Capítulo 5

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Thomas

A primeira coisa que me incomodou assim que o dia amanheceu, foi a luz do sol começar a arder em meus olhos, ou melhor, eu nem poderia dizer que fosse o sol em si, mas sim a luminosidade do dia. Já que Oxford, era como Londres, uma cidade chuvosa, que raramente nos agraciava com a bela luz do sol.

Provavelmente devo ter esquecido de puxar minhas cortinas novamente, afinal ainda não havia me acostumado com a minha nova rotina naquela cidade. E também não tinha me acostumado com a quantidade de álcool que estava ingerindo ultimamente.

Antes de abrir meus olhos, deixei meus pensamentos vagarem pelos últimos acontecimentos, já que decidi mudar-me para Oxford recentemente, depois de tanta insistência de Oliver. Ele já havia se mudado no meio do tratamento de Jack e agora com o filho curado e com Amélia o perdoando, ele nunca mais voltaria a Londres.

Os bens da nossa família foram todos apreendidos, então, quando tudo veio à tona, mais que depressa saí da mansão e aluguei um pequeno apartamento, nada parecido com o que tinha em Cambridge, não queria ter uma casa parecida com a que vivi com Beatrice.

A polícia investigou os bens que Oliver e eu conquistamos, mas ao perceberem que o que tínhamos era fruto do nosso trabalho, eles liberaram nossas contas bancárias e isso fez com que eu decidisse comprar um apartamento em Oxford.

A única parte boa do passado que me restou, foi Oliver, e esse foi o motivo que fez com que eu não quisesse me afastar do meu irmão. Depois das suas insistências e também me provando que as meninas iam me aceitar numa boa, decidi que era hora de recomeçar em outro lugar.

E era exatamente por aquele motivo, que eu tinha decidido cometer algumas loucuras, como: encher a cara em algumas noites, chorar em muitas outras... e beber novamente?

Talvez, eu estivesse seguindo o caminho errado e até havia comentado aquilo com a minha psicóloga, — sim, eu tinha uma psicóloga, pois eu não era forte o suficiente para seguir a vida sem ajuda de alguém. Só que mesmo ela me aconselhando de diversas maneiras a tentar ocupar minha mente com outras coisas, eu não estava conseguindo.

Respirei fundo, pois já estava vagando demais pelos meus pensamentos e comecei a me movimentar, para espreguiçar o meu corpo daquela noite da qual não me lembrava de nada, depois do quarto copo de uísque. Só que assim, que fiz o movimento, parei no mesmo instante.

Algo estava errado!

Percebi que minha cama estava mais dura que o normal e o meu pescoço estava me matando. Que noite horrível foi a que passei para amanhecer mais cansado do que as noites que fiquei sem dormir?

Abri os olhos e constatei que as coisas estavam piores do que imaginei. Tentei reconhecer o teto que estava encarando, mas não conseguia de maneira alguma saber onde estava.

Não tinha nada a ver com meu quarto, o teto estava cheio de manchas de infiltração, meu quarto estava até onde me lembro intacto. Virei a cabeça lentamente para o meu lado direito e confirmei de uma vez por todas que eu não tinha a mínima ideia de onde estava.

Passei meus olhos pelo lugar e tentei reconhecer, mas não sabia mesmo que casa era aquela. Os móveis eram de segunda mão, e não pareciam em nada com a casa de Amélia.

Será que eu havia sido sequestrado?

Revirei os olhos no mesmo momento. Às vezes as minhas neuras eram meio ridículas. Estalei meu pescoço, pois uma dor me incomodava, provavelmente por ter dormido de mau jeito naquele lugar e em seguida, voltei a passar meus olhos pelo lugar.

Uma mesinha de centro com uma fotografia chamou minha atenção. Uma garota morena, muita nova por sinal, com cabelos cacheados sorria ao lado de quatro pessoas que provavelmente deviam ser sua família. Parei por um momento, pois aquela menina era familiar... Mesmo pela idade jovem na foto eu conhecia aquela garota, ela era a garçonete do pub de Meredith e Amélia.

A Filha Que Eu Não Merecia - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora