Capítulo 3

1K 227 4
                                    

Lili

Olhei a movimentação do pub e sorri com a agitação das pessoas. Eu ficava satisfeita quando via os jovens se divertindo e curtindo a vida da melhor forma possível.

Já que eles me alegravam, do outro lado do balcão, enquanto eu lhes servia as doses de felicidade, mais conhecidas como álcool que eles amavam.

O som estourava nas caixas, e eu requebrava, para me manter motivada a trabalhar até altas horas da noite, pois eu sabia que a noite era uma criança e que não tinha hora para terminar.

Rodei uma garrafa de bebida na mão e por fim, completei o copo de um cliente que aguardava pelo seu pedido. Ele me deu uma piscadela e eu retribuí. Em sua maioria, eu odiava usar aquele tipo de interação com os bêbados do pub, mas precisava de um pouco de diversão, já que não queria deixar a tristeza me abater.

Mesmo que três meses tivessem se passado desde o dia que perdi tudo, ainda doía muito, então, quando eu sentia que a dor queria se apossar do meu corpo, eu fazia algum tipo de loucura, como flertar com algum cliente, para esquecer-me dos meus problemas pessoais.

E com o pub lotado, era melhor, pois eu tinha trabalho de sobra para quase não me lembrar da minha vida, então eu só ficava concentrada no trabalho. Por isso, era sempre uma meta para a minha vida, após perder tudo, me encher de trabalho e esquecer-me da merda da solidão que me acompanhava fora daquele lugar mágico.

E foi na correria de atender um cliente e outro que acabei trombando em Oscar, um dos garçons do pub, mas acabei sorrindo para ele, para não ter nenhum atrito desnecessário. E ainda bem que ele entendia que todos nós, estávamos trabalhando como loucos para atender aos clientes.

Muitos pedidos, muitas bebidas e muitas músicas, esse momento é maravilhoso. Que venham mais dias assim.

— Um uísque, por favor. — Escuto aquela voz que está sempre presente aqui no bar.

Acabei parando o que estava fazendo e encarando o homem que aparece mais do que o normal por aqui. Seus olhos pararam nos meus por um momento, mas não o tempo suficiente que desse para ler a sua alma.

Encarei Thomas, — irmão do amor da vida da minha patroa e amiga —, e mesmo que ele fosse reservado, eu reparava nele e podia perceber o quanto estava abatido naquele dia.

Às vezes algo tocava o meu coração e eu sentia uma pena enorme por ele, mesmo que eu odiasse nutrir aquele sentimento por alguém. Porém, não sabia o que se passava em sua vida, mas tinha convicção de que ele sofria muito.

Por fim, soltei um suspiro e tentando tirar aqueles pensamentos da minha mente, já que não tinha nada a ver com aquela história, abri um sorriso em sua direção e comecei a fazer o que me pediu.

Assim que finalizei o copo com a bebida, entreguei-lhe em seguida. Thomas assentiu e não demorou muito para levar um gole do líquido âmbar à boca. E claro que não deixei de reparar em seus movimentos.

Não podia negar que ele era um homem bonito: seus cabelos escuros, meio desgrenhados, eram um charme, que talvez chamasse atenção das mulheres. Os olhos claros e avaliadores, eram algo para se observar e a boca desenhada... ah! Aquela ali, era sem dúvida a melhor parte em seu rosto.

Novamente percebi que estava sendo invasiva demais. Por isso, quando Thomas me estendeu sua comanda para anotar sua bebida, — que não pude deixar de reparar que já era a sexta — não voltei a encará-lo, para não passar alguma impressão errada.

Levantei a sobrancelha, mas não disse nada, quando percebi que ele já havia tomado mais bebidas do que o normal naquele dia. Caso eu percebesse que ele não estava em seu estado normal, iria no andar de cima e chamaria Oliver, que provavelmente deveria estar com Jack jogando alguma coisa. Nunca vi um pai tão amoroso quanto aquele homem.

A Filha Que Eu Não Merecia - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora