Capítulo VI

36 2 0
                                    

Jina Stormwind view

Os dias vinham se passando muito rapidamente, desde a conversa com o papai e eu no jantar, Arthur vem estando muito ocupado. Como o prometido, conseguimos o consentimento de meu pai para que eu pudesse sair do castelo, mas não sentia a vontade tão mais aflorada como antes.

── Vossa alteza não tem falado tanto mais sobre sua saída do palácio. Parecia tão animada. - Anne, minha dama de companhia e melhor amiga, comentou enquanto podia sentir a escova de cabelo percorrer meus fios de forma delicada. Então suspirei.

── Arthur vem estando tão ocupado com os preparativos ao evento. Não desejo incomodá-lo. - Então a garota me encarou pelo reflexo do espelho de minha penteadeira, que continha alguns poucos objetos acima; Papel para cartas, tinta e pena, a caixinha de música da mamãe e minha caixa de jóias.

── Será esse o real motivo, ou apenas está chateada pela escolha do príncipe? - Anne me conhecia bem, eu diria que quase tão bem quanto minha mãe me conhecia.

── Não sei por que ainda insisto em tentar esconder-lhe algo. - Um riso anasalado me fugiu. ── Ele não vem tendo tempo e não venho fazendo tanta questão de sair por agora. Eu apenas não queria que estivesse fazendo algo assim, entende? Queria que ele pudesse me escutar. Mas sei também que está apenas tentando ser um bom filho e o melhor príncipe que Eungigyeong poderia ter. - Aquele misto de sentimentos e pensamentos sobre meu irmão de certa forma me perturbavam.

── Bom, eu ouvi que as princesas de Esterford chegarão dentro de poucos dias. - Ela sorriu voltando a me pentear. ── Teremos tempo para pensar. Em sua vida também, mocinha. - Um riso quase em uníssono preencheu o quarto.

── Tenho aula de etiqueta hoje. - Minha voz tomou um tom manhoso, parecia uma criança prestes a fazer pirraça. Senhora D'vour, minha professora de etiqueta, sempre foi insuportável, é óbvio que eu jamais poderia falar sobre a qualquer outra pessoa que não fosse Anne. ── A Senhora D'vour tem o humor de um guaxinim esfomeado e o carinho de uma manada de bois assustados. - Os "elogios" fluiram como as águas de uma nascente, ainda que o significado fosse pouco grosseiro.

...

Arthur Stormwind view

Pela primeira vez em dias, podia desfrutar de um tempo sozinho, e parcialmente desocupado, enquanto escovava o pelo de meu cavalo nos estábulos reais.

── O que vossa alteza faz por aqui tão cedo? - Uma voz familiar tomou minha atenção, voltando-me em direção a voz, um sorriso automaticamente preencheu meus lábios.

── Eu é quem lhe pergunto, pensei que estivesse em reunião com os outros, soldado. - Johnny, apesar de um soldado da guarda, era como meu melhor amigo, o único, eu diria. O porte pouquíssimos centímetros mais alto que eu, a pele negra e os olhos escuros, eram características raras por nosso reino.

── Não estão falando de nada que eu já não saiba. Mas e quanto a você, o que faz aqui? - Apanhou uma escova, passando a escovar Pégasus, o seu tão amado amigo de quatro cascos.

── Os dias têm sido cansativos, é o único tempo em que tenho descanso desde o começo de tudo. Meu pai está se esforçando mesmo em agradar a família real de Esterford. - O suspiro cansado foi tudo o que consegui falta de palavras que melhor pudessem descrever meu cansaço e desgaste com tudo.

── Hm... Isto pede um pouco de descontração. - Um negar com a cabeça de início demonstrou minha discordância imediata, eu conhecia bem meu amigo.

── Johnny, não. Não poderei me dar ao luxo de passar a noite fora, preciso estar no palácio logo pela manhã. - Um sorriso, então, surgiu ao canto dos lábios do soldado.

── Oras, mas quem foi que disse a respeito de sair pela noite?

Poucos minutos mais tarde...

── Não posso crer em como conseguiu me convencer a vir. - Suspirei derrotado.

── Não reclame, parece um velho ranzinza. A propósito; por nada, sei que sou o melhor amigo que poderia ter tido. - Se existia algo que Johnny adorava fazer, este algo era vangloriar-se, não haveria jamais; alguém que pudesse enaltecê-lo melhor do que ele mesmo.

Neste instante, estaríamos cavalgando em direção ao centro de Stromberg, algo que eu não costumava fazer sempre, mas não descartava quando surgiam oportunidades.

Não levou tanto tempo até que houvessemos chego, deixando ambos os corcéis nos estábulos logo à entrada da cidade. Caminhamos então, em direção ao nosso destino, que já não estaria mais distante.

── E como está Janessa? - A jovem de cabelos escuros e olhos verdes cuja trabalhava no Cão Ladrante no centro de Stromberg, era mais uma das "amigas" com quem Johnny costumava estar ultimamente.
É claro que o suspirar profundo alheio me fez entender boa parte de onde talvez aquele assunto pudesse dar, por isso, me mantive calado.

── Mulheres são difíceis às vezes amigo, não sabe a sorte que ainda tem. - A medida que nos aproximavamos do centro, mais e mais pessoas tinham sua atenção tomada, até o momento em que já bem visível, uma multidão passou a nos cercar.

── Começo a achar que não tenho esta sorte de que fala agora, Johnny. - Abri então um fraco sorriso para com a multidão que começava a nos impedir de passar.

Gritos, vozes altas e tumulto, talvez essas fossem as melhores definições ao que estaria ocorrendo por ali, muitas pessoas disputavam por minha atenção e carinho, enquanto eu tentava me disponibilizar a todas elas, minha atenção estava totalmente à todas aquelas pessoas, até que sentisse um terceiro esbarrar contra meu corpo, e um silêncio perturbador e repentino se fizesse após alguns sons de indignação e surpresa.

Os Oito ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora