Prólogo

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O príncipe olhava impaciente. O vidente e sua mãe pareciam conversar calmante. Vez ou outra sorrindo e olhando em sua direção. Raiva e impaciência se misturavam. A saliva espessa ainda estava impregnada em sua mão, mesmo após esfregar incessantemente nas roupas. O mensageiro dos deuses havia lambido as duas mãos do garoto, agora no auge de seus quinze anos. Tudo começou com sonhos estúpidos, a imagem de uma garota se repetia.

Ela sorria abertamente, dentes brancos e perfeitamente alinhados. Os cabelos longos na tonalidade de castanho avermelhado brilharam como nada antes visto pelo menino. Olhos que hipnotizavam, diferentes, mas ainda sim belos e únicos. A pele pálida, sem imperfeições, mas com bochechas coradas. Lábios carnudos, em uma espécie de convite silencioso, suculentos e pecaminosos. Sua risada ecoando pelo lindo campo florido, ela sorria para ele.

Amor, carinho e lealdade explícitos. Seus olhos provocando o filho de Ragnar, instigando que ele tentasse alcança-la, sem sucesso. Seu corpo envolto pelo vestido de tecino caro, mas ainda sim, insuficiente para sua beleza. Ivar, ao contrário do esperado, parecia se divertir. Seria possível? Os deuses estariam brincando com a sua dor e angústia? Enviando a delicada deusa para lembrá-lo de sua maldita doença? Ele não escondeu a raiva que sentia ali.

- Os deuses devem gostar muito de você, Ivar, filho de Ragnar - Afirmou o vidente, o rosto deformado mais próximo do que gostaria - São visões de seu futuro, meu príncipe - Comentou, sua raiva deu espaço a curiosidade.

- O que significa? - Exigiu, alimentado por sua fome de informação e respostas.

- Ela é seu futuro, e você seu passado. As suas almas foram ligadas, minha criança. Seus corações estão destinados e se encontrarem e unirem, desde o início dos tempos. A garota foi abençoada pelos deuses, ela será esposa, mãe e o centro de sua vida, Ivar - Respondeu e notei o sorriso no rosto de minha mãe.

- Por que ela escolheria um aleijado? Não é possível... ela é... perfeita - Desdenhou com a voz cheia de amargura e sofrimento.

- Não diga isso, meu filho - Aslaug tinha o olhar carregado de emoções fortes.

- E o que eu deveria dizer? Eu vejo o olhar que as mulheres lançam para mim. E nenhuma delas tem metade da beleza dessa mulher, sou amaldiçoado, simples. Por quê ela amaria uma alma quebrada como a minha? Hã... Ubbe teria mais sucesso em conquista-la, mãe - Rospondi friamente, era a verdade crua.

O vidente grunhiu, irritado. Ivar se calou e revirou os olhos, impaciente. Aslaug, estava no limite, suas emoções eram confusas. Alívio em saber que seu menininho encontraria seu amor nos braços de uma boa garota. Assustada por suas origens incertas, afinal a preocupação era justificada. E ansiosa pela chegada da jovem, é um presente e tanto dos deuses. Entretanto, os sacrifícios que seu filho teria que fazer... isso a deixava temerosa. Ivar concordaria?

- Ela amará você, desossado. E nenhuma mulher amará seus irmãos com tanto fervor ou intensidade - Ivar sorriu com superioridade - Eu devo alertá-lo que será necessário sacrifícios e promessas de sua parte - Comentou.

- Continue - Pediu o filho de Ragnar, o seu corpo mostrando urgência nos movimentos, as veias saltadas em seu pescoço.

- Sem outras mulheres, príncipe. Nada de amantes ou outras esposas. Será necessário o comprometimento total a partir de agora. E em troca... ela será apenas sua - Afirmou o vidente que cheirava ervas ritualísticas.

- Como vou encontrá-la? - Questionou e o mensageiro sorriu abertamente, dentes podres e amarelados a mostra.

- Comece ficando longe da escrava que é compartilhada por seus irmãos. Os deuses me disseram que farão o restante - Respondeu, e o príncipe concordou de imediato.

Enviada pelos deuses - Ivar, o desossado Onde histórias criam vida. Descubra agora