Grokar

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Em Marciano: entender tão profundamente que o observador se torna parte do observado. Mesclar-se, misturar-se. Entendimento além da empatia e da intimidade.

Correntes prenderam Naenia por todos os lados, era estranho perceber que a coisa gasosa era na verdade tão humana quanto você, ou quase isso

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Correntes prenderam Naenia por todos os lados, era estranho perceber que a coisa gasosa era na verdade tão humana quanto você, ou quase isso. Sua audição sensível não ajudava a amenizar os gritos que chegavam em seus ouvidos, pelo contrário, talvez fosse esse o sentimento que um cachorro teria em pleno festival de fogos.

Você amorteceu a queda de Vanitas antes de Noé chegar, se colocando atrás do moreno, sorte a sua ter um corpo resistente. Astolfo lutava com um monstro máquina peculiar, mas a cena principal estava em Chloé, se pudesse repetir a experiência traria um balde de pipoca para ver a vingança de uma mulher ciumenta.

Uma mulher que passou década após década em uma prisão gelada com apenas um amigo, vendo seu amado ter que repetir as mesmas dores todos os dias enquanto se obrigava a completar um legado de família que foi distorcido. Provavelmente tendo de lidar com a culpa por trocar o objetivo inicial da família, a tornar humana, por seu próprio objetivo, matar quem profanou seu amado.

Sabendo que no final teria estragado não apenas o legado de família, como também a vida feliz que seu amado poderia ter, esperando ser esquecida por ele após sua partida. Você sabia, Jean-Jacques nunca esquecerei Chloé, ele a amava. Mas aquela pessoa poderia ter esquecido você tão fácil assim? Com Vanitas seria o mesmo?

"Não faça isso! Não provoque Naenia tanto assim!". Vanitas gritou, mas já era tarde demais, a criatura estava gemendo de dor enquanto seu crânio se partida. "Não a faça se lembrar de quem ela realmente é!". Vanitas estava tentando, mas de nada adiantaria.

Você sentiu seu coração pular uma batida, então esse era o sentimento de ter a principal vampira em sua frente. Os instintos gritavam para que fugisse daquele lugar, mesmo sabendo que poderia derrotar aquela mulher, ainda assim seu corpo se manteve paralisado.

Talvez por saber que tudo terminaria bem, ou por estar sofrendo pelos efeitos vulneráveis da invocação dos lobos, apenas aceitou que ficaria parada naquele lugar, perante Sua Majestade, a Rainha Faustina.

Fechou os olhos esperando que Noé empurrasse Vanitas quando a Besta rompeu pela parede, mas ele não o fez. Você estava protegendo o humano e Noé provavelmente não queria te machucar junto.

Não poderia nem imaginar a dor que a vampira Chloé estaria sentindo, o suficiente para moldar a dimensão que ela mesma criou e os jogar no espaço vermelho de Charlatão.

Quando o motor parou e Naenia perdeu sua forma física a paralisação também se foi, você soltou uma respiração que nem percebeu ter prendido, da próxima vez não ficaria tão vulnerável, esperava que sim.

Divagou até perceber que o cão não estavam mais sob seus pés, estava caindo? O corpo de Vanitas grudado em seu peitoral, ele quem deveria ter caído, e te levado junto. "Remy! Vanitas!" Um Noé pulando da plataforma flutuante e sendo assombrado por um ser suspeito falou.

Por sorte ele conseguiu segurar vocês e os levar até um piso seguro. Não prestou atenção, mas eles já estavam brigando.

"Já se esqueceu de como Lorde Ruthven quase me sabotou?". Você estremeceu ao ouvir aquela menção de Vanitas. O gosto do sangue daqueles soldados de mais cedo estava voltando em sua garganta.

Noé se calou, culpa? Medo? Não sabia e nem queria decifrar o motivo do silêncio. Não podiam perder esse tempo. Se levantou, finalmente, colocando uma mão no ombro de Vanitas. "Eu acredito em você.". Foi tudo o que disse.

As pessoas presas em pedaço de terra levitando entraram em desespero quando pequenos lobos ferozes apareceram. Você não estava raciocinando direito, não sabia o que fazer por incrível que pareça. E nem precisou, Roland apareceu salvando vocês, depois apertando vocês contra a parede.

