22.

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Caitlyn POV

Nós estavamos paradas ali, encarando o envelope como se ele pudesse pular a qualquer momento.

Seja paciente com ela, Caitlyn, eu dizia para mim. Você não tem idéia do que tem escrito ali. Deixe que ela leve o tempo que precisar. Mas de jeito nenhum ela vai queimar isso antes de ler. Desculpe, Roux, não por cima de mim.

Finalmente, ela se lembrou da minha presença ali e levou seus olhos até a mim, acanhadamente.

─ Estou sendo uma medrosa de novo, não estou? - ela perguntou, envergonhada.

─ Não, Violet, não está. - encostei minha mão na dela, na esperança que meus olhos oferecessem apoio. ─ Eu sei que a sua dor com eles é de longa data e profunda.

─ Você tem que me ajudar, Caitlyn... - ela disse, em uma visível batallha interna, embrenhando a mão livre nervosamente no cabelo. ─ O que eu devo fazer aqui?

─ Bem, vamos encarar de uma forma racional por um minuto. - respirei fundo, tentando tirar o lado da emoção desse assunto.

Peguei o envelope e Violet quase deu um pulo, então me aventurei a retirá-lo do balcão. Eu parei por um segundo e sorri na direção dela, tentando mostrar que não iria abri-lo ainda.

Senti o envelope entre meus polegares.

─ É fino, não é volumoso. - observei. ─ Não pode ter tudo sobre sua infância aqui, então. A não ser que esteja dizendo, "nós somos vampiros".

Tentei fazer uma piada mas os olhos de Violet me encararam de volta, semicerrados, seu cenho franzido.

─ Desculpa. - eu disse, olhando para o nome "Violetta" no envelope.

- Você podia ter me falado antes que seu nome é Violetta né? - disse olhando para ela.

- Não achei que era uma informação tão importante - Ela deu de ombros, não muito interessada em falar sobre o nome dela. ─ Provavelmente é uma folha só, pelo que conheço deles. - ela soou amarga, fitando o papel. ─ Eles nem poderiam gastar uma hora do dia deles escrevendo uma longa carta pra mim. Incômodo demais... sou só eu, afinal.

─ Talvez seja um cheque de um milhão de dólares. - eu disse.

─ Ughh. - Violet fez uma careta. ─ Eu odiaria isso ainda mais do que uma carta de uma página só. Jogue dinheiro pra ela, e ela irá embora... e a consciência deles estaria limpa. Não. Se isso for dinheiro, eu vou queimar.

─ Não mesmo! - deixei escapar da minha boca. Violet me encarou sem expressão.

─ Desculpa. - me encolhi um pouco. ─ É só que não consigo ver um cheque de qualquer quantia sendo queimado. Meu pai trabalhou feito um cachorro para não nos deixar faltar nada... eu ficaria simplesmente maluca te vendo fazer isso. Além do mais, seria para Powder. Ajudaria o Ben e a Ambessa...

─ Isso me mataria... - ela terminou a frase e eu olhei para ela confusa, não entendendo seu tom.

─ Como você acha que eu me sentiria, fazendo tudo o que faço para conseguir dinheiro para a Powder... e então, em cinco minutos, meus pais simplesmente jogassem um cheque no meu colo e cobrisse tudo isso? Agora, a essa altura do campeonato! Seria quase como se eu tivesse feito tudo isso pra nada!

─ Eu entendo. - admiti, vendo sua aflição a esse possível dinheiro.

Ela se encolheu, olhando para seu próprio nome no envelope.

─ Seu nome está muito bem escrito, uma mão calma o escreveu. - observei em seguida. ─ A letra é grande... isso é bom. Letra pequena é sinal de egocentrismo. Letras grandes e abertas... mostra uma natureza generosa do autor.

Red Lines [caitvi]Onde histórias criam vida. Descubra agora