando; Está dizendo que a culpa de estarmos presos em fronteiras é nossa?! - Eu sabia que estaria agindo da forma errada, mas eu tinha total ciência de que os elfos jamais haviam feito algo de realmente terrível aos humanos. A àquela altura, já andava de um lado ao outro procurando me controlar. ── Sabe o que é mais engraçado? O seu povo tem seu pai como um herói, mas ele não passa de um maldito monstro! - Enfim cessei as passadas nervosas à frente da jovem de cabelos vermelhos, enquanto gesticulava nervosamente.

Eu havia dito anteriormente, que era terrível a sensação de apagar um sorriso de seu rosto...
Verdadeiramente terrível, é a angústia que experimentei, ao tê-la com os olhos quase naufragados em lágrimas.

── Eu já possuo dúvidas de quem realmente é o monstro por aqui. - Pronunciou com a voz embargada, enquanto apanhava sua pequena bolsa do gramado enbranquecido, e partia por meio das árvores e paisagens parcialmente congeladas.

Enquanto sentia meu peito apertar-se em amargura, angústia e decepção perante minhas próprias atitudes.

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