Primavera Tardia ꕤ〜 Fugio Jojo

〜Narancia e panquecas〜

{Dez dias né kk, um de nós estava ocupado estudando, JÁ O OUTRO TAVA JOGANDO SKULLGIRLS... juro que um dia vamos ter uma rotina de postagens *emoji triste*, anyways fiquem com esse oneshot de naramis bem bobinho... e bem curtinho até... mas os outros caps também não foram longos e eu to falando de mais - Peaches}

Um som de fritura que não para está chegando até os quartos, juntamente com um cheiro de café que preenche o ambiente.
Foi assim que Narancia acordou, ainda que lentamente. Ele vira para o lado, e mal tinha dado 6 da manhã. Só o Bruno podia estar acordado tarde assim em um sábado, ainda mais na frente do fogão. O garoto se perguntava o que ele estava preparando.
E com essa dúvida, aos poucos ele levanta, e mesmo descalço e com a camisa ao avesso, ele segue em direção da cozinha.
Mas para sua surpresa, não era Bruno quem estava na cozinha.
Era... Outra pessoa.
Um homem mais alto, parecia mais forte também. Ele usava uma regata e tinha cabelo cacheado. Será que Narancia ainda estava dormindo?
Que tipo de doido invade a casa das outras pessoas para cozinhar?
Essas perguntas rodavam a cabeça de Narancia.
Sem fazer alarde, ele anda até a bancada, nas pontas dos pés.
Ele pega um garfo em cima da mesa, não é um objeto muito perigoso mas ia servir.

"Quem é você e o quê você ta fazendo na minha casa!" Ele segura o garfo, logo acima do rim.
A figura pula para trás.
"Eu? Moro aqui?" Essa voz.
"Mista?"
"Quem você achou que fosse, Roberto Carlos?!"
"Quem?"
"Esquece garoto. Vai lavar o rosto, você tá com sono ainda." Disse Mista, voltando a bater algo, que parecia uma massa.
"Você tá fazendo o que?"
"Panquecas. Eu ia ligar o liquidificador, mas percebi que podia acordar alguém."
Narancia olha para Mista mais uma vez, ainda confuso, e depois olha ao redor. A sala era conectada com cozinha, então dava para ver que a televisão estava ligada, pausada em um filme que ele não podia reconhecer agora, e tinha lençóis e almofadas no chão perto do sofá. Também lá estava o suéter que Mista usou essa semana quase toda, junto com seu icônico chapéu.
"Você acordou cedo hein..." Narancia senta em cima da bancada.
"Eu não dormi essa noite." Ele coloca a massa de panquecas na frigideira.
"Por que?" Narancia vira a cabeça.
"Ah você sabe... Pensando nas coisas que aconteceram essas últimas semanas."


Muito aconteceu nessas últimas semanas.
Menos de um mês atrás Mista chegou no café, minutos antes de fechar, encharcado, pedindo um lugar para ficar enquanto a chuva não passava.
Dois dias depois ele continuava dormindo no sofá da sala.
Ele não incomodava muito, sempre trocava conversa com Narancia e Fugo.
Abbacchio no início não gostou que Bruno trouxe outro menino da rua para dentro de casa, isso até provar as comidas típicas de onde o rapaz veio.
Bruno logo botou ele para trabalhar no café ao lado de Fugo a tarde. E agora fazia três semanas que o menino estava morando com eles.
Narancia devia confessar. Ele não ia muito com a cara de Mista.
Depois de mais de um ano morando só ele, Bruno, Abbacchio e Fugo, era bem difícil se acostumar com outra pessoa que ele não conhecia direito. Até porque Mista parecia um pouco assustador, para ser sincero. Não dizia muito de onde veio, nem como ele acabou na rua em uma tempestade, nem da família dele.
O Bruno sabia dessas coisas, por outro lado, ele era a única pessoa com quem o rapaz realmente conversava, mas tirando isso, ninguém realmente sabia qual era a de Mista.
"...você também acordou cedo." Narancia é tirado dos seus pensamentos quando o rapaz diz.
"Eu senti o cheiro da comida." Narancia vê mista colocando uma panqueca num prato, colocando presunto, queijo e tomate, e fechando como um crepe.
Mista ri com os motivos do outro rapaz.
"Quer uma também?" Ele segura o pote com a massa.
Narancia concorda, Mista então começa a fazer a dele.

Narancia poderia perguntar algo ousado agora.
Sobre a família, ou por que ele tava na rua, ele também ficou na rua por muito tempo, ele iria entender.

"Qual o filme que você ta assistindo?" Ele optou por não perguntar algo que pode soar insensível.
Mista congela por um instante, mas ele logo volta a virar a panqueca de Narancia, e diz, tentando soar o mais natural possível:
"De repente 30."
Narancia segura uma risada, mas nem ele consegue ser discreto.
"Olha, é um ótimo filme ok?!"
"Eu nunca neguei isso."
Narancia tinha que confessar, quando viu Mista voltar da locadora no dia anterior escondendo a sacola com os DVDs, ele esperava outro tipo de conteúdo, não algo assim. Não combinava com todo aquele... Jeitão que Mista tinha.
"E você passou a noite vendo isso?"
Mista vira o rosto tentando continuar sério.
"Não..." E ele falha miseravelmente.
"Awn qual outro filme tava vendo? O diário da princesa." Narancia segura as duas mãos embaixo do rosto piscando os olhos, rindo da escolha de filmes do rapaz mais alto e mais forte.
"Para o seu saber era uma linda mulher ok!" Mista se defende, mas Narancia ainda ri, muito.
Ele coloca a panqueca no prato.
"Nem vou terminar de fazer também!"
"Não, não! Por favor, eu paro, eu juro." Narancia coloca a mão no peito, respirando fundo e realmente tentando parar.
Mas para sua surpresa, quando ele levanta o olhar, ele vê que Mista também tinha um sorriso de canto. Ele não estava realmente bravo. Nem era um cara tão amargurado quanto pensava.

