Capítulo 31 - A Vitória Não É Tão Doce Assim

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KYLE'S POV

         Todos estavam quietos, esperando que alguma notícia ruim fosse dada assim que Jane e Harry foram chamados. Eles não sabiam o que esperar e ninguém estava muito feliz em compartilhar ideias das cruéis maneiras em que seriam castigados. Kyle, pessoalmente, sabia de como os deuses podiam ser maus e que guardam ressentimentos, sempre deixando seus egos levarem-nos a fazer coisas terríveis com inocentes, e ele tinha certeza de que aqueles dois não seriam exceção. O clima do lugar ficou lúgubre, então logo decidiu tentar elevar a esperança - uma coisa que todos precisavam neste momento.

- Jenna - Ele cutucou ela. Sua namorada. Ela ficava tão linda com seu sorriso, mas agora, não mostrava-o mais. Estava apreensiva e olhava para seu irmão, Mike, analisando-o. - Quer um doce?

Ela virou-se, com os olhos vazios, sem expressão, como se não estivesse mais naquele lugar, mas logo o brilho de seus olhos voltou e ela encarou-o.

- Ahn? - Perguntou.

- Quer um doce? Tenho M&M's - Ofereceu.

Ela apenas estendeu a mão e Kyle preencheu-a de chocolate. A garota arregalou os olhos.

- Kyle! - Ela exclamou. - Eu queria só um pouco!

- Tudo ou nada, amor - Ele sorriu e ela encolheu os ombros, comendo o chocolate aos poucos.

- Alguém está servido? - Kyle perguntou, mais esfregando o pacote gigante nos rostos das pessoas do que oferencendo.

        Todos pareciam perdidos, desesperadamente encarando o portão gigante pelo qual seus dois amigos entraram, mas que demoravam a voltar. Eles recusaram, levemente irritados, mas com um sorriso leve no rosto, e Kyle estava se empanturrando de M&M's quando Jenna o cutucou.

- Kyle - Ela sussurou, agarrando seu braço e puxando-o para mais perto de si, fazendo com que o ouvido do garoto estivesse apenas a centímetros de sua boca. - Você conhece eles. Você acha que eles vão perdoá-los?

      Essa era a pergunta que todos queriam ouvir e Kyle tinha a resposta exata para isso, e mesmo assim, desejava que não tivesse. Ele olhou estupefado para Jenna e então tentou manter o rosto calmo, mesmo que estivesse sério demais. Ele comprimiu os lábios e franziu o rosto, tentando imaginar como seria a reação de Jenna se ele contasse a ela o que achava que iria acontecer.

- Não - Ele disse, sério, mas baixo, para que não fosse ouvido por todos, que estavam sentados em uma roda.

       Jenna comprimiu os lábios também e uma lágrima saiu de seu rosto e, então, ela escondeu o rosto no braço dele. Kyle olhou tristemente para Jenna e mexeu em seus cabelos, sentindo sua camiseta ficar molhada, mas nunca reclamando. Mike olhou para os dois e Kyle ouviu ele fungar.

- Arrumem um quarto - Mike reclamou. - Meus olhos estão queimando.

Jenna levantou o rosto, com os olhos um pouco vermelhos.

- Ah, cale a boca, seu pirralho - Ela exclamou. - Você está é com dor de cotovelo-

        E foi aí que ouviram. Um barulho que parecia o som de algo sendo aspirado e uma risada assombradora. Jenna parou de falar, todos pararam de brigar, e um frio percorreu a espinha de Kyle. Os três encararam uns aos outros, aterrorizados, com os olhos arregalados e, todos juntos, levantaram rapidamente e correram para o portão. Jenna tentou abrir a porta, mas ela estava trancada. Enquanto Mike gritava o nome de Harry e de Jane, Kyle estava parado diante à porta. Jenna encarou-o e percebeu logo o que estava fazendo, mas foi tarde demais.

- Kyle, não! - Ela gritou, segurando o seu braço.

          Kyle fechou os olhos e apertou os punhos, concentrando-se em manter-se controlado. Sentiu um calor familiar correr o seu corpo, sentindo seu corpo se chacoalhar, e então abriu os olhos e levantou sua mão para os altos. Era isso, ele conseguira. Há quanto tempo tentava fazer isso e sempre acabava destruindo algo ou a si mesmo ou, às vezes, nada acontecia. Bem, isso mudou hoje, e foi um momento muito oportuno para isso. Sentiu um tremor percorrer a ponta de seus dedos e um barulho estrondoso de trovão fez um grande dano no portão. Ele observou o quase destroçado portão e grunhiu, vendo que ainda não conseguiriam passar. A raiva e a agonia que sentia fez o poder se intensificar e repetiu o ataque, só que agora, mais forte e, desta vez, o portão rachou-se em quatro pedaços e desmoronou. Um sorriso iluminou seu rosto, mas a preocupação de que algo muito ruim tivesse acontecido logo apagou-o. Jenna parecia surpresa por finalmente ter funcionado e não era de menos, pois ela o acompanhou nas tentativas anteriores e ele sempre acabava sendo lançado para a parede.

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