Primavera Tardia ꕤ〜 Fugio Jojo

〜Fugo precisa de ajuda〜

Fugo estava ansioso. A semana passou rápido demais pro seu gosto, e ele não estava preparado para ver Giorno no dia seguinte. Apesar que eles se viram várias vezes durante a semana, sábado não seria a mesma coisa. Eles iriam passar uma tarde no aquário da cidade, eles iriam passar mais tempo do que nunca juntos. E essa ideia deixava Pannacotta nervoso. Ele procura no seu armário o casaco mais pesado dele, o que ele usa todo inverno, vermelho e com estrelas brancas na estampa. Ele podia ser um pouco infantil, mas ainda lhe caia bem e era bem quente, então já servia. Bem, serviria se ele encontrasse. Será que ele estava para lavar? Talvez alguém pegou ele emprestado sem pedir? Ou pior, será que deram um fim nele?!

"Bruno, você viu..." apesar que geralmente ele quem fazia as refeições da casa, Fugo não esperava ver Abbacchio na frente do fogão tão cedo. Quem faz o café geralmente é Bruno ou Mista.
"Bom dia Fugo."
"Ah! Oi. Onde o Bruno tá?"
"Foi comprar pão. Acabou de repente, alguém andou roendo os pães aqui de casa pela noite." Ele diz com um tom de voz ríspido. E parece que esse alguém saiu também, já que Mista não estava dormindo no sofá.

Fugo permanece em silêncio, brinca com os dedos quase congelando.
"O que foi menino, pode perguntar para mim." Abbacchio se apoia na pia.
"Oh, é só que... eu não consigo achar meu casaco." Fugo esfrega as mãos, era impressão dele ou estava mais frio do que no dia anterior? "Sabe? O com estrelas e é peludo dentro?" Fugo descreve, talvez Abbacchio tenha visto.
"Aquele que era quase o dobro do seu tamanho quando compramos?" Leone cruza os braços. "Se eu não me engano... deveria estar no topo do seu guarda-roupa. Mas por que você precisa dele? Compramos outros casacos para você."
"É que amanhã... eu preciso dele para amanhã." Fugo tinha uma roupa planejada para o encontro do dia seguinte.

"Vai sair?"
"Eu já tinha avisado que sim, avisei ontem a noite antes de vocês deitarem."
"Oh." Ele faz uma pausa, volta a fritar os ovos e levanta a cabeça de novo. "Ah, sim, é mesmo."
Deus perdoe a falta de atenção de Abbacchio.
"Vai ser com a Sheila?"
"Vai ser com o Giorno, o garoto do café."
Dava para notar, mesmo que sutis, as reações de Leone. As sobrancelhas se arqueando, ele colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha para ouvir e ver melhor, seus lábios se fechando mais. Ele estava dando deixas para Fugo contar mais.

"Já faz um pouco mais de uma semana que ele me convidou. Parece que o tio dele trabalha lá, então ele tem livre acesso. Podemos ficar lá o tempo que quisermos."
"Hm." Abbacchio não parecia impressionado.
"Então vamos passar a tarde lá e depois vamos ir comer algo..."
Silêncio da parte de Leone.
É... ele já ouviu tudo que precisava saber e não estava nem um pouquinho interessado nos mínimos detalhes.
A porta de entrada se abre.

"DEUS ESTÁ CONGELANDO LÁ FORA!" Bruno chega tremendo, mesmo com vários casacos e um cachecol em volta do pescoço.
"Você que é sensível, meu bem." As feições de Abbacchio ficam mais suaves.
Logo atrás de Bucciarati, entra mista, com as sacolas de compras nas mãos.
"PUTA VIDA EU NUNCA MAIS SUBESTIMO A MOÇA DO CLIMA!"
Mista não estava tão bem-vestido como Bruno. Ele tinha uma mania muito auto destrutiva de se achar acima de tudo, geralmente sendo clima o seu maior inimigo. Mesmo depois da vez que ele teve que ir do outro lado da cidade na maior tempestade já registrada sem um guarda-chuva, ele não aprendeu sua lição.
"Mas pelo menos conseguimos trazer as compras!" Ele deixa as sacolas na mesa de forma desajeitada, que alguns condimentos se arrastam para fora. "Vamos lá, qual o assunto da manhã, meus caros colegas?"

"Fugo perdeu o casaco favorito dele." Abbacchio não olha para Mista, continuando focado no café da manhã.
"Oh, qual casaco Pannacotta?" Bruno pergunta, tirando as compras das sacolas.
"Você sabe... aquele que compramos logo quando eu cheguei? Junto com os cobertores?" Fugo se senta, se encolhendo, falar dessas coisas perto de Mista fazia Fugo ter vergonha. "O vermelho com estrelinhas, que é peludo por dentro, com bolsos grandões." 

"Sim, claro que eu sei!" Bucciarati se vira para sorrir para ele.
Mista se vira lentamente para ele também.
"Era seu?"
"Quê? Como assim Mista?"
"Mas o Narancia disse que eu podia pegar que não ia fazer falta eu-" Ele larga as compras na pia e começa a rir. "Meu senhor Jesus Cristo. Nossa Senhora Aparecida. Santa Terezinha do menino Jesus." Ele começa a andar em círculos.
"Mista. Mista o que você fez." Fugo se levanta em um pulo.
"Me perdoa Pannacotta." Ele ri em desespero.
Os olhos vermelhos do garoto se comprimem tais as de um tigre prestes a atacar. Se Mista não dissesse agora o paradeiro do casaco, Fugo ia arrancar as palavras da garganta dele.
"Me dá um instante okay? E-eu vou te entregar, mas promete que não vai me bater."
"Mista, eu te juro que se-"
"Promete!" 

O albino respira fundo mais de cinco vezes, antes de concordar.
Mista vai até o quarto de Fugo, e não leva muito tempo para ele voltar com o casaco dele. Ou pelo menos metade dele.
"O Narancia disse que tava tudo bem, eu nem imaginava que era seu porque eu... não imaginava que você usava estrelinhas."