Finalmente, Mista leva até a mesa um prato com algumas panquecas, depois de ter levado uma garrafa de café e uma jarra de suco que tinha sobrado da janta no dia anterior.
"Pode comer ai se quiser, eu vou comer no sofá."
"Faz isso sempre?"
"Só quando o Bruno não tá aqui para me dar sermão."
"O que... Não, eu não tô falando de comer no sofá! Eu digo virar a noite."
Mista ri novamente.
"Só quando o Bruno não tá aqui para me dar sermão." Ele repete.
Os dois andam até o sofá.
"Então faz sempre?"
"Eu acostumei não dormir bem sabe?" Ele morde um pedaço da panqueca.

"Eu sei, também fazia isso quando morava na rua." Narancia dá uma mordida na panqueca dele, e Mista engasga no café.
"Você morava na rua? Achei que era filho do Bucciarati!" Ele fala limpando a boca.
"E o Abbacchio é minha mãe?!" Narancia ri dele.
"Ele não é?"
Eles se encaram por alguns instantes. Até Mista começar a rir também.
"Que susto, seu imbecil-" Narancia controla sua voz para não acordar os outros, mas volta a rir também.
"Mas... Sério que você já morou na rua?"
"É sim. Eu me metia em uns problemas quando era mais novo, e saí de casa também quando era muito garoto. Um dia eu tava andando por aqui, e o Fugo me encontrou. Ele me ofereceu um lanche de graça e o Bruno me deu um lar, em troca de eu voltar para escola."
Mista coloca o prato no chão, já sem panqueca de presunto e queijo, Narancia dá as últimas mordidas também.
"Então só o Fugo é filho, filho mesmo deles?" Tinha um certo tom genuíno por trás dessa pergunta irônica.
"Nah, o Fugo foi um achado também." Narancia explica.
Mista boceja, cobrindo a boca com a mão, ele chacoalha a cabeça tentando se manter acordado.
"Quer continuar o filme?"
"Agora eu só quero dormir." Mista cai dos dois lados.

Mas não tem espaço para ele se esticar.

"Ei, se quiser," Narancia começa meio envergonhado. "Pode deitar no meu colo, também quero dar um cochilo." Ele coça a nuca, esperando um não.
Mista sorri.
"Obrigado bro." Ele deita a cabeça nas coxas de Narancia.
"Obrigado digo eu, tava muito gostoso."
"Mas pode soltar o filme se quiser, não tem problema." Mista estica o braço para alcançar o controle. "Mas tá dublado."
"Eu sei ligar as legendas."
Mista se ajeita melhor, se espreguiçando algumas vezes até ficar completamente confortável, e os cachos bagunçados dele fazem cócegas nas pernas de Narancia.
O filme já tava na reta final, durante a sessão de fotos para revista. Nem tinha tanta graça ver o filme assim pela metade, mas Narancia não queria ser egoísta de botar o filme do começo mais uma vez, ele não sabia quando Mista dormiria.
Mas um pouco dessa situação estava deixando ele sem jeito. Ele não sabia aonde por as mãos. Não tinha espaço no sofá, e cruzar os braços seria desconfortável.
Ele podia descansar as mãos em cima de Mista... Mas isso não seria muita intimidade? Ele nem sabia como o rapaz iria reagir.
Mas ainda assim, era só por conforto, sem nenhuma outra intenção por trás.
Ele coloca as mãos no cabelo dele, e como era macio, muito macio.
Ele enrola um cachinho e solta, pisca o olho de forma demorada, enrola e solta de novo.

Ele sorri e respira fundo, esse início de manhã até que foi divertido, e Mista dormiu.
Até que ele ouve passos e alguém parando atrás dele.
"O que aconteceu aqui?" Bruno para, olhando para eles em pé, mais alto.
Ah como Narancia vai explicar.
Não tem nada de errado, mas, o cenário poderia ter sido lido de outra forma.
"O que foi muito gostoso Narancia?" Outra pergunta de Bruno, agora um pouco mais bravo.
E isso, isso poderia ser entendido de outra forma também.
Narancia olha para baixo, evitando o olhar de Bruno enquanto procura uma resposta para as perguntas dele, mas ver Mista dormir tão tranquilamente no colo dele estava o deixando mais nervoso ainda.
"...não é o que você tá pensando." Foi tudo o que ele conseguiu dizer, ainda que baixinho.
"O quê?" Já Bruno, estava falando até que bem alto, já um tanto alterado.
E nessa hora que Mista dá um arrepio no colo de Narancia, e levanta.
"Oh, bom dia Bucciarati." Ele realmente não estava lendo o clima ali.
"A cozinha está uma bagunça. O que vocês andaram fazendo, Mista?"
Misto estava mais lento que o comum, e não parecia nem um pouco a fim de pensar em uma resposta decente.
"Eu fiz café da manhã, e Narancia comeu comigo, depois fomos ver uns filmes."
"Isso que estava gostoso..." Narancia finalmente teve coragem de falar de novo, mas as palavras ainda saiam devagar, e seu rosto queimava falando isso.
Bruno olha de cima a baixa, o olhar cortando os dois, mesmo que isso passe despercebido por Mista.
"Certo." Bucciarati conclui. "Mas depois, vocês vão limpar essa bagunça viu?"
"Tá." Narancia concorda tentando esconder as mãos.
Mista só concorda com a cabeça e volta a dormir.

Olhando para baixo de novo, Narancia odiava o fato de seu coração bater mais rápido olhando os cachos do rapaz.

{um dia o fugio continua beijocas do peaches}