Corte de essência e estrelas

Eu ainda mato essa ruiva!

Para muitos que não acreditam, sou uma sobrevivente, pois assim que cheguei ao meu quarto, não demorou muito para o bonitinho do Grão-Senhor vir dar sua bronca, se não fosse por Horacia dizendo que eu tinha encantado a todos, ainda mais aquela velha pré-histórica. Com isso, ele deixou só dois simples avisos: primeiro encantar a velha e segundo "Nada de chegar perto do filho do Grão-Senhor da Corte Noturna". E com isso ele saiu e me deixou sem lhe dar uma resposta. Ai que ódio desse homem!

Logo contei tudo a Ames, que riu, se chocou, quase me bateu por ter arrumado encrenca e ficou feliz por eu ter mostrado quem manda, mas nem deu para conversarmos direito, pois tinha que ir dormir para amanhã tomar chá com a velha.

No dia seguinte, acordei com Ames já me esperando para me arrumar. Ela estava toda animada por eu ter conseguido conquistar a velha.

- Ames, se acalme, é apenas um chá. - Vejo-a pelo reflexo do espelho. Ela me mostra a língua e eu faço mesmo, resultando em algumas risadas.

- E você deve estar pior que eu, já que se der merda, você se ferra, lindinha! - Eu finjo rir, e ela continua. - Vamos lá, Stella! É só se comportar por alguns minutos, não deve ser difícil, né?

Ela me pergunta com sinceridade vendo tudo que estaria em jogo. Eu aceno com a cabeça o que parece acalmá-la um pouco.

- Pode deixar, mamãe, eu vou me comportar. - E ela ri com a piada. - Mas entenda que se ela me irritar, eu irei mandar essa velha morar junto com a múmia.

E antes que ela me respondesse, Horacia entra com Alis, logo atrás. As duas imediatamente me encaram e dão um sorriso.

Para minha alegria, Ames tinha feito duas tranças no meu cabelo, decorando-as com pequenas flores e deixando uma parte do cabelo solto em ondas. Nós duas discutimos pelo vestido, pois ela queria algo muito formal e elegante, enquanto eu optei por um vestido de renda, que era leve e com corpete que acentua a minhas curvas, fazendo-me parecer uma bela moça, jovem e inocente.

- Você está linda, minha querida. - Fala Horacia, dando um beijo em minha cabeça. Naquele momento, eu reparo em algo na mão de Alis; uma caixa - Acho que percebeu o meu presente. - Afirma ela, animada.

Alis estava segurando uma caixa de veludo vermelha com um símbolo de uma rosa em cima. Ames também olha ansiosa para caixa, assim como eu.

- Não precisava - Ela sequer me deixou terminar a frase.

- Abra, Alis! - E meu Deus, chama o SAMU, os bombeiros ou sei lá o que existe de socorro nesse mundo, eu não acreditava no que via.

Dentro da caixa havia um colar de esmeraldas, junto com brincos em formato de flores, e o melhor de tudo, uma meia coroa de flores em ouro e esmeraldas, o qual era lindo e tão delicado que me dava até medo de tocar. Eu estava sem palavras.

- Olha, parece que você precisava sim, Stella. - Enquanto todos riem com a fala de Ames, eu estava muda. Acho que pelo meu silêncio, Horacia ficou inquieta.

- Você não gostou? Se quiser posso mandar trocar, eu achei que ia gostar, mas... - Nem a deixei terminar de falar, rapidamente a abracei com força.

- Obrigada, muito obrigada. - Eu estava quase chorando. - Obrigada por estar aqui comigo.

Ela me afastou um pouco, fazendo-me notar seus olhos se enchendo de lágrimas. Em seguida, ela segurou meu rosto, me abraçando de novo.

- Me escute, Stella... Não me importo com que os outros vão achar de você, para mim você é a melhor coisa que aconteceu comigo. Você não sabe como eu desejaria uma filha para poder fazer tudo que não pude com os garotos. - Ela me considerava como sua filha. - Então uma menina determinada, apareceu brigando, colocando minha casa num caos, mas no meio desse caos eu achei você, minha menina. Você não pode ser minha filha, mas eu te considero tanto, Stella, então eu que agradeço por você estar comigo.