Aquele que nunca sorri.
S/N? Esse era o nome daquele corpo? Qual o motivo da careta ao ser chamada assim? Caminhou até o estabelecimento, que mais parecia uma mansão, não precisava fazer nada, aquele corpo andava por si mesmo e você apenas coexistia dentro dele. Como um espectador.
Entrando em uma sala repleta de instrumento clássicos, pôde notar uma figura esguia e ruiva. Uma mulher. Aila.
Com um pé na frente do outro, uma das mãos na barra do vestido, o elevando na lateral do corpo, e uma curvatura média da coluna, o corpo se manteve por algum tempo. Recebendo o mesmo gesto de cumprimento."Bem vinda, Senhorita Robinson. Vamos começar a aula?". A moça disse, com uma voz rígido e ao mesmo tempo calma. Algo que mudou para um tom mais amável quando a porta foi fechada. "Escolha um instrumento."
A memória estava no ponto de se abrir, como se faltasse apenas um empurrão para descobrir o que estava fazendo alí, presenciando a história de outra pessoa. Vivendo outra realidade. Algo que foi exposto quando suas mãos tocaram o violino, quando aquele delicado e desafiador instrumento teve as primeiras notas a se soltar pelo cômodo.
Nada com o qual pudesse parar, era uma forma de êxtase, um sentimento de paz, a liberdade nas notas musicais, você apenas viajava junto aquela música. Tocando dentro da partitura, ainda assim, no seu ritmo. Uma melodia totalmente diferente para você. Um romance escondido, um mundo esquecido, um lugar para onde você deveria voltar.
E onde era? Seguindo pela notação musical, mesmo após o término da aula, era difícil deixar de sorrir quando saiu do cômodo instrumentado, a melodia ressoava por todas as paredes daquela mente. Um momento perdido, quando recebeu olhares de reprovação do Chofer e da empregada, Isabeu. Esse era o nome dela.
"Senhorita. Seguiremos para uma acomodação diferente." A empregada novamente. Já era quase normal ouvir a voz dela.
Você era S/N Robinson. Herdeira da família Robinson. Com um legado tradicional e conservador, constantemente observada. Uma adolescente de 18 anos com a obrigação de ser a melhor. E você era, não por querer, mas por ter sido ensinada a ser. Sem escolha para falhar em algo.
Seus pés pararam ao encarar um quarto escuro que te aguardava, seus calcanhares viraram em direção ao corredor, prontos para se retirar dalí. Mas você estava sem tempo, quando a empregada empurrou o corpo frágil de S/N dentro do cômodo e fechou a porta.
"Sinto muito, Senhorita. Apoie as mãos na mesa, é hora de colocar o espartilho.". Dessa vez, estava começando a odiar a voz daquela mulher.
Após gritos de dor, que poderiam ser ouvidos de fora do quarto, e antes da perca do oxigênio, o que levou a uma dor ainda mais intensa na cabeça e corpo, S/N teve aula de etiqueta. Dança, e por fim, pintura. A melhor aula do dia, a última, depois de ter sido orbigada a andar com livros sobre a cabeça, partir o bife sem se inclinar, rodopiar pelo salão sem pisar no pé de alguém ou perder o equilíbrio.
Em um momento do dia onde não sentia nada pelo corpo, nem mesmo o estreitamento das costelas te incomodava, a única coisa que existia naquele momento era você, uma tela semi pintada e um conjunto de tintas.
O azul escuro que se assemelha ao céu noturno que nunca teve a chance de reparar, o roxo que te fazia pensar na imensidão de sentimentos que nunca vivenciou. O preto e o branco, cores opostas e que mesmo assim, davam o ar final que sua pintura precisava.
Estava prestes a terminar quando passos rápido pelo corredor fizerem o pincel despencar até o chão, manchando o carpete com vermelho. Algo ruim estava por vir, era nítido pelo frio na espinha, como se um cubo de gelo tivesse sido derramado para dentro do vestido. Um frio gélido adentrou pelas paredes, algo que se intensificou quando o local foi invadido.
"A Senhora deseja te ver.". Uma ordem, não um perdido. Aquela serviçal negra carregava um olhar de desprezo no rosto.
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⋰⋱⋰Notas🦋⫻ O que estão achando? Gosto de saber teorias. Vou tentar explicar as coisas, embora eu queria voltar na história da Remy em outra ocasião. Saudades do Vanitas.Obrigada por ler até aqui, se achou algum erro me diga nos comentários. :3
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Sete Dias Para Te Esquecer
أدب الهواةEM HIATUS INDETERMINADO ╭─░🌕㊘𝖲𝗂𝗇𝗈𝗉𝗌𝖾𓊝୭̥ ‣ "Sempre que eu olho pra você meu coração dói". Você começou, mesmo não sabendo como começar. "Hum?". Essa foi a resposta dele, mas você não se deixaria abalar pelo rosto confuso que ele deveria es...