Capítulo 5 - A Caixa de Livros

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5 – A CAIXA DE LIVROS

                As perguntas não paravam de surgir na cabeça de Jane. Tudo isso era tão confuso... Inspirando com coragem, ela levantou a caixa e a puxou para si. Logo, percebeu que fez um erro terrível. Não deveria ter simplesmente puxado a caixa, sem ao menos saber se era pesada ou não, sem nem se importar. O resultado foi desastroso. Tanto a caixa quanto ela caíram fazendo um barulho estrondoso.

                Jane não ouviu nada, nem mesmo o eco. Ela apenas sentiu. Sentiu uma dor profunda em sua barriga, no lado direito. A caixa tinha caído certeiramente em cima de sua barriga. A dor era quase insuportável. Ao bater sua cabeça no chão, ela fechou os olhos e xingou. Xingou tudo o que via ao seu redor, e só parou quando ouviu um barulho. Tinha alguém entrando por uma porta contrária ao portão. Ela ficou parada, sem saber o que fazer. Ficou pensando em quem seria, se poderia ser o tio de Mike ou um ladrão que encontrara outra chave reserva em outro vaso qualquer, mas logo preocupou-se mais com a dor que sentia. Mal respirava, sua visão estava embaçada. Entraram algumas pessoas a qual ela não podia ver nitidamente o rosto; a única coisa que via razoavelmente, deitada no chão, era os pés das pessoas. E estes reuniam-se para perto dela e então paravam, hesitantes.

- Mas o quê...? – dizia uma voz de um garoto.

           Foi isso que Jane ouviu por último. Depois dessa “quase frase” ela se ouviu murmurar algo que nem ela mesma sabia o que era e desmaiou. Não aguentou a dor e mal respirava.

- Ah meu Deus! Ajude-me aqui! – dizia agora uma menina, correndo para onde Jane estava caída.

                O menino atendeu a seu chamado, assim como uma menina e outro garoto e eles tiraram a caixa de cima de Jane com muito esforço. O último garoto a mirou, ajoelhado a seu lado, mas logo voltou a si e começou a verificar se ela estava bem.

- Oi! Jane! Você tá bem? Tá me ouvindo? – ele perguntava, encostando a sua mão na face da menina. – Jane! Acorda Jane!

E, apesar dos esforços dele, a garota ainda não parecia acordar.

- Vamos ter que chamar uma ambulância! – disse a voz esganiçada da menina. – Ela pode ter se machucado gravemente! Alguém sabe o número da emergência aqui?

- 190! É 190! – disse um garoto, que colocava a caixa na bancada da cozinha.

- Já estou ligando! Aqui é o Jardim Perdizes, não é?

O menino ajoelhado perto de Jane fez que sim com a cabeça e tornou a olhar Jane e tentou acordá-la de novo.

- Jane, Jane! – ele agora começou a ficar nervoso, dando alguns chacoalhes para ver se ela recuperava a consciência.

Deu certo. Assustada, Jane levanta de súbito do chão, e logo percebe que não deveria ter feito isso. O lado direito de sua barriga estava doendo mais do que tudo. Ela gemeu e apalpou o lugar em que doía.

- Deixe-me ver! – disse o menino.

Jane, sem ter percebido a presença dele até agora, tremeu.

- Deixe-me ver! Talvez consiga fazer a dor passar!

Jane consentiu e enquanto o menino erguia lentamente a camiseta de Jane e olhava o grande hematoma roxo que se encontrava em sua barriga, ela tentou olhar seu rosto. Não podia acreditar no que via.

- K-Kyle? – disse ela, tentando manter sua voz clara, mesmo com dor.

Ele olhou pra Jane com um olhar preocupado, mas logo ao ver o espanto da garota, deu um sorriso.

Vivendo Uma História MitológicaOnde histórias criam vida. Descubra agora