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TW: Tortura, Canibalismo e estupro
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Violet POV

─ Sarah não é só a proprietária de uma boate ou uma cafetina. – comecei a dizer na luz calma do quarto do hotel de Tobias, no que ele e Caitlyn me encaravam. ─ Ela é insana. Ela mata.

Tobias estava preparado para ouvir minha história e estava segurando uma caneta e seu bloco de notas, mas não escreveu nada. Continuou olhando pra mim, e eu não desviei o olhar daquela vez. Eu queria que ele visse que eu estava falando a verdade, bem no fundo dos meus olhos.

─ Você a viu matar alguém, Violet?  - ele perguntou, sem demonstrar reação alguma.

─ Sim. – engoli a seco, sabendo que iria precisar contar toda a história. Evelynn era a única pessoa que sabia de tudo. Nunca falei mais nada pra ninguém sobre isso…mas nunca saiu da minha cabeça um único detalhe. ─ Não tenho certeza do motivo pelo qual ela fez isso…talvez ele tenha visto algo que não deveria, ou ele foi dado a ela por alguém de sua família…eu não sei exatamente. Mas posso contar o que eu vi.

Tobias assentiu e começou a escrever alguma coisa que eu não vi, mas sabia que ele estava pronto para eu continuar.

─ Foi pouco tempo depois que comecei a pertencer à Sarah. Depois de todo o rolo do ritual de sangue… – eu disse, tentando voltar àquela noite, para não deixar escapar um único detalhe.

Eles ainda não confiavam em mim para me deixar circular pela boate. Sarah não me tinha plenamente na mentalidade escrava. Eu falava demais, discutia com ela às vezes, eu queria liberdade e poder visitar minha filha de tempo em tempo, ou até o túmulo de Mel, mas em ambos eu não tinha permissão.

Eu nunca tentei fugir, mas eu estava em treinamento. Estava sentada no porão abaixo da Fire, na minha gaiola, que era igual à gaiola do vampiro que eu trabalharia um dia.

Pelada como de costume, eu não estava machucada ou assustada aquela noite. Só com fome. Eu estava esperando por Sarah, torcendo para que ela me trouxesse alguma coisa pra comer. Aquele dia eu fiquei aprendendo minhas posições, os comandos que ela me diria para fazer aquelas posições e como falar com ela com o tom certo de respeito…e como evitar a mim mesma de falar ou gritar quando estiver com dor, até que tivesse permissão para fazer algum som. 

Mentalmente, eu estava esgotada e não tinha comido nada o dia inteiro. Ela dizia que eu não merecia ainda. Fiquei sozinha na sala iluminada por mais ou menos duas horas, até que ouvi ela voltando.

 Ela não estava sozinha. Ouvi a voz abafada de um homem chegando, antes de vê-los, mas a voz estava bastante apavorada e angustiada. 

 Sarah arrastou o adolescente para dentro, ele devia ter por volta de uns 18 ou 19 anos. Era bonito, loiro e de pele bronzeada, garoto típico da Califórnia. Ele estava nu e vestia uma coleira em volta do pescoço, e seus pulsos amarrados atrás de si. Ele entrou de joelhos, meio arrastado por Sarah, e seu rosto encharcado de lágrimas, era a primeira vez que eu via um homem naquele lugar.

 Ele não parecia machucado ou sangrando em lugar nenhum, mas alguma coisa estava fazendo-o tremer. Ambos me olharam silenciosamente na minha pequena prisão.

 Por um momento terrível eu achei que ela iria me fazer chupar o cara, ou me fazer foder com ele…ou fazê-lo me foder, contra a vontade dos dois. Odeio pensar que meu primeiro pensamento foi em mim, mas eu não estava acostumada com a dor até então. Eu ainda não tinha a certeza de que ela não me deixaria fazer algo com homens. Eu não estava completamente quebrada naquele ponto. Mas logo tudo mudaria.

Red Lines [caitvi]Onde histórias criam vida. Descubra agora