Primavera Tardia ꕤ〜 Fugio Jojo

〜Mista + 6〜

Descendo a rua, voltando para casa de Bucciarati, vai Mista de bicicleta, cantarolando alguma música, pois esqueceu os fones de ouvido em casa.
"Hoje eu vou parar na... gaiola." Ele olha para os dois lados. "... puts, acho que virei na rua errada."
Guido tentava reorganizar sua localização para chegar o mais rápido possível antes do almoço.
Até que, algo chamou a atenção dele.

Num cantinho, perto de uma árvore, quase na esquina, algo se mexia, e a curiosidade dele gritou mais alto.
Ele larga a bicicleta, e vai até onde o barulho levava, uma caixa virada de ponta cabeça.
Guido leva a mão para levantá-la, mas se assusta com os miados que de repente se iniciaram.
Oh, não.
Ele levanta a caixa de uma vez, revelando...
Um, dois, três, seis, sete!
Sete gatinhos,
No quais dois já queriam escapar debaixo da caixa.

"Ah, não não! Vocês vêm comigo!" Ele nem dá a chance deles fugirem, pegando um por um.
O maiorzinho que queria tanto escapar, rosna para ele.
Depois, Mista pega os que estavam dormindo em um cantinho, metade dos gatinhos eram bem doceis, a outra parte nem tanto.
"Deus quem foi o monstro que abandonou vocês aqui-" Mista leva a mão para pegar os dois mais pequeninhos.

E seu coração cai ao tocar em um gatinho mais gelado que o outros.
"Oh não, merda."
Ele segura o gatinho no alto, ouvindo os irmãozinhos dele chorando.
"Pobrezinho..." Não havia nada que ele pudesse fazer. E ele não podia simplesmente deixar os outros ali sozinhos.

Droga, não era para ele estar chorando.
Ele devolve o gatinho ao lado da árvore, pega o irmãozinho menor dele, implorando que sejam seis e não cinco.
E ao receber um miado um tanto desesperado de volta, o coração dele se acalma um pouco.

"Meu deus o quê eu vou fazer com vocês?" Ele olha para a caixa cheia de gatinhos e volta a chorar.
Mista olha para todos os lados. A esquerda, onde estava sua bicicleta, a direita, para rua onde ele deveria ter virado. Para cima, céu cheio de nuvens, e para baixo, uma caixa com seis gatinhos.
Ele não tinha outra escolha. Ainda bem que ele pegou a bicicleta de Fugo emprestado sem pedir, pois, ela tinha uma cestinha que cabia perfeitamente aquela caixa.

Em poucos minutos ele tinha voltado para loja, e para o azar dele, logo Bruno e Fugo estavam lá.
"Ah, Mista, que bom que você tá de volta, comprou o tempero que..." Bruno para, olha bem pro rapaz em prantos com o rosto inchado e a caixa que ele tem em mãos. "O que houve?!"
Mista respira fundo algumas vezes, tentando recuperar seu fôlego para poder formar frases coerentes e convencer o homem de não lhe dar uma bronca. Mas ele falha miseravelmente.
"BUCCIARATIIII-"
"Mista? Mista?" Bucciarati sai do balcão e vai até ele. "Você se machucou?"
"Me perdoa Bucciarati eu não podia deixar eles sozinhos!" Mista fala entre prantos. "Eles estão tão pequenininhos Bucciarati."
O conteúdo da caixa se torna aparentemente para os dois que estavam no café antes.

"Oh Mista, nós não-"
"Eu cuido eu prometo que cuido." Mista dá um longo suspiro seguido de um soluço. "Eu não posso abandonar eles." Muitos miados com fome vinham da caixa.
"Sobe, depois que o expediente acabar damos um jeito. Fugo, para cozinha."
"Quê?! Por que eu!?"
"Você consegue, Mista, dê um banho neles okay?"
Guido limpa o rosto na manga.
"Obrigado Bucciarati, obrigado, eu comprei o tempero eu tava voltando quando achei eles eu-"
"Não se preocupe Mista. Eu já entendi tudo."

Mista limpa o rosto mais uma vez, e vai subir as escadas.
Era um pouco difícil com aqueles seres minúsculos balançando de lá pra cá, miando para tudo.
Mas ainda assim, ele conseguiu chegar em casa, e encontrou Narancia no sofá e Abbacchio em frente do fogão, e ambos ficaram igualmente em choque quando viram o rosto de Mista.
"Meu Deus!"
"O que houve Mista?!" Narancia diz enquanto Mista coloca a caixa na mesa de centro deles.
E quando ele abre, tudo faz muito mais sentido.
"Eles tavam sozinhos no meio da rua. E-eu não consegui deixar eles pra trás, eles tavam chorando e- e um acabou morrendo, eu não consegui-"
"Calma, calma." O garoto pega um para poder mostrar para Abbacchio.
O homem olha bem no fundo dos olhos da criatura, encara ela por uns instantes e declara: