37° Capítulo - Café

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Não sei o que estou fazendo nesse corredor, mas não pude evitar a tentação. Após o nosso ensaio, o dia anterior é como se eu tivesse desbloqueado algo. Um pouco nervosa, bato na porta. Ouço Colin grunir do outro lado da porta e entro em seu escritório.

-Olá!

Colin tira os olhos do seu computador, parecendo surpreso, então sorri, meio forçado.

Colin- O que te trás aqui?

-Café.

Coloco uma xícara de café em sua mesa. Ele agradece com um movimento de queixo.

Colin- Você só veio me trazer café?

Olho pra ele de forma inocente e me inclino na borda da sua mesa.

-Óbvio que sim.

Minha resposta tira um novo sorriso dele.

-Deveria se sentir privilegiado por isso!

Colin- Vou me lembrar disso na próxima vez.

-Quem disse que terá uma próxima vez?

Colin- Gatinha você não me engana...

Suspiro profundamente e entrego a ele um papel dobrado em quatro.

Colin- O que é isso?

-Um livro de William Shakespeare.

Colin- Que decaída!

Diz rindo e eu concordo.

-Eu voltei à trabalhar nas letras das músicas.

Ele levanta uma sobrancelha, então um sorriso verdadeiro se estica em seus lábios.

Colin- Você tem medo que eu leia?

-Levando em conta que você vai tirar sarro da minha cara pelas próximas semanas, sim, um pouco...

Colin- Eu não sou tão mal assim vai.

-Não... Você é pior!

Ele ri.

-Admito que a recepção ainda é menos hostil do que da última vez que lhe trouxe um café.

Colin- Pronta?

-Rah, Cala a boca e leia logo.

Ele ri de novo e então olha para a folha com a minha música, estou confiante e aproveito para provoca-lo.

-Eu segui o seu conselho e é possível que o texto tenha perdido qualidade.

Colin- Obviamente Gatinha...

Pego a xícara de café e tomo um gole para me acalmar, Colin faz um som de reprovação. Não me importo se o café era pra ele, ele é o motivo do meu nervosismo.

Colin- É meu!

-Egoísta!

Ele nem olha pra mim mergulhado em sua leitura. Tomo outro gole do seu café.

-Está muito bom.

Permaneço segurando o café até que ele solta a folha devagar em sua mesa. Seu olha sobe ao longo das minhas coxas com uma lentidão calculada. Ele faz de propósito!

-Tá bom, para de brincadeira. O que achou?

Colin- Você quer saber o que achei com toda objetividade?

-Não, claro que não, eu quero que você minta pra mim!

Ele ri novamente se indireitando na cadeira.

Colin- É pesada!

-Só isso?

Ele acena com a mão para me fazer calar a boca, depois passa o dedo indicador no lábio inferior.

Colin- Cheia de emoção.

Eu solto um gritinho e ele sorri amplamente.

Colin- Você colocou muita coisa nessa letra, não sei em quem você pensou quando escreveu isso, mas... Eu ficarei lisonjeado em cantar essa música.

Meu Deus eu não acredito!

-Está falando sério?

Colin- Parece que estou brincando?

-Com você nunca se sabe.

Ele se levanta e para bem na frente do meu nariz obrigando a encara-lo.

Colin- Estou falando sério, gatinha, você fez um bom trabalho.

-Obrigado. Por mais que odeie admitir, ouvir isso de você é importante pra mim.

Colin- Você está bem, precisa de um médico.

-Não foi só um mal estar passageiro que não irá acontecer nunca mais.

Colin- Talvez tenha sido o café.

Ele pega a xícara da minha mão tomando um gole.

-Talvez tenha sido a sua cara de desgosto quando eu tomei um gole.

Colin- Dois!

-Que seja, dois.. Egoísta

Colin- Não gosto de dividir o que meu Gatinha.

Ele me olha de um jeito que me dá a entender que não está se referindo ao café.

Meu ColinOnde histórias criam vida. Descubra agora