Amizade

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  Ela encarou o teto com desgosto por algum tempo antes de sair da cama.

Ficar trancafiada dentro de casa não adiantaria muita coisa.

Ela desceu a escada e foi rumo à porta, abrindo-a aquela chuvinha não a impediria de sair.

— Está chovendo, Leah. — disse Sue.

— E?

Sue impertigou-se pela reação da filha e cruzou os braços.

— Você não pode sair.

— Sou bem grandinha para se preocupar comigo. — sem dar tempo de resposta para sua mãe ela saiu correndo de encontro à chuva.

Seus pés doíam em contato com o chão, foram tanto tempo sem correr em sua forma humana que já nem sabia qual era a sensação — sobretudo, era maravilhoso.

As lembranças corriam em círculos em sua mente, fazendo-a gritar e aumentar o ritmo.

Ao chegar no alto do penhasco ela fechou os olhos e pulou.

Sem dúvidas aquela era a melhor coisa que estava fazendo.

Ela por muito pouco se esquecia de como era gostoso correr contra o tempo, saltar de penhasco e se molhar de algo que não fossem suas lágrimas.

Ela nadou a margem e saiu da água.

Suas retinas queimaram ao ver a última figura a querer ser vista naquele momento.

Leah apertou o passo para poder embora tentando chamar o mínimo de atenções possíveis.

— Aí, Leah! — o grito de Quil a fez bufar.

— Me esquece, Ateara. — rosnou sem sequer virar-se para olhá-lo.

Ela podia ouvir os passos dele no seu encalço.

— Eu estou meio fora de forma, pode andar mais devagar?

Leah bufou e se virou.

— O que você quer?

Quil ergueu o dedo pedindo um minuto para recompor sua respiração.

— Os caras compraram pizza e estão indo para a casa do Paul. Estão chamando você.

Será que ela tinha que desenhar que não se dava bem com o idiota do Paul e que não iria concordar em ficar no mesmo ambiente que ele?

— Nem a pau que eu vou lá.

— Qual é, Leah. É só pizza.

— Eu odeio pizza e odeio o Paul. — indagou com recusa.

Ela virou-se na intenção de ir embora, mas Quil novamente a seguiu.

— Não, você odeia o Sam. — Quil havia mesmo perdido o medo de morrer, mas ele não estava errado, então ela baixou a guarda. — Desculpe. Você não faz o tipo de garota que fica enfiada na fossa.

Pelo menos uma vez na vida esse garoto dizia algo que fazia sentido.

— E o quê você entende disso? — o questionou.

— Em todo caso... — insistiu o Ateara. — Se quiser, aparece lá.

Leah não declarou sua resposta a respeito, apenas deu às costas ao garoto e foi embora.

Tudo bem, seria só uma pizza mesmo. O que poderia dar errado?

As horas longe de casa lhe fazia um tremendo bem — não ouvir a voz de sua mãe, não ter o desprazer de ouvir as ladainhas de Seth, lhe proporcionavam boas sensações.

IMPERMEÁVEL- LEAH CLEARWATER Onde histórias criam vida. Descubra agora