Ela quis amassar a bandeja na cabeça do cliente que a assediou antes de ir embora. Ela não achava que aquele lugar recebia tantos clientes nojentos como aquele.
Ela encarou o céu pela janela, o dia parecia não passar, ficava sempre atolado naquele clima úmido.
O entra e sai dos clientes lhe dava tontura, lhe deixava visivelmente irritada, mas estar ali era mil vezes melhor que em casa ou na reserva na companhia dos mesmos rostos — ela já tinha até se esquecido de como era a interação com outras pessoas.
Seus pensamentos vagavam de um canto a outro, enquanto acompanhava o corre-corre das pessoas do estacionamento para o interior da lanchonete, em busca de um lugar quentinho para se esconder da chuva.
Ela poderia estar no campus da universidade neste exato momento, ou em um apartamento qualquer, vivendo a vida que de fato merecia — dali a dois, três anos, talvez ela conseguisse abocanhar outra oportunidade que lhe surgisse e desta vez não desistiria por tão pouco.
Aos poucos o dia morria, e, com ele suas horas de trabalho.
Ela estava esgotada tanto fisicamente e psicologicamente.
Por pouco lembrou-se do pedido de Jacob e riu consigo mesma, indo na direção da cozinha, onde estava Stan fritando pastel.
Leah se apoiou no balcão, olhando a cumplicidade de Big Stan e sua esposa Blue, aquela cena não lhe causou uma sensação agradável, mas também não foi tão ruim quanto poderia ser.
— Oi, querida. — o sorriso cheio de rugas da senhora, encheu os olhos de Leah de uma emoção nunca antes sentida. — Quer um?
— Na verdade eu queria outro daquele de ontem... — Leah não tinha muito jeito com palavras, não sabia ser sutil, tampouco educada quanto deveria.
— Imagina. — disse a mulher com simpatia. — Big Stan já vai preparar para você.
— Será que pode pôr mais cheddar e batatas fritas, Big Stan?
O homem gargalhou e assentiu.
— Ou a mocinha gostou do meu Big Hambúrguer ou quer agradar o namoradinho? — brincou o homem de avental, pilotando o fogão a alguns metros dela.
Blue o olhou com repreensão e seriedade.
— Não ligue para ele, querida.
Leah apenas assentiu e aguardou.
— Acrescentei mais um, por precaução. — avisou Big Stan, acenando para Leah com a escumadeira.
Leah relevou a piada do homem indireta do homem e virou-se para Blue, que andava em sua direção com dois saquinhos com os hambúrgueres.
— Aqui está, meu bem. — a mulher lhe estendeu o lanche, o cheiro estava mais que maravilhoso.
Leah estava com tanta fome naquele momento, o cheiro estava tão istigante, talvez ela pensasse em deixar Jacob sem hambúrguer porque ela devoraria os dois sem o menor problema.
A Clearwater sorriu agradecida para Blue, que tocou seu queixo.
— Você tem um sorriso tão bonito, tente sorrir mais, querida.
Leah mordeu o lábio inferior, era a primeira vez que alguém elogiava seu sorriso.
— Até amanhã, Blue. — foi tudo que ela conseguiu pronunciar naquele momento, antes de sair.
— Essa garota parece estar lidando com sérios problemas. — ela pôde ouvir a voz de Big Stan, sussurrando atrás de si.
— Não meta o bedelho onde não foi chamado, Stan. — defendeu-a Blue.
Leah sorriu com o ralhar da mulher e avançou para fora da Lanchonete, grata pela chuva ter dado uma trégua.
Jacob não estava na oficina quando ela chegou à reserva.
— Ele está em casa. — ela virou-se alarmada e viu Harry com sua espingarda, na certa iria caçar com Charlie.
Leah agradeceu seu pai e andou passos largos e firmes até a casa de Billy.
A insegurança com a qual seus dedos bateram contra a madeira da porta, foi de forma alarmante.
— Oi, Billy. O Jacob está em casa?
Billy Black a olhou desnorteado, na certa se perguntando o porquê de ela estar ali em sua casa, batendo em sua porta, perguntando sobre o paradeiro de seu filho.
— O Jacob? — o homem pareceu acordar para o que ela havia perguntado, checando o que ela tinha em mãos. — Está. Ele está no quarto dele.
— Obrigada, Billy. Com licença.
Era a primeira vez que ela estava entrado naquela casa, pelo menos a primeira vez depois que Rachel zarpou daquela reserva para a cidade grande — sortuda.
Desconfiada ela bateu na porta do quarto do quileute, ouviu-o chingar, ao mesmo tempo que gritou um "entra" .
— Esse é o carro? — caçoou, vendo-o compenetrado na partida de carros no videogame.
Jacob pausou a partida e virou-se para ela, sorrindo.
— Trouxe mais batatas fritas? — os olhos dele recairam sobre os saquinhos nas mãos dela.
— Oi, Jacob. Estou bem, valeu por perguntar. — resmungou ela, entregando-lhe seu hambúrguer.
— Não perguntei exatamente por ver que você está bem.
— Desde quando tem um? — perguntou, se sentando na cama dele e apontando para o visor.
— É do Quil, tenho que devolver depois. É só um teste drive.
Leah assentiu, enquanto comia seu hambúrguer.
Ele não estava bem, apesar do fingimento, ela não era tonta a ponto de não perceber.
— O que te deu agora? — questionou Leah.
— A Bella.
— Quem é Bella?! — impertigou-se.
— A filha do Charlie. — esclareu Jacob.
Ela soube pela rádio peão chamada Seth sobre a chegada dessa garota à cidade, mas não tinha tido o desprazer de cruzar com ela e tampouco fazia questão de conhecê-la.
— Ah, a branquela que Seth vive tagarelando. — Jacob deu um sorrisinho meia boca pelo adjetivo usado por ela. — Mas o quê tem ela?
— Está namorando.
— Namorando? E daí? — questionou, dando de ombros. Leah só parou para raciocinar quando notou o semblante angustiado de Jacob. — Que azar.
— É, muito azar. — concordou o quileute, exasperado. — É uma merda! Essa coisa de imprinting não serve de nada!
— Agora que descobriu isso?
Jacob bufou, contrariado.
— Não dá para piorar, dá?
Ela soube que aquela era uma pergunta retórica e apenas voltou sua atenção para seu lanche.
— Bem-vindo ao meu mundo, Black.
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IMPERMEÁVEL- LEAH CLEARWATER
Hombres LoboQue o imprinting era uma maldição ninguém concordava - Ele só servia para dar finais felizes aos garotos. Quem inventou essa merda na certa deveria ter sido um machista escroto.