Sem tempo para papo furado, Noé pegou Vanitas e o levou pelas pedras flutuantes, você os seguiu, até a sala de música. Vendo Jeanne em um pesadelo no chão tentou ajudar, mas quando a tocou, apenas se viu naquela garota. Uma pessoa que até conheceu a felicidade, mas viu muito mais dor e tristeza, sendo injustamente acusada.

Sendo levada ao desespero e manipulada, pela única pessoa que ainda permaneceu ao lado dela, vivendo como uma marionete do desejo dos outros. Uma marionete quebrada, já que nunca conseguiu deixar de lado as próprias emoções e pensamentos, se culpando por nem mesmo poder ser um objeto perfeito.

Uma boneca quebrada, sem propósito, que poderia ser descartada caso não cumprisse a tarefa. E no fim de tudo nem mesmo teria privacidade, as pessoas de poder a fariam confessar suas fraquezas e as fraquezas daqueles que pouco se afeiçoou.

Ironicamente, não gostava dela, mesmo se lembrando de você mesma. Talvez esse seja o problema, fugir do controle dos outros e estar cobrindo seu próprio rosto com uma máscara. Vanitas dizia algo pra Jeanne, para ela e não você, quando decidiu se virar e caminhou até a única pessoa que poderia realmente ajudar alí.

Astolfo. já viu todo o passado com vampiros que ele teve, não queria presenciar aquilo novamente, ninguém merecia passar por aquela dor duas vezes. Colocando sua mão na testa do menino, trocou aquele sonho ruim por uma doce ilusão, ele merecia pelo menos um descanso.

Puxou o paladino até a estante de livros e o deixou encostado alí, era reconfortante ver o rosto aliviado dele, em sono profundo. Algo que te fazia feliz, mesmo tendo sugado todo o sofrimento que ele teria nesse momento, sentindo aquela dor em si mesma.

Eram dois coelhos em uma cajadada apenas, o paladino ganhava uma folga e vocês não seriam interrompidos.

Se pegou admirando aquela feição delicada, cabelos vermelhos e uma aura de loucura com insegurança que ele emanava, nunca o viu como uma garotinha, pelo contrário. Era lindo ver aquele homem feliz, gostaria de poder continuar com aquela visão, sem descobrir nada pior sobre o humano.

Pôde ouvir Vanitas gritando ao fundo, percebendo que seus dez segundos de paz já acabaram. Sentiu sua visão embaçando ao se levantar, mas preferiu pensar que apenas subiu rápido demais. Parou por algum tempo, respirando fundo e tentando ficar presente no local.

Tudo bem, Vanitas estava próxima aquela máquina semelhante a um piano, Noé carregava Jean-Jacques e os dhampiros procuravam o livro de vanitas. Um estalo em sua mente, seu relógio já deveria estar funcionando.

E Chloé, quase tinha se esquecido dela, ou da dor que ela causava em você. Chloé, Jeanne, Astolfo, Vanitas e até mesmo Noé. Por que todos alí te lembravam do seu passado, estava tentando fugir das lembranças, daquela angústia que nunca se foi realmente.

"Chloé a chamou de 'lágrima divina'". Jean-Jacques disse a Vanitas, estava quase chegando ao moreno quando Noé correu a procura do livro enquanto Vanitas se desfez do cobertor e subiu a manga do casaco, quando ele estava prestes a retirada a luva você segurou o braço do moreno.

"Nem mesmo pense nisso.". Disse olhando para frente, não poderia olhar nos olhos dele agora, pegou seu relógio de bolso e o entregou a Vanitas, que pôde ver uma luz azul saindo dele. O puxou pelo laço e colocou o moreno de pé, longe do banco do piano.

"Siga e ache o livro, eu cuido disso.". Uma voz tão baixa que poderia nem ter sido ouvida, mas ele não teria tempo de responder. Você já estava se debruçando sobre o piano, trazendo à tona o que ignorava. A umidade em seu rosto, as lágrimas tão azuis quanto a lua.

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⋰⋱⋰Notas🦋⫻ O nome desse cap é muito engraçado, não acha? Eu avisei que teria drama, mas isso é só o começo. Percebi que minha escrita é meio confusa, como se uma cena não se ligasse a outra, vou tentar melhorar.

Obrigada por ler até aqui, se achou algum erro me diga, por favor.

Sete Dias Para Te EsquecerOnde histórias criam vida. Descubra